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Atualidades / 'TRABALHO INVISÍVEL'

Artista Tainá Guedes traz para o Brasil exposição com Vanessa da Mata e Bela Gil

Após exibição no México, exposição que convida à reflexão sobre o trabalho frequentemente realizado por mulheres, em tarefas domésticas, cuidados com a família e práticas sustentáveis chega a Brasília

CARAS Brasil Publicado em 07/04/2025, às 16h10 - Atualizado às 16h11

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A atriz traz uma exposição com Vanessa da Mata e Bela Gil para o Brasil - Divulgação
A atriz traz uma exposição com Vanessa da Mata e Bela Gil para o Brasil - Divulgação

Com o apoio da Senadora Mara Gabrilli, membro do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e a Galeria L, a exposição Trabalho Invisível, da artista brasileira Tainá Guedes, chega ao Espaço Cultural Ivandro Cunha Lima, no Senado do Congresso Nacional, em Brasília, entre 23 de abril, com abertura às 9h30, e 8 de maio de 2025. Após sua estreia na Galeria L, na Cidade do México, em fevereiro e março de 2024, a mostra amplia o diálogo social e político, incorporando vozes brasileiras como Vanessa da Mata (49) e Bela Gil (37), além de performances, atividades interativas.

Curada por Mônica Martinez e promovida em parceria com a Banana Contemporary, a exposição convida o público a refletir sobre o trabalho invisível que sustenta a sociedade – frequentemente realizado por mulheres em tarefas domésticas, cuidados e práticas sustentáveis. Ao ocupar o coração político do Brasil, Trabalho Invisível se transforma em um manifesto, conectando arte e ativismo para dar visibilidade às desigualdades estruturais que moldam nosso cotidiano.

A mostra utiliza materiais reciclados e objetos do dia a dia, uma característica marcante do trabalho de Tainá Guedes, que explora a interseção entre arte, alimentação e sustentabilidade. Com a participação de personalidades como Vanessa da Mata e Bela Gil, abordando questões de alimentação e sustentabilidade, a exposição ganha camadas de expressão cultural e social.

A perspectiva eurocêntrica e patriarcal sobre o trabalho do cuidado feito pelas mulheres é completamente funcional à ampliação do sistema capitalista. Caso continue sendo visto como uma grande expressão da generosidade feminina — ou como uma obrigação intrínseca à mulher —, o cuidado jamais será considerado um trabalho. Essa visão é a responsável pela culpa que muitas de nós sentimos quando pensamos que a nossa dedicação em cuidar da casa, da família e dos filhos merece ser valorizada e remunerada. A nossa generosidade sempre foi enaltecida para que ficássemos satisfeitas em servir, e orgulhosas da nossa doação. Mas todo o universo feminino sente na pele e na mente o fardo de carregar essa culpa.
Foto: Luis Hernandez
Foto: Luis Hernandez

A programação reúne especialistas, ativistas e parlamentares para debater políticas públicas que valorizem o trabalho invisível e promovam a inclusão social e a sustentabilidade.

Trabalho Invisível transcende o espaço da galeria para se tornar um movimento, conectando vozes e histórias em uma proposta de transformação social que une arte, política e cultura.

A Performance “Sangre de mi Sangre”, com Colectiva Hilos, em homenagem a vítimas de feminicídio irá acontecer na Praça dos Três Poderes no dia 28 de abril. Durante a performance, as pessoas são convidadas a tecer um fio vermelho que se assemelha à fios de sangue.

No dia 8 de maio, dia do encerramento do evento, a artista Tainá Guedes irá entregar pequenos papéis aos visitantes do Congresso, com frases que traduzem a importância da obra Trabalho Invisível. Esses papéis representam simbolicamente um alimento para o pensamento: um alimento simbólico. Como por exemplo:

• Mães solteiras enfrentam 50% mais insegurança alimentar, segundo a pesquisa da US DEP. of Agriculture em 2021. Como podemos garantir que mães solteiras tenham dignidade, segurança alimentar e suporte necessário para criar seus filhos em um ambiente saudável e sustentável.
• Segundo um relatório da ONU de 2016, 70% das pessoas que enfrentam a fome no mundo são mulheres e meninas. Como podemos transformar o trabalho invisível das mulheres em uma força reconhecida e valorizada? Como garantir que aquelas que nutrem o mundo também sejam nutridas?
• De acordo com uma pesquisa da Statista de 2016, 66,6% do trabalho não remunerado no mundo é realizado por mulheres e meninas. Por que o trabalho essencial para a vida continua sendo invisível? Como podemos transformar essa realidade para que mulheres e meninas tenham igualdade de oportunidades?
• A pesquisa da Office for National Statistics (ONS) do Reino Unido, publicada em 2016, revelou que as mulheres realizam, em média, 60% mais trabalho não remunerado do que os homens. Como podemos valorizar e redistribuir esse trabalho? Como transformar a sociedade para que as mulheres não tenham que escolher entre alimentar suas famílias e garantir sua própria subsistência?

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

- 23/04, 9h30 – Abertura 

- 24/04, 10h00 – Conversa online 

- 28/04 – Palestras e discussões online

- 08/05 – Performances + encerramento

O trabalho invisível realizado por mães é uma força silenciosa que sustenta famílias e comunidades, especialmente no que diz respeito à alimentação e à sustentabilidade. Globalmente, as mulheres são responsáveis por cerca de 75% das tarefas domésticas, desempenhando um papel essencial na escolha e preparo de alimentos. Ao priorizarem produtos frescos, locais e estratégias de reaproveitamento, ajudam a combater o desperdício de alimentos, que representa cerca de 1/3 de toda a produção global, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). No entanto, esse esforço raramente é reconhecido ou remunerado, perpetuando desigualdades sociais e econômicas.

No Brasil, mulheres negras e indígenas são as mais impactadas por essa desigualdade, sendo guardiãs da biodiversidade alimentar e protagonistas na luta pela sustentabilidade. Muitas lideram iniciativas comunitárias que promovem o reaproveitamento de alimentos e a segurança alimentar, desafiando estruturas históricas de opressão.

Reconhecer e apoiar esse trabalho invisível é essencial para a construção de um futuro mais justo e sustentável, onde a arte pode desempenhar um papel fundamental na conscientização e na transformação social.