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Etimologia

Fundamental, por isso mesmo comum nos lares de todo o planeta, copo formou-se do masculino de copa, do Latim vulgar cuppa, taça, vaso. Objeto de decoração também comum desde a Antiguidade, vaso originou-se do Latim clássico vas pelo latim vulgar vasum.

Redação Publicado em 04/12/2012, às 11h30 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Copo: do masculino de copa, do Latim vulgar cuppa, taça, vaso. O Português do Brasil, ao contrário do Espanhol, fixa sutis diferenças entre copo, copa e vaso. Ninguém bebe um vaso ou uma copa de cerveja, bebe um ou muitos copos. O poeta parnasiano e professor carioca Alberto de Oliveira (1857-1937), em Vaso Grego, aproximou copo, taça e vaso nestes versos: “Esta de áureos relevos, trabalhada/ De divas mãos, brilhante copa, um dia,/ Já de aos deuses servir como cansada,/ Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.”

Forma: do Grego morphé pelo Latim forma, por metástase. Metástase, do grego metástasis, é mudança de lugar. De morphé para forma equivale a quase dizer de trás para frente a palavra. Antes das reformas ortográficas do Português, diferenciava-se forma de fôrma, mas o acento diferencial foi abolido, causando confusão, tanto na pronúncia quanto no conceito. Olavo Bilac (1865-1918), um dos poetas mais lidos no Brasil nos séculos XIX  e XX, celebrou a forma em Profissão de Fé: “Porque o escrever — tanta perícia,/ Tanta requer,/ Que ofício tal... nem há notícia/ De outro qualquer./ Assim procedo. Minha pena/ Segue esta norma,/ Por te servir, Deusa serena,/Serena Forma!”. E disse mais: “Invejo o ourives quando escrevo:/ Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto relevo/ Faz de uma flor.”

Molho: de molhar, do Latim molliare ou mollire, verbos radicados em mel, uma raiz indo-europeia presente em palavras que indicam amolecer, afrouxar. Designa preparado culinário líquido ou cremoso, feito com azeite, vinagre, leite ou sangue, aos quais são juntados temperos para melhorar o sabor dos pratos. Os molhos são de diversas procedências, às vezes indicadas nas próprias denominações: molho inglês, molho tártaro, molho nagô. Na cozinha luso-brasileira, a galinha ao molho pardo é prato clássico. O molho tem este nome pela aparência do sangue, misturado ao vinagre. O outro nome do mesmo prato é galinha à cabidela, porque feito com pés, pescoço, cabeça, asas, órgãos que estão além do tronco da ave, no cabo ou no rabo. Mais tarde foram juntados os miúdos, como coração e moela.

Parnasianismo: do Grego Parnasós, escrito também Parnassós, pelo Latim Parnasus ou Parnassus, pelo Francês Parnasse e daí ao Português parnaso, hegemônico em face da variante parnasso. Na Grécia antiga, designava o monte onde estava a morada de Apolo e das musas. Tudo começou quando, na segunda metade do século XIX, poetas franceses publicaram a coletânea de versos Le Parnasse Contemporain, de aceitação imediata no Brasil, que a esse tempo tinha consolidado notáveis influências de missões francesas, que resultaram no acolhimento de vários artistas. O ambiente para receber o movimento literário era, pois, muito favorável.

Sambuca: do Grego Sambúke, pelo Latim sambuca, designando antiga harpa triangular, trazida dos caldeus. Por comparação, era também o nome de máquina de guerra porque suas cordas estavam dispostas como no instrumento musical. O Aramaico tinha shebáka, grelha e grade. Já do latim sambucus veio sambuca, nome científico de vários arbustos e árvores, entre os quais o sabugueiro, cujas folhas e frutos são utilizados na fabricação de um licor que leva este nome. Do árabe anbuk veio sambuco, dito e escrito também zambuco, pequena embarcação costeira que os portugueses encontraram quando chegaram à Índia.

Vaso: do Latim clássico vas pelo latim vulgar vasum, que tem 10 acepções no Dicionário Caldas Aulete, o mais antigo em uso no Brasil, sendo a primeira “toda e qualquer peça côncava que pode conter sólidos ou líquidos (vaso de cristal; vaso de cerâmica)”. Outras acepções: vaso de flores, vaso de guerra (navio), vasos linfáticos ou sanguíneos, vaso sanitário etc. A palavra vaso aparece muitas vezes na Bíblia, quase sempre em sentido figurado. Mas no Evangelho de São João, 19, 29-30, antecede a morte de Jesus (século I) na cruz uma cena trágica. Ele diz: “Tenho sede”. “Havia ali um vaso cheio de vinagre”, informa o narrador. Dão-lhe vinagre embebido numa esponja, levada até ele numa haste de hissopo. Foi a última bebida que ele tomou, antes de dizer “Tudo está consumado”. E morreu!