Manoel Carlos, o Maneco, autor de ‘Viver a Vida’ conta detalhes sobre sua 14ª novela e revela que Taís Araújo ‘nasceu para o papel de Helena e o papel nasceu para ela’
<i>por Thais Arbex</i><br><br> Publicado em 14/09/2009, às 19h38 - Atualizado em 08/10/2009, às 16h42
Superação é a palavra que conduz a trama de Viver a Vida, a nova novela das oito da Globo, que estreou nessa segunda-feira, 14. Depois de Helenas maduras, Manoel Carlos escalou a atriz Taís Araújo para viver a protagonista de sua 14ª novela. "Eu vinha querendo escrever um papel para a Taís, a quem eu sempre admirei. Além da idade, ela reúne atributos fundamentais para o personagem: talento, beleza e elegância. Nasceu para o papel e o papel nasceu para ela", contou Maneco ao Portal CARAS.
Com direção de Jayme Monjardim, com quem Maneco diz viver "um casamento ideal, com uma lua-de-mel que já dura quatro anos", Viver a Vida começa em 2008, e levará 20 e poucos capítulos para chegar aos dias atuais. Segundo o autor, como é "uma mudança muito grande de mulheres mais maduras, acima de 40 anos, para uma bem nova, achei bom começar do começo". Para isso, os dois primeiros capítulos foram pensados de maneira que a novela fosse apresentada ao telespectador: "Comecei a novela de maneira inusitada, com a Helena apresentando Búzios e a família dela para uma repórter".
Assim como em todas as suas tramas, a inspiração de Maneco para Viver a Vida está no cotidiano porque ele diz gostar de "escrever personagens que eu possa reconhecer nas ruas por onde transito todos os dias". Apesar de não se preocupar em ser realista, o autor afirmou que conduz seu trabalho pensando na identificação entre a ficção e a realidade. "O que me preocupa é a verossimilhança, a possibilidade de que aquilo que estão vendo seja verdadeiro", revelou Maneco que adotou, assim como em Páginas da Vida, de 2006, os depoimentos de pessoas comuns no final de cada capítulo: "Já gravamos muitos, temos uma coleção de bons exemplos de superação"
Confira abaixo a conversa de Manoel Carlos com o Portal CARAS:
- As Helenas sempre foram mulheres maduras. Por que uma Helena jovem e negra?
- Depois de sete Helenas por volta dos 50 anos, à exceção da Maytê Proença, em Felicidade, de 1991, resolvi mudar o perfil do personagem. Para isso era necessário diminuir ou aumentar a idade dela. Optei por diminuir. Ao pensar na atriz ideal para o papel, não me preocupei em encontrar uma branca ou uma negra ou uma nissei. Para mim, é uma mudança muito grande também porque estou acostumado a escrever as Helenas mais velhas, mas é bom porque também dá em mim uma certa renovada. Muda o repertório, muda um pouco o texto.
- Quando o senhor pensou na Taís Araújo?
- Pensei em várias atrizes quando defini que a Helena seria modelo. Mas como eu vinha querendo escrever um papel para a Taís, a quem eu sempre admirei, casei as duas coisas. Afinal, além da idade, ela reúne atributos fundamentais para o personagem: talento, beleza e elegância. Nasceu para o papel e o papel nasceu para ela.
- Por que o título Viver a Vida? Amor e vida aparecem com frequência nos títulos. Tem alguma relação especial com essas palavras?
- Vida é Amor, Amor é Vida. Só escapamos dessas duas palavras quando enfrentamos uma terceira, que é Morte. Assim mesmo, começando todas elas por letra maiúscula, como nos ensinou o poeta Fernando Pessoa. Ter essas duas, ou pelo menos uma delas, no título de uma novela, me atrai particularmente.
- O Leblon é inspiração para as suas histórias?
- O Leblon é o bairro onde eu vivo há mais de 30 anos. Vivo, e não apenas moro, que são coisas bem diferentes. Gosto de escrever personagens que eu possa reconhecer nas ruas por onde transito todos os dias. Se eu morasse em Ipanema, seria lá que eu ambientaria minhas novelas. E a inspiração vem de coisas banais, triviais, cotidianas. As novelas correm em trilhos absolutamente comuns. Tudo pode acontecer em qualquer lugar. É o que sei fazer e gosto de fazer. Não me interessa nenhum outro tipo de novela.
- É por isso que os telespectadores se identificam com suas histórias e personagens? O senhor pensa nisso quando está escrevendo uma novela?
- Sim, claro. Em todas as minhas novelas procuro me aproximar do público por meio dessa identificação entre a ficção e a realidade. Mas não me preocupa ser realista. O que me preocupa é a verossimilhança, a possibilidade de que aquilo que estão vendo seja verdadeiro.
- Búzios e a Jordânia também serão cenários para 'Viver a Vida'. O que esses lugares representam para o senhor?
- A Jordânia, assim como Israel e França, são nações que admiro pelo papel que representam historicamente. A mesma coisa com relação aos povos que habitam esses países.
- Além de nomes conhecidos, o público verá atores que nunca viu na TV. Pode nos contar como os escolheu?
- Por meio de testes, como sempre. Temos um produtor de elenco que conhece minhas preferências. E assim, ele vai selecionando e me apresentando. E eu e o diretor Jayme Monjardim escolhemos os mais adequados aos papéis. Todos eles são bons e têm uma vivência muito grande no teatro. E teatro é uma escola maravilhosa.
- Em compensação, alguns atores, como o José Mayer, são marcas registradas em suas novelas. O senhor tem uma relação especial com eles?
- Sim, os admiro e, por essa razão, trabalho muito com eles. É claro que criamos uma relação de amizade e afeto. Amo os meus amigos e alguns desses atores, assim como algumas atrizes, são parceiros de muitas aventuras sentimentais e humanas.
- Por falar em parceria, pode definir a que estabeleceu com o Jayme Monjardim?
- É uma parceria harmoniosa, de respeito e admiração mútuos. Um casamento ideal, com uma lua-de-mel que já dura quatro anos e que pretendemos que nunca acabe.
- A personagem de Alinne Moraes ficará paraplégica e o senhor também abordará o alcoolismo. Qual é a importância desses temas na trama?
- A minha novela trata preferencialmente de superação. Sendo assim, a maneira como Luciana (Alinne Moraes) e Renata (Bárbara Paz) superam seus problemas, tem tudo a ver com a novela. Renata sofrerá com drunkorexia, que é a anorexia alcoólica, em que a mulher para de comer para compensar as calorias que adquire com a bebida.
- Além desses temas, os telespectadores também se depararão com a Klara Castanho que, com nove anos, será uma vilã. Como trabalhar esse papel para uma criança?
- Não é uma vilã nos moldes das vilãs habituais. Ela não vai matar ninguém. Não se trata de uma criminosa. Ela vai cometer vilanias próprias de uma criança má, e uma criança má nada tem a ver com um adulto mau.
- É verdade que o senhor pretende colocar cenas ao vivo durante a novela?
- É uma ideia que me persegue há bastante tempo e que eu ainda pretendo conseguir realizar. Em Viver a Vida tenho certeza que terei essa oportunidade.
- Quando uma novela está no ar, como é a sua rotina de trabalho? O senhor participa de todo o processo? Tem pessoas para lhe ajudar?
- Não sou de rotina rígida para nada. Escrevo 12, 15 horas por dia. É muito difícil trabalhar menos que 12 horas. É um trabalho insano. Não tem como não ser. Mas é bom, gratificante. Participo de todo o processo, já que só sei trabalhar assim. E tenho cinco colaboradoras e três pesquisadoras exclusivas. Todas mulheres, claro.
- Por falar em mulheres: é para elas que o senhor escreve?
- O homem não tem tanta força na novela. E é uma opção mesmo escrever para as mulheres porque elas têm mais histórias para contar. Homem tem baladas. Mas as mulheres têm histórias de vida, são mais confessionais. Homem não confessa que a mulher traiu. É muito raro. As mulheres reúnem as amigas e falam que o marido tem uma amante. Todas choram juntas. É bacana. Por isso a mulher para mim tem mais força. Sou um fã absoluto das mulheres. Escrevo para elas.
- Já pensou na próxima Helena?
- Não é possível pensar numa futura Helena, antes de realizar integralmente a que está vivendo o presente. Uma de cada vez. Esse é o lema a seguir. A partir de maio de 2010 começarei a pensar na próxima.
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