Dor de cabeça muito intensa pode ser sintoma do aneurisma cerebral
por Jorge Roberto Pagura* Publicado em 09/08/2010, às 18h46 - Atualizado às 18h46
Aneurisma é a dilatação anormal de uma artéria. Em geral se forma em um local onde se inicia uma artéria menor por fraqueza dos tecidos. Pode ocorrer em qualquer parte do organismo, mas é mais frequente no cérebro.
O aneurisma cerebral manifesta-se mais na população feminina. Dados da Universidade da Califórnia revelam que ocorrem todo ano nos Estados Unidos cerca de 30000 novos casos. A doença pode manifestar-se em qualquer fase da vida. É mais comum, porém, entre os 50 e os 60 anos. A causa principal é congênita, ou seja, a pessoa nasce com alteração na estrutura vascular, onde se formará o aneurisma. Estão mais suscetíveis portadores de hipertensão arterial e de diabete, fumantes, alcoólicos e sedentários.
Aneurismas cerebrais, sobretudo os pequenos, às vezes nem dão sintomas. Os maiores podem causar dor de cabeça intensa, diferente das do dia a dia, visão dupla nos dois olhos, queda das pálpebras, em geral unilateral, e algum tipo de déficit motor. Quando se rompem e causam hemorragia, o sangue se mistura com o líquido cefalorraquidiano, que envolve o cérebro, provocando dor de cabeça súbita e intensa. A pessoa pode ter também náuseas, vômitos e rigidez na nuca. Dependendo da intensidade da hemorragia, às vezes há aumento da pressão intracraniana aguda, levando o paciente ao coma e mesmo à morte súbita. Cerca de 40% dos portadores não resistem à hemorragia e morrem, ou ficam com sequelas gravíssimas.
Aneurismas assintomáticos em geral são detectados ao acaso por ocasião de exames de imagem cerebrais. Pessoas que nunca tiveram dor de cabeça e têm, sobretudo se apresentam também visão dupla, queda das pálpebras e fraqueza muscular, devem consultar um médico. Isso vale também para quem não tinha nada e de repente começa a apresentar dor, em especial se tem 50 a 60 anos e está no grupo dos mais suscetíveis a apresentar aneurisma. Já pessoas que apresentam dor de cabeça súbita, sobretudo se acompanhada de vômitos ou de perda de consciência, devem ir logo a um pronto-socorro.
Se um médico suspeita de aneurisma, pode indicar a realização de angiografia por ressonância magnética do cérebro, que permite ver a situação das artérias, ou de angiotomografia com contraste, que permite ver o aneurisma. A tomografia computadorizada, enfim, pode diagnosticar, nos casos agudos, a hemorragia.
Aneurismas rompidos devem ser tratados logo para que não sangrem de novo. O tratamento é feito pelo neurocirurgião com microcirurgia tradicional, que fecha o aneurisma com um clipe de titânio, ou por cateterismo femoral, realizado pelo radiologista intervencionista através de embolização - consiste em introduzir um cateter na artéria femoral, na coxa, que leva um fio de platina pelas artérias cerebrais e o deposita no aneurisma, formando uma espécie de espiral para preenchê-lo.
Mas, mesmo que tudo seja muito bem feito, existem graves riscos no pós-operatório, como o vasoespasmo. Trata-se de uma vasoconstrição arterial causada pelos produtos derivados da degradação do sangue que pode trazer sérias complicações, até óbito, por diminuição do aporte de sangue e oxigênio ao cérebro. Na mão de neurocirurgiões experientes, porém, a porcentagem de êxito no tratamento dos aneurismas cerebrais é grande.
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