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Atualidades / FAMÍLIA

Casamento não-monogâmico como o de Eduardo Sterblitch pode afetar na criação dos filhos; entenda

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Alessandra Araújo explica como lidar com a situação de forma natural para evitar conflitos familiares

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos
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Publicado em 14/06/2024, às 19h09 - Atualizado às 19h48

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Eduardo Sterblitch e Louise D'Tuani - Cassiano de Souza / Divulgação
Eduardo Sterblitch e Louise D'Tuani - Cassiano de Souza / Divulgação

Eduardo Sterblitch (37) revelou ter vivido algumas experiências no casamento com a esposa, a atriz Louise D'Tuani (35), durante o Papo de Segunda, no GNT. Ele disse que começou a refletir sobre a poligamia depois que uma amiga da artista pediu para beijá-lo em uma festa. O assunto repercutiu bastante na internet. Pensando nisso, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga Alessandra Araújo para saber se o relacionamento não-monogâmico pode afetar, de alguma forma, na criação dos filhos. Eduardo e Louise, por exemplo, são pais de uma menino, de 1 ano.

Segundo a especialista, ao contrário do que a maioria pensa, as crianças conseguem perceber tudo o que acontece a sua volta. “Claro que, muitas vezes, elas não têm a maturidade para poder entender o contexto da estruturação familiar, mas a partir do momento que a criança começa a conviver com outros coleguinhas, com outras pessoas, começa a verbalizar, a falar, contar, porque criança também fala do ambiente familiar (...) É claro que não fala de uma forma muito clara, é uma forma muito mais lúdica. E aí, ela consegue perceber que a mamãe ou o papai tem mais uma outra pessoa e começa a ter também angústias. Porque se eu vejo que a família é papai e mamãe, ou papai e papai, ou mamãe e mamãe, e não tem mais uma terceira pessoa ou quarta pessoa envolvida, ela já está ali trabalhada na mentezinha dela a estrutura, o lar dela”, explica.

“Só que quando começa muitas vezes essa movimentação, que a gente entra no relacionamento não monogâmico, a criança começa a ter dúvida, a ter questionamentos e muitas vezes pode trazer angústia. Uma coisa que eu sempre falo para os pacientes que me procuram dentro desse contexto, dentro de um contexto de trisal, dentro de um contexto de relacionamentos não monogâmicos, é tirar e sanar a dúvida da criança daquilo que ela precisa e necessita saber naquele momento (...) É igual quando chega a hora dela ficar sabendo sobre a sexualidade”, emenda a psicóloga.

Alessandra ressalta que, muitas das vezes, a criança só quer saber sobre o sexo. “Aí, o pai fica todo desesperado. E muitas vezes, a criança só quer entender porque escutou lá na aula de ciências, sobre o sexo masculino e o sexo feminino. Então, tem que ter essa tranquilidade, ter essa calma para poder virar e perguntar para a criança, onde é que você escutou sobre isso? Por que você está com essa curiosidade? Deixa eu entender o que você precisa saber?”, fala.

“A partir do momento em que a criança consegue entender que ela está no lugar onde nada é escondido dela, onde é um lugar seguro, é um lugar estável, ela também se desarma, ela não fica no mundo da fantasia. Porque a criança, o desenvolvimento psicomotor e psicocognitivo da criança, vem muito do processo da imaginação, porque são atos que permeiam a mente dela, mas que só lá na frente ela vai entender que aquilo é sim daquela forma. Então, quanto mais a criança tiver as dúvidas dela sanadas dentro da idade, dentro da percepção e da necessidade emocional dela, mais tranquila ela vai ser”, continua.

A especialista conta que, muitas vezes, é questionada se esse tipo de relação vai gerar consequências negativas no desenvolvimento da sexualidade da criança, ou há probabilidade de ter um filho que não terá limites quanto à sexualidade ou quanto à orientação sexual. “Não, não vai ter. Porque quando eu tenho um relacionamento monogâmico, a gente entende que são pessoas que também têm uma cabeça, uma mente mais aberta. Então, o que ela faz? Ela possibilita essa conversa, esse passear, esse sanar as dúvidas. E sexualidade, orientação sexual não tem nada a ver apenas com o contexto de convivência social”, destaca.

“Existem sim, já atendi dentro do campo da sexologia, algumas pessoas que desenvolveram uma homossexualidade muito moldada por causa de um abuso sexual. Mas eu também falo que é um número muito, mas muito reduzido de pessoas que vão para o outro sexo para poder se proteger, como mecanismo de defesa. Então, a pessoa ela é homossexual, ela nasce homossexual. Então, existem muitos medos e eu sempre falo cada caso é um caso, cada situação é uma situação, cada família é única”, completa a especialista.

Para Alessandra, procurar ajuda de um profissional é fundamental: “E levar essa criança também, para que ela possa falar, se ela não tiver essa liberdade, se ela não consegue verbalizar com a família. É o caminho para poder trazer uma saúde mental e uma naturalidade, porque está tudo bem. Todos os modelos de relacionamento estão tudo bem, todos os modelos de família (...) A partir do momento onde todos que estão ali inseridos, envolvidos, eles respeitem, eles entendem o limite que o outro tem”.

De acordo com a psicóloga, uma criança que é educada num ambiente de muitas interrogações, de muitos mistérios, de muita coisa obscura, ela tende a desenvolver um processo de ansiedade. “E aí, a gente vê uma criança que muitas vezes na escola se comporta de uma forma agressiva, uma criança que muitas vezes se alimenta de uma forma mais exagerada, uma criança que muitas vezes se retrai totalmente, que se fecha, se cala”, pontua.

“Então sempre, sempre, sempre priorizar o que aquela criança ela tá se manifestando emocionalmente. A partir do momento onde a gente consegue observar e olhar os membros da nossa família, a gente tem uma tranquilidade e uma certeza que a gente vai conseguir perceber quando algo de errado tá acontecendo ali na cabecinha, principalmente da criança”, finaliza Alessandra.