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Maria Gadú, a cantora que conquistou Monjardim

Com voz de mulher formada e jeito de menina, aos 22 anos, Maria Gadú lança seu primeiro CD com músicas autorais, entre elas ‘Shimbalaiê’, composta quando ela tinha 10 anos, e que hoje está na trilha sonora da novela ‘Viver a Vida’

<i>por Thais Arbex</i><br><br> Publicado em 16/09/2009, às 18h34 - Atualizado em 30/06/2012, às 15h31

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Maria Gadú - Divulgação
Maria Gadú - Divulgação
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar. Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar. Estas frases foram escritas quando ela tinha apenas 10 anos. Por insistência da mãe, aos 12, gravou Shimbalaiê, música que anos depois faria parte da trilha sonora de Viver a Vida, novela de Manoel Carlos, que estreou na última segunda-feira, 14. Apesar de ter se assustado com o fato de ter composto uma música ainda criança, naquela época Maria Gadú já tinha certeza que havia nascido para cantar e tocar, como ela mesma disse ao Portal CARAS: "Desde os 6 anos, só sei fazer isso". O primeiro violão foi presente da madrinha. Ela tinha oito anos. Aos 14, já tocava em barzinhos da cidade de São Paulo, sempre acompanhada da mãe. Aos 22 anos, Maria Gadú pode ter certeza que 2009 tem sido 'pra lá' de especial. No início do ano, a convite de Jayme Monjardim, a jovem cantora fez uma participação na minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, também de Maneco. Amiga dos irmãos Rafael Almeida e Tânia Mara, esposa de Jayme, Maria Gadú teve a oportunidade de cantar para o diretor da minissérie sua versão de Ne me quitte pás, de Jacques Brel. Impressionou tanto que ganhou uma participação especial na trama que foi ao ar em nove episódios, em janeiro, na Globo. Meses depois, a SLAP, selo da gravadora Som Livre, lançou seu o primeiro CD, produzido por Rodrigo Vidal. Foi dele, aliás, a ideia de tirar da gaveta as músicas que Maria tinha composto há alguns anos. Shimbalaiê era uma delas. "Eu odiei essa música por muito tempo. Talvez por ser a primeira. Achava muito infantil. Quando o Rodrigo pediu para ouvi-la, resisti bastante. Mas de uns tempos para cá, fizemos as pazes", revelou. Nos próximos dias 18 e 19, sexta-feira e sábado, a paulistana Maria Gadú, que se radicou no Rio de Janeiro, volta a São Paulo para apresentar no Café Paon, no bairro de Moema, o repertório de seu primeiro disco, que inclui canções autorais, além de regravações, como Baba Baby, de Kelly Key, Ne Me Quitte Pás e A História de Lily Braun, de Chico Buarque e Edu Lobo. Confira abaixo a entrevista com Maria Gadú: - Como a música chegou à sua vida? - Não lembro direito. Era muito nova. Mas como a minha avó era cantora lírica, cresci ouvindo música, principalmente clássica. Desde os 6 anos só sei fazer música. Quando tinha 8, ganhei meu primeiro violão da minha madrinha. Lembro que ele estava meio velho, mas foi amor à primeira vista. - Você compôs Shimbalaiê aos 10 anos. Como foi? - Eu estava na Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e a letra surgiu. Até assustei porque nunca tinha vindo nada na minha cabeça (risos). Quando tinha uns 12, 13 anos, minha mãe me obrigou a gravar essa música. Depois de um tempo, comecei a odiar a música. Achava infantil. Mas logo nas primeiras reuniões com o pessoal da Som Livre, o Rodrigo Vidal quis ouvir todas as músicas. Resisti um pouco, mas acabei mostrando. E agora fizemos as pazes. - Quais são suas influências? - Por causa da minha avó, ouvia bastante música clássica quando era criança. Depois comecei a conhecer Adoniran Barbosa. Mas gosto de tudo. Marisa Monte, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Sandy & Junior. - Como é o seu processo de composição? - Só voltei a compor há uns três anos. Não tem muita regra. É meio como um surto, e aí vem tudo junto: música, letra, harmonia e melodia. - Você gravou Ne me quitte pás. Essa música tem algum significado especial para você? - O meu pai de criação é francês, e quando era pequena, cantávamos essa música em casa. Quando cresci, fiz uma versão para eu cantar nas minhas apresentações nos barzinhos. E resolvi colocar no meu repertório porque acho a música genial. - E a música da Kelly Key? - Eu sempre gostei muito de Baba Baby. Acho a música muito boa, e por isso fiz uma versão para eu cantar. E ela acabou ficando no repertório dos meus shows. - Você fez uma participação especial na minissérie Maysa. Foi o Jayme Monjardim quem te convidou? Como você o conheceu? - Sou muito amiga do Rafael Almeida, que é irmão da Tânia Mara, esposa do Jayme. Foram eles quem me apresentaram para ele. Ele me ouviu cantando Ne me quitte pás e me convidou para participar da minissérie. Apesar de eu ser muito tímida, nem deu tempo de sentir tanta vergonha porque foi uma participação bem pequena. - Você é paulistana. Por que resolveu se mudar para o Rio de Janeiro? - Não foi nada planejado. Vim passar férias e acabei ficando. Hoje moro com a minha mãe na Lagoa. - Você estudou música? Fez aulas de instrumentos musicais? - Até tentei me matricular em algumas escolas de música, mas não me adaptei à disciplina das aulas. - Você já foi cantar fora do país. O que isso significou? - Em agosto de 2007, fui para a Europa participar de um festival. Só eu e o Doga, que toca percussão comigo. E foi a partir disso que a gente começou a tocar em bares. Ficamos lá três meses e foi uma experiência muito legal, apesar de vários perrengues. - Caetano Veloso, João Donato e Milton Nascimento adoram a sua voz. Ouvir elogios de grandes nomes te assusta? - Nada. Acho maneiro. Fico muito emocionada e feliz de ver essas pessoas me aceitarem. É extremamente gratificante. E sempre digo que só faço o que faço por culpa deles, porque quando todos começaram, de certa forma, estavam querendo criar uma tendência. E eles me influenciaram muito. - Você assinou contrato com a Som Livre e lançou seu primeiro CD. Algum dia imaginou que isso pudesse acontecer? - Nunca tinha pensado em gravar. O pessoal da Som Livre me conheceu no dia que fiz o show na festa de lançamento da minissérie Maysa. Não esperava que isso pudesse acontecer um dia porque nunca fiquei esperando nada. Para mim, estar tocando nos bares já era uma realização. Nunca criei expectativa com nada. Não gravei um CD para impressionar. Não queria que nada fosse contra o que eu sempre fui e sou.