Ícaro Silva falou sobre as mudanças em seu cabelo e exaltou o seu pai
O ator Ícaro Silva foi um dos muitos artistas que usou as suas redes sociais para falar sobre o racismo, assunto que está sendo muito abordado nos últimos dias após a morte de George Floyd, um homem negro que foi morto asfixiado por um policial, nos EUA.
Em seu longo desabafo, o artista falou sobre o seu cabelo e o fato de não usa-lo como sempre quis antigamente. Além disso, ele exaltou a força do seu pai, que atualmente está com 70 anos, em viver nesse 'inferno que é o Brasil'.
"Meu cabelo é uma das maiores belezas que eu encontrei nessa vida. E não falo só dessa plástica nobre e impecável que ele imprime ao meu rosto, acentuada pela robustez da minha belíssima barba, sem falsa modéstia, mas da liberdade que existe nessa volumosa e macia esfera de pequenos, cheirosos e grossos cachos negros", começou.
Em seguida, Ícaro lamentou o fato de não usar seu cabelo natural aos 13 anos: "Ícaro de 13 anos sente uma fisgada de dor quando pensa que não teve esse cabelo. Porque não podia, “não era bonito”. As pessoas na escola xingariam. Minha irmã já tinha que prender o cabelo (absolutamente perfeito), o meu era melhor nem deixar crescer. Deixei a contragosto, aos 15, para fazer um trabalho, que não trouxe muito, mas trouxe tudo. Nunca mais esqueci desse encontro".
O artista também falou sobre um presente que ganhou do seu pai: "Ali estava a literal coroa de liberdade e beleza que orientaria muitos dos meus passos. Meu pai me deu então um objeto que eu já conhecia, mas que não tinha como fazer parte do meu cotidiano até ali. Esse garfo da segunda foto ele fez com as próprias mãos, nos anos 70, quando era mais jovem do que sou hoje e cantava à frente da “Quinta Dimensão”, sua banda de covers com rapazes pretos que foram empurrados em direções muito diferentes das de seus sonhos."
"Que lindo meu pai (lindo mesmo, ele é gato real) foi e é ao me dar esse instrumento de pura liberdade. Eu concordo com a Nina Simone quando ela diz que “Liberdade é não ter medo”. É difícil ser livre e preto. Sempre difícil. Que duro é ver o genocídio da nossa gente e a face podre e pestilenta do racismo surgindo impunemente na figura de assassinos a serviço do Estado."
No final, ele apreciou a história do seu pai e mostrou-se muito orgulhoso: "Meu pai, você me inspira a viver muito e a gerar outros frutos como eu, naturalmente coroados. Esse poderia ser um post para respirar no caos, rebatendo o fascismo com beleza, que é o que tenho tentado para manter a saúde mental, mas é na real um post de apreciação ao meu pai, que sobrevive como homem preto há quase 70 anos nesse inferno que é o Brasil."
Confira:
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