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Os 90 anos bem vividos da diva Bibi Ferreira

Dois meses antes do aniversário, Bibi Ferreira estreia espetáculo: 'A saúde me dá o vozeirão'

Redação Publicado em 03/04/2012, às 11h44 - Atualizado às 12h03

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Em seu apartamento, no Rio, Bibi admira o Pão de Açúcar. - Selmy Yassuda
Em seu apartamento, no Rio, Bibi admira o Pão de Açúcar. - Selmy Yassuda

Prestes a completar 90 anos, em 1º de junho, a atriz, diretora e cantora Bibi Ferreira inicia as celebrações da data presenteando o público. Na sexta-feira, a diva estreia a temporada carioca do espetáculo Bibi, em que prioriza canções brasileiras, indo do samba de breque ao samba-canção. Mas não deixa de relembrar músicas da francesa Edith Piaf (1915-1963) nem da portuguesa Amália Rodrigues (1920-1999), já revisitadas por ela em outras montagens. Com o retorno aos palcos, Bibi também inaugura o Theatro NET Rio, antigo Tereza Rachel, em Copacabana. Fechado desde 2001, o espaço lhe traz recordações especiais. “Nele, vivi um grande momento com a estreia nacional de Gota d’Água, de Paulo Pontes e Chico Buarque”, ressaltou ela, em seu apartamento, citando a peça de 1975, marco de sua trajetória.

A vida e a carreira de Bibi, herdeira do ator Procópio Ferreira (1898-1979), misturam-se desde quando ela era um bebê. “Tinha três semanas de idade, quando sumiu uma boneca que deveria entrar em cena nos braços da Abigail Maia, vedete da companhia, na peça Manhãs de Sol, escrita pelo seu marido, Oduvaldo Vianna, meus padrinhos. Falaram: ‘Pega a filha do Procópio!’. Assim, entrei em cena”, lembrou Bibi, com plena noção das homenagens que deve receber este ano. Mas ela própria não planeja uma celebração à altura da sua importância para a nossa arte. “De vez em quando calha de os amigos virem aqui no meu aniversário. Mas não sou de grandes comemorações, levo vida simples. Quem planeja seus 90 anos (risos)? Ninguém. Deus me livre, que ideia mais triste! É uma estupidez uma mulher festejar essa idade”, disparou.

– Envelhecer a incomoda?

– Não, porque todos vão nesse caminho, mas é feio, uma decadência, coisa horrorosa. Agora, se fosse exclusividade minha, se só eu envelhecesse, seria um problema. Já pensou? E estou muito bem para a minha idade, meus dentes estão bons, tenho todos eles (risos).

– Qual a melhor coisa da vida?

– A confraternização com o ambiente artístico, por exemplo, quando você tem uma orquestra nova como vou ter agora, depois de anos cantando com um conjunto pequeno. É o maior presente que ganhei ultimamente.

– Que peças a marcaram mais?

– Tive muita sorte na carreira. Tudo foi um enorme sucesso. Dos primórdios, quando estreei com meu pai em comédias, até a primeira vez que fiz musicais americanos, como My Fair Lady e Hello, Dolly!. Depois vieram Brasileiro, Profissão Esperança e os espetáculos com repertório de Amália Rodrigues e Edith Piaf. Há 30 anos, vivo as custa de Piaf, até incluo sucessos eternizados por ela neste trabalho que vou estrear.

– Como mantém a vitalidade?

– Trabalho sempre, porque é a minha carreira, meu ganha-pão. Calha de ser um belo tipo de sobrevivência, onde lido com arte, luzes, poesia, grandes textos. Para isso, em primeiro lugar, tenho saúde, que é o que me dá esse vozeirão e me deixa de pé até agora. É um reflexo da minha vida disciplinada. Sou assim por educação de infância. Mas não faço atividade física, sou bem preguiçosa.

– Quando diz ‘vida disciplinada’, refere-se a quê?

– Nas primeiras horas após acordar, não falo. Como todo o corpo relaxou, inclusive as cordas vocais, é necessário um tempo para começar a usar. Agora que estou ensaiando, tenho o show gravado, então, começo a me ouvir, vou decorando as letras e canto baixinho. Não necessito botar a voz para fora aqui em casa. Guardo para o teatro. Além disso, tenho uma família normal, atenciosa. O jantar de domingo é o que reúne todos. E o visual da minha janela é o mais lindo do mundo. Vou passear onde? Meu divertimento é andar na sala de um lado para o outro vendo o Pão de Açúcar. Mas quando vou ao cabeleireiro, no shopping, é divertido. Sou consumista, compro o que não preciso, como bolsa vermelha e bijuteria.

– Não costuma ir ao teatro?

– Quando sei que uma peça leva três horas, me desanimo. Adoro assistir a novelas. Às 20h30, sento para ver o Jornal Nacional e a trama das 9. Também revejo filmes, balé. Quando entra a madrugada, gosto de ler porque o telefone não toca. Deito por volta das 5 da manhã e acordo a uma, duas da tarde.