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Êxito de Tiago Abravanel como Tim Maia

Neto de Silvio Santos diz como driblou a desconfiança para vencer na carreira artística

Redação Publicado em 13/09/2011, às 16h16 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Estrela do musical Tim Maia – Vale Tudo, sobre a vida do astro da MPB, Tiago brinca com a cortina de discos de vinil do cenário. - Mariana Vianna
Estrela do musical Tim Maia – Vale Tudo, sobre a vida do astro da MPB, Tiago brinca com a cortina de discos de vinil do cenário. - Mariana Vianna

Neto do apresentador Silvio Santos (80), Tiago Abravanel (23) nunca esteve à sombra do avô para conseguir seu espaço. Como qualquer aspirante aos palcos, enfrentou disputadas maratonas de testes para protagonizar o elogiado musical Tim Maia – Vale Tudo, no qual interpreta o ídolo da MPB, morto em 1998. “Estudo teatro desde os oito anos. Muitas pessoas não sabem da minha história, mas já fiz espetáculos como Miss Saigon e Hairspray, cantava para valer. Mas, com esse trabalho, mostro que é impossível segurar uma bronca dessas apenas com um sobrenome. Se eu não estivesse preparado, seria devorado pelos leões”, afirma, no Teatro Carlos Gomes, Rio, onde em um mês já foi aplaudido por 18000 pessoas. Contrariando a máxima de que avós sempre mimam netos, Tiago diz que Silvio jamais fez o tipo coruja. E, desde cedo, o incentivou a trabalhar. “Ele não é de passar a mão na cabeça de ninguém. Jamais vi meu avô bajulando a família, apesar de estar sempre a postos para ajudar. Educou minhas tias e meus primos para batalharem e não ficarem nas costas dele”, diz, antes de se apresentar em Recife e Curitiba, e, no dia 30, retornar à temporada carioca no Teatro Casa Grande.

– Como é ser neto do Silvio?

– Difícil. Desde pequeno, sempre percebi que algumas pessoas se aproximavam por interesse. Até hoje sinto isso claramente. Sempre valorizei o artista e o ser humano que ele é, mas não cresci pensando nisso. Tenho orgulho, mas é simplesmente o pai da minha mãe.

– Você deixou a novela do SBT Amor e Revolução para se dedicar ao espetáculo sobre Tim. O que Silvio achou da decisão?

– Assim como não participou da minha escolha para o elenco, também não interferiu na saída. Não conseguiria me dedicar aos dois trabalhos. Seria impossível, havia menos de dois meses para a preparação do musical. Meu avô ficou feliz por eu ter conseguido o papel. Ele disse: ‘Que maravilha! Nunca imaginei que um dia haveria um Tim Maia na família’.

– Apesar de ter escolhido ser ator, seu avô nunca cobrou que cuidasse dos negócios dele?

– Meu avô, não. Mas as pessoas próximas e a sociedade em geral, sempre. Se um dia tiver que tocar os negócios pelo bem da família, ok, vou em frente. Mas não é meu sonho. Quero viver muitos personagens, isso sim.

– Como surgiu a oportunidade de viver Tim Maia no palco?

– Estudo teatro e canto há bastante tempo. Então, vi que era um pouco mais completo nesse sentido. Porém, muitos elementos poderiam ir contra. Primeiro, sou novo, segundo, neto do Silvio Santos, terceiro, um branco interpretando um negro, e, quarto, um paulista dando vida a um carioca da Tijuca. São motivos que levaram algumas pessoas a se perguntarem: ‘O que ele está fazendo no palco?’ Cheguei a ouvir isso.

– Você pesa 115 quilos e isso ajudou a conseguir o papel. Sempre esteve acima do peso?

– A vida inteira. Eu já nasci uma bolota. (risos)

– E sempre encarou na boa?

– Não. Pensava que a sociedade não me aceitaria por ser gordo. Me perguntei inúmeras vezes se conseguiria trabalhar ou namorar. A adolescência foi a pior fase. Mas com o tempo, caiu a ficha. Pensei, ou aproveito a vida assim, ou faço uma cirurgia de redução do estômago. Optei pela primeira opção.

– Tentou reverter a situação?

– Fiz todas as dietas conhecidas e desconhecidas. No entanto, apesar de ser gordo, nunca fui sedentário. As pessoas não acreditam quando veem 115 kg pulando no palco durante a peça.

– Você tem algum sonho?

– Queria ser bailarino, mas não consegui. Me boicotei por medo de sofrer preconceito, afinal, aos olhos de muita gente, é uma profissão de mulher. Na infância, perguntei à minha mãe, Cintia Abravanel, porque homem não podia dançar. Ela disse: ‘E quem disse que não pode?’ Já meu pai, Paulo Gomes, não gostava muito da ideia. Nunca me vetou diretamente, mas no meu aniversário, me deu uma luva de boxe de presente. Outro sonho é viver o personagem Shrek no teatro. Acho que me identifico pelo físico, mas, principalmente, por ser um tipo aparentemente não muito aceitável, mas que é do bem e tem muito a dizer.