Emocionado, Neguinho da Beija-Flor desabafa: ‘Nunca pensei em ver a morte me chamando’

“Nunca pensei em ver a morte me chamando e eu com a responsabilidade de ver minha filha nascer, deixar minha Marques de Sapucaí, meus amigos e meu samba”, emocionou-se Neguinho da Beija-Flor (63), o convidado deste domingo, 10, do quadro O Que Vi da Vida, do Fantástico.

Irreverente, o sambista falou sobre sua vida com um largo sorriso, mas não conteve as lágrimas ao falar sobre o câncer do intestino que descobriu em 2008. “Naquele momento eu só pedi a Deus que me desse pelo menos a oportunidade de ver a minha filha nascer, que já estaria muito bom”, revelou, citando Luiza Flor (4), sua herdeira com Elaine Reis. “Não almejo mais nada, o que Deus tinha que dar ele já me deu”, disse o músico.

“O pior do câncer é a notícia. Faz quatro anos e não tenho mais nada”, celebrou ele, que no mesmo ano realizou uma cirurgia para retirada do tumor.

Há 37 anos como intérprete da Beija-Flor de Nilópolis, ele contou que já estreou na agremiação fazendo história. “Meu primeiro sucesso lá, em 1975, quebrou um tabu, que foi fazer a escola - considerada de segundo escalão - ganhar o primeiro lugar”, disse ele, que chegou a trabalhar na aeronáutica.

“O que eu queria mesmo era a música. Mas nem todo cantor está preparado para puxar escola na avenida. O puxador é um maratonista, e nem todos tem esse dom”, frisou Neguinho, cujo talento foi inspirado em Jamelão. “Vim de família de músicos, meu grande espelho foi meu pai e o Jamelão, que era amigo dele – e tivemos oportunidades de dividir o mesmo palco, anos depois”, lembrou ele, hoje no ápice de sua carreira.

E de onde vem o apelido com o qual ganhou notoriedade? “Neguinho veio porque nasci à noite, às 20h15, e sou o mais pretinho dos meus irmãos”, divertiu-se Neguinho da Beija-Flor, com encantador sorriso. “Sempre fui tímido, mas tive sorte com a mulherada, e hoje tenho a minha, que me atura. E a gente se ama bastante”, declarou à amada.