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Quem ama de verdade não deixa o outro à espera de suas decisões

Redação Publicado em 10/07/2012, às 12h09 - Atualizado em 13/11/2012, às 21h31

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O padre, professor e escritor mineiro Fábio de Melo (41) disse certa vez: “Você sabe que alguém te ama não pelo que ele fala, mas pelo que faz. O amor não sobrevive a teorias”. É verdade. O amor, por melhores que sejam as intenções, requer atitude e coragem para vivê-lo, senão dissolve-se como o gelo sob o sol.

Não têm futuro as relações em que um está sempre aguardando a ação do outro, em que uma parte do casal não faz nada para que o amor flua. Chamo a esse tipo de relação de “amor egoísta”: um se envolve pra valer e o outro só pensa na própria vida, esquecendo que o bemestar do parceiro também depende de suas escolhas.

Ao empurrar para o futuro decisões importantes para o casal, a pessoa empata a vida do parceiro. Vive dizendo: “Calma, assim que der eu vou me separar!”; ou “Eu tenho muita coisa importante para resolver antes de assumirmos nossa relação”; ou ainda “Assim que eu terminar os estudos a gente se casa”. Não pensa no sofrimento que é viver à espera, como o noivo ou a noiva plantados no altar, sem perspectiva da chegada do seu amor.

Conviver significa “viver com”. Mas só isso é pouco, é preciso viver junto e bem, olhando na mesma direção. Não adianta que os planos sejam os mesmos, é preciso que as ações e os investimentos na relação também sejam iguais, senão o que passa a alimentar o vínculo é a dor.

Quando duas pessoas se envolvem afetivamente, é preciso que se aliem. Não é à toa que a aliança simboliza a união. O círculo traz a ideia de continuidade. Mas, quando o movimento só se dá de um lado, a coisa desanda. Amores — e também amizades — só sobrevivem em vias de mão dupla.

Claro que nenhuma relação a dois está isenta de ressentimentos e frustação, mas é importante — e possível — que mesmo esses momentos sejam vivenciados de forma conjunta, chegando a desfechos positivos.

No amor egoísta a parceria é substituída pela covardia. Fazer escolhas é mesmo difícil, mas por outro lado será preciso coragem para assumir as consequências de não fazê-las no momento certo, porque o tempo passa e, como revela um provérbio chinês, “há três coisas que nunca voltam: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”

O que fazer, então? Tenho algumas sugestões:

1. Determine um prazo para as decisões. Quem muito espera, acaba perdendo-se de si mesmo e também perde a autoestima. Quem faz o outro esperar indefinidamente deve questionar se realmente ama.

2. Valorize-se. É preciso amar a si mesmo para poder amar alguém. Como ouvi o analista de sistemas carioca Eduardo Vasconcelos (32) dizer outro dia, “se não pensarmos primeiro em nós mesmos, como poderemos nos tornar fortes para quem amamos?”. Quem não tem amor por si corre o risco de deixar o egoísmo do outro inundar a relação.

3. Lembre-se de que a vida requer tanto escolhas quanto decisões. Isso é amadurecer. O sentimento que não consegue mover decisões pode ser tudo, até afinidade, mas amor certamente não é.

Disse o poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994) que “o amor é quando a gente mora um no outro”. Mas é preciso que a mágica se dê com os dois envolvidos. Quando um mora no outro e este, por medo, fica só do lado de fora, sem entrar pra valer na relação, é hora de parar e pensar se está valendo a pena.