Dor repentina no testículo sempre é uma situação de emergência médica
Redação Publicado em 10/10/2008, às 20h01 - Atualizado em 29/06/2010, às 15h31
A dor súbita no testículo, também conhecida como escroto agudo, ou patologia escrotal aguda, felizmente não é muito comum. Ela é sempre repentina, ou seja, atinge pessoas que não sentiam nada. A dor pode ser intensa, persistente e desconfortável a ponto de levá-las ao pronto-socorro. É comum o portador ter também náuseas, sudorese, agitação, inchaço e aumento da temperatura local no testículo.
As principais causas da dor testicular aguda são: a) torção de um testículo que, por "defeito" congênito, não ficou bem preso à bolsa testicular; b) torção de apêndice testicular, pequeno órgão anexo à porção superior do testículo, que corresponde a um "resquício" embriológico; c) e inflamações e infecções do testículo e do epidídimo, órgão alongado em forma de "C" que cobre o lado posterior do testículo. No caso de inflamações e infecções, o portador pode apresentar ainda, entre outras manifestações, febre, dor miccional e desconforto uretral. Normalmente a dor aguda conseqüente à torção se manifesta em um testículo apenas. Ocorre mais em crianças, pré-adolescentes e adolescentes.
Não há estatística sobre o fenômeno no Brasil. Pesquisa de um centro universitário norte-americano que analisou 395 casos em crianças e adolescentes constatou que 38% eram torções de testículo; 31%, inflamações e infecções do epidídimo e do testículo; 24%, torções do apêndice testicular; e 1,3% de causas indefinidas. O mesmo estudo apurou que a dor por torção de testículo é mais comum dos 10 aos 16 anos, com pico aos 14 anos; a resultante de torção de apêndice ocorre mais aos 10 anos; e a devida às inflamações e infecções do epidídimo e do testículo por microrganismos, o que é chamado epididimite ou orquite, em torno dos 14 anos.
As torções ocorrem durante brincadeiras e atividades físicas. Torções de apêndice testicular e inflamações e infecções em geral não causam maiores complicações. Mas as torções de testículo são graves e constituem uma situação de emergência médica. Elas interferem tanto na chegada de sangue arterial à glândula como na saída do sangue venoso. Os fluidos acumulam-se e levam ao inchaço do escroto. Caso o quadro não seja resolvido em 8 horas, pode haver necrose dos tecidos torcidos por falta de sangue e de oxigênio, com a perda do testículo.
Indivíduos com dor testicular devem ser levados logo a um pronto-socorro. Médicos generalistas sobretudo das pequenas cidades podem não conhecer bem o problema. Por isso, o ideal é levar a pessoa a um pronto-socorro que tenha urologista. O diagnóstico nem sempre é fácil. Caso o médico tenha dúvida, deve fazer ultrasonografia escrotal com doppler colorido, que permite ver que parte da área recebe sangue ou não. Quando tem dúvida e não conta com o exame, deve operar. Torções de testículo são corrigidas com cirurgia. Consiste em abrir o testículo, desfazer a torção e prendê-lo na bolsa testicular, para que o problema não se repita. Se é feita até 4 horas após o início, a chance de salvar o testículo é de 95%; até 8 horas, de 90%; até 12 horas, de 80%; e 24 horas depois, de 45%. Opera-se também o outro testículo, para fixálo e evitar que o problema ocorra com ele. Torções de apêndice regridem com repouso. Inflamações e infecções, finalmente, são tratadas com antiinflamatórios e antibióticos.