JUNTO DA FILHA, ATRIZ REVELA QUE SOFRE DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E QUE MANTÉM A ALEGRIA DE VIVER
Redação Publicado em 26/07/2006, às 17h01
por Carlos Lima Costa
Quem vê a performance de Claudia Rodrigues (36) como a hilária Marinete, da série global A Diarista, não imagina os vários sofrimentos já vividos pela atriz. Feliz ao lado da filha, Iza (4) - do casamento com o diretor de DVD Brent Hieatt (41), de quem se separou em 2004 -, a comediante revela mais um drama em sua vida: sofre de esclerose múltipla, doença incurável do sistema nervoso central que atinge principalmente mulheres de 20 a 40 anos.
O mal foi diagnosticado em 2000, quando a atriz sofreu uma forte dormência no braço esquerdo. Ela só voltou a sentir sintomas como boca repuxada e um tremor na pálpebra esquerda na semana passada. "Foi um sinal. Poderia ser outro desequilíbrio da esclerose. Fui ao médico intensificar o tratamento", disse ela sobre a doença, que pode provocar a perda da visão e da coordenação motora. "Levo uma vida normal. Só procuro me alimentar bem, tomar vitaminas e evitar o estresse, que potencializa o problema", acrescenta Claudia, em sua casa, no Rio, com a voz serena e pausada. "Minha maior preocupação quando descobri o mal era saber se poderia ter filhos. Fui tranqüilizada e engravidei no ano seguinte. Não tenho medo da doença. Para morrer, basta estar viva. Por isso, nunca perdi a alegria", atesta a atriz.
Claudia já superou outras tragédias. Com a mãe, Regina (62), viu sua estrutura familiar ser duramente abalada após duas grandes perdas: o irmão, Márcio, se suicidou em 1991, e o pai, José Augusto, morreu de câncer em 1995. O sofrimento só seria suavizado anos depois, com o nascimento de Iza. "Foi uma grande dor que durou anos, e eu segurando a barra. Quando minha mãe ficou deprimida, um psiquiatra me disse que somente um grande amor, um nascimento ou uma morte transformam a pessoa. É assim mesmo. Quando a Iza nasceu, foi um renascimento", desabafa ela.
Após a chegada da filha, Claudia ganhou inspiração até para dar uma "repaginada" no visual: colocou prótese de silicone nos seios e fez uma lipoaspiração. O resultado aumentou consideravelmente sua auto-estima. Paralelamente, no âmbito profissional, a atriz se tornou uma das principais comediantes de sua geração. A Diarista está em seu terceiro ano de exibição. "Acho que o programa ainda tem fôlego para alguns anos. Mas, em paralelo, tenho vontade de fazer outras coisas", conta. Em setembro, dirigida por Aloísio de Abreu (45), excursionará pelo Brasil com a peça Amor a Dois e, no início de 2007, encena seu primeiro monólogo, com texto escrito por Miguel Falabella (49).
Com a carreira direcionada para a comédia, ela afirma não se sentir atraída por dramas ou novelas. O sucesso é encarado de modo diferente: "Amo o que faço, adoro meu público. Mas ser reconhecida na rua ou dar autógrafos são coisas que nunca me encheram os olhos. Me realizei profissionalmente, é bacana; mas, ah, como queria que meu pai e meu irmão pudessem ver esse sucesso! Depois que você perde essas pessoas, nada tem tanta graça", reflete. Solteira há três meses, após o namoro com o cantor Bena Lobo (33), Claudia parece ter sofrido também com esse relacionamento. Mas não dá detalhes. "Sou amiga de todos os meus ex, mas dele não deu para ficar", é tudo o que ela conta.
- Você recorre a terapias?
- Há dois anos me consulto com a astróloga Cristina Tolentino, que me dá várias dicas que ajudam na minha caminhada.
- A convivência com a Iza também é uma motivação?
- A Iza realmente me inspira. Quem tem filho sabe o quanto é inexplicável... Ela me dá motivos para viver. Daqui uns dois anos quero começar a pensar em ser mãe novamente.
- Já encontrou um novo amor?
- Não. Estou pronta para isso.
- Quais são as qualidades que você procura em um homem?
- Mais alto do que eu, que meço 1m50. Qualquer um é (risos).Quero que seja inteligente e bem-humorado. Mas não procuro nada. Como diz um poema do Mario Quintana, agora quero ser achada. Nunca tive o perfil de sair à caça. O homem que é caçador. Hoje eu quero é que corram atrás de mim.
- Você passou a notar olhares diferentes após turbinar os seios?
- Quero muito ver esses olhares, só que quase não tenho saído de casa. Mas existem os meus amigos, que telefonam e dizem: "A Marinete está a maior gostosa" (risos).
-Você também acha?
- Fiquei mais bonita de rosto e de corpo depois que me tornei mãe. Aos 19 anos fiz uma redução de seio. Tinha peitão, usava sutiã 46. Aí, com 1 metro e meio, eu parecia bem mais gordinha. Mas não gostei da cicatriz, ficou com um pouco de quelóide. Cheguei a pensar em refazer, mas quis esperar engravidar. Após ter a Iza, fiz a plástica e acabei pondo 90 ml, a menor prótese. Adorei, meus peitos estão lindos! Aproveitei e fiz uma lipo, retirando sete quilos. Não sei de onde saiu tanto quilo...
- O que mudou na sua vida após descobrir a doença?
- Não tenho medo e a encaro como se fosse uma diabete. Dá para se viver perfeitamente bem com a esclerose. Apenas me cuido com o neurocirurgião Paulo Niemeyer e com o nutrólogo Sérgio Puppin.- Que conselhos dá para quem sofre do mesmo mal?
- Acho que Deus me pôs aqui com a função de não só fazer as pessoas felizes e rirem, mas também de aliviá-las. De dizer que eu tenho problemas. Existem doenças muito mais graves. O importante é levar a vida da forma mais feliz possível.Agradecimentos: Mimi e a Sardinha; Produção: Claudia Mello, Beleza: Ana Gangemi.
FOTOS: CADU PILOTTO
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