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O que é o transtorno da ansiedade, mal que atinge 20% da população

Isaac Efraim Publicado em 22/02/2006, às 15h18 - Atualizado em 04/12/2012, às 18h55

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Isaac Efraim
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Todos nós já vivemos momentos de grande ansiedade tanto diante de situações felizes, como o nascimento de um filho, quanto de situações de apreensão e perigo, como a véspera de uma prova, uma entrevista de emprego ou uma cirurgia. Ficar ansioso diante de circunstâncias novas ou que envolvem perigos reais é absolutamente normal. O que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como "transtorno de ansiedade" é o estado ansioso intenso e freqüente em que a pessoa experimenta sintomas físicos e psíquicos, como palpitações, suor, tensão e pensamentos negativos diante de perigos que existem em nossos pensamentos e simulam uma situação de ameaça. A ansiedade é uma sensação, um sentimento que decorre do excesso de excitação do sistema nervoso central. A excitação acelera o funcionamento do corpo e da mente, como resultado do aumento de produção pelo próprio corpo de uma substância chamada noradrelanina. Cerca de 20% da população adulta de todo mundo já apresentou algum tipo de transtorno de ansiedade. Mas o mal pode estar presente até mesmo em crianças. Se formos a um berçário, por exemplo, perceberemos que parte dos bebês, mais agitados e inquietos, já apresenta tendência a desenvolver ansiedade. Essa doença pode ser tanto hereditária como adquirida. Indivíduos que crescem em ambientes familiares agressivos, inseguros ou rígidos demais podem desenvolver transtornos de ansiedade. O mundo competitivo em que vivemos, as pressões e as preocupações nas relações interpessoais são fatores desestabilizantes para qualquer ser humano. O desejo de ter a vida sob controle, ter certeza de tudo e querer tudo perfeito traz como conseqüência uma mente acelerada, tornando-nos impacientes, irritados e começamos a ver o mundo de forma negativa. Nossos pensamentos se tornam pessimistas em relação a tudo, como uma premonição permanente de que tudo vai dar errado. É como se perdêssemos o controle de nossa vida. "Mente acelerada é mente desequilibrada." Se não interrompermos essa cadeia de pensamentos, é certo que o stress psíquico desencadeará um quadro de depressão ou de ansiedade mais grave. O grau máximo da ansiedade é o transtorno do pânico, que causa sensação de morte iminente, desmaio ou de que se vai enlouquecer. Prevenção, naturalmente, é a melhor alternativa. O ideal é consultar um especialista - o médico psiquiatra - logo que os primeiros sintomas se manifestarem. O transtorno da ansiedade tem tratamento eficaz com medicamentos e psicoterapia. Quanto aos remédios, em geral se utilizam os antidepressivos e os ansiolíticos. Os antidepressivos agem nas células cerebrais (neurônios), fazendo com que a pessoa se sinta mais forte; desse modo, melhora o humor e o estado da energia psíquica. Já os ansiolíticos - que são tomados nos momentos de crise mais intensa para aliviar os sintomas - diminuem a atividade dos neurônios e acalmam. O serviço público também dispõe de médicos psiquiatras e psicoterapeutas. Uma alternativa em São Paulo e em outros Estados são os ambulatórios da Secretaria de Saúde. Outra são os serviços específicos existentes nos Departamentos de Psiquiatria das Faculdades Federais e Estaduais de Medicina das capitais e de muitas cidades grandes. Vale lembrar, no entanto, que não bastam os medicamentos para tratar os portadores do transtorno de ansiedade: é necessário que eles mudem o jeito de ver o mundo. Para isso, é importante fazer terapia cognitiva: permite entender o que ocorre e encontrar meios mais eficientes de enfrentar os problemas, aceitar a vida e os acontecimentos, aprender a acalmar a mente e abrir mão dos controles mentais, sem se tornarem prisioneiros dos próprios medos. O medo não os deixa viver. E viver, enfim, é experimentar o milagre de estar aqui.