Em entrevista à CARAS Brasil, a terapeuta Marina Vasconcellos aborda pontos importantes que ajudam a construir um casamento feliz como o de Tony Ramos
Casado há 58 anos, Tony Ramos (75) se emocionou ao falar sobre a relação com Lidiane Barbosa, na primeira entrevista após passar por duas cirurgias na cabeça. "Eu e ela somos um corpo só", declarou o ator, de mãos dadas a amada, durante entrevista ao Fantástico, no último domingo, 26. A admiração do artista por sua esposa repercutiu bastante nas redes sociais e reacendeu uma questão: como manter um relacionamento amoroso com carinho, respeito e admiração mútua por tantos anos?
Em um bate-papo com a CARAS Brasil, a psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casal, revela alguns pontos importantes sobre como manter um casamento saudável e feliz. Mas a especialista começa ressaltando que não existe nenhuma fórmula mágica para manter um amor por tantos anos, para manter a chama de uma paixão acesa.
“Até porque a chama da paixão se apaga. A paixão não dura. Ela é um início que faz as pessoas quererem estar juntas, quererem se ver, quererem aquela saudade, para justamente estando juntas, construir um vínculo. E esse vínculo pode se transformar no amor ou acabar, ou realmente não virar um relacionamento duradouro. Mas é preciso muito respeito de ambos os lados, admiração”, diz.
Segundo Marina, quando você deixa de admirar o parceiro, não tem mais nada que resolva, acabou a relação. “Você precisa admirar o outro e precisa ter um respeito pela individualidade, espaço para a individualidade de cada um, ter um, o outro e ambos. Cada um tem que ter o seu espaço, e o casal um espaço em comum. Não dá para fazer tudo junto só porque é um casal. É importantíssimo o espaço da individualidade de cada um. E a parceria, nos momentos que tem que fazer junto. Vamos lá, estamos juntos! Então, colaboração, cooperação”, fala.
“Quando você sente que o outro está precisando de você: pode falar, pode contar comigo. Que, aliás, é uma das coisas que a gente quer quando está em uma parceria. Eu quero ter alguém para contar, que possa me ajudar quando eu estiver em perrengue ou em momentos felizes, que vou ficar mais feliz ainda de estar acompanhado. Tolerância. Tolerância com coisas que são chatas, às vezes. Todo mundo tem suas chatices, né? Saber relevar aquilo que não vale a pena discutir, que não vale a pena gastar energia com aquilo. Deixa passar, tudo bem, vai, não tem problema”, emenda.
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De acordo com a terapeuta, cuidar um do outro é muito importante. “Ter muito afeto, se tratar com respeito e afeto. Gentileza. A gentileza é tudo, né? O carinho entre o casal é muito importante. Eles têm que se olhar como parceiros e não como rivais. Eu, como terapeuta de casal, vejo muito isso. Não dá para ter competição entre um casal. Encarar que ambos estão ali porque querem estar juntos e são parceiros. Então, não ficar competindo, não querer ganhar do outro. Porque eles estão no mesmo nível da hierarquia”, destaca.
SEXUALIDADE EM FOCO
A sexualidade não pode ser deixada de lado, salienta a psicóloga. “Falar sobre isso, estar aberto para novas experiências, entre si, conversar, garantir momentos de romantismo (...) Porque, obviamente, esses momentos, a sexualidade vai diminuindo com o tempo, no casamento, e você precisa alimentar. Precisa de uma chama sempre ali acendendo. Criando momentos românticos, clima romântico, pra que isso não acabe, pra não se deixar levar pela rotina, falar sobre isso. Enfim, tem muita coisa que envolve uma relação a dois pra ser boa”, explica.
O diálogo também é muito importante. “Sempre! Numa relação a dois, saber dialogar, um ouvir o outro. Não ficar se acusando quando tem algum problema, falar mais de si e não tanto do outro, mostrar para o outro as suas necessidades, o que você precisa, o que é importante para você, dizer quando algo não está te satisfazendo, não está te deixando feliz (...) Saber falar para o outro, mas com jeito, com cuidado (...) Tem tanta coisa que envolve uma relação a dois. Então, a fórmula mágica não existe. Infelizmente, ou felizmente. A gente tem que construir essa relação”, pontua.
SABER LIDAR COM A ROTINA
Em muitos casos, a rotina de um casal pode ser o verdadeiro vilão da história, contribuindo para brigas e desentendimentos sem fim. “A rotina pode ser pesada para ambos os parceiros. Quando tem filhos, então, complica mais. A gente se cansa muito. Você tem que trabalhar, tem que ganhar dinheiro, tem que pagar as contas. Essa rotina realmente pode acabar com muitos relacionamentos. Quando você não sabe lidar, tende a acabar. Então, se você está percebendo que o outro está descontando em você algo, está muito irritado e chega em casa do trabalho já xingando, te trata mal, está errado. Não é para ser por aí”, alerta Marina.
“O relacionamento tem que ser justamente o apoio. Eu vou chegar no outro e ele vai me ajudar, ele vai me acolher, vai conversar, vai me ajudar a aliviar a tensão. Se isso não está acontecendo, busque uma terapia de casal, conversa. Se você não conseguir conversar com o parceiro, busque uma ajuda porque isso não pode acontecer. O saudável é que um apoie o outro, que um acolha o outro e não que desconte no outro, porque o outro não tem que ser submisso e você não pode ser agressivo com o outro. O respeito tem que imperar. Então, se está acontecendo alguma coisa de impaciência, de agressões repetidas, constantes, não está certo, procure ajuda profissional”, finaliza a terapeuta.