Toda inflamação na mucosa da boca é chamada estomatite. Qualquer pessoa pode ter esta doença, mas crianças de 6 meses a 4 anos são mais suscetíveis, porque seu sistema de defesas ainda está em desenvolvimento. Nelas, aliás, também é mais intensa. Já adultos podem tê-la por estresse, imunodepressão ou traumas causados por aparelhos ou próteses bucais.
A forma mais comum da doença em criança é o “sapinho”, ou monilíase oral, que é causado pelo fungo Candida albicans. Estima-se que atinja 30% das crianças nas primeiras semanas de vida. Em geral a infecção por monília nas crianças se manifesta sem contato conhecido e pode ser recidivante; e em adultos pode ocorrer depois do uso de antibióticos.
A estomatite pode ser provocada também pelo vírus herpes simples e por enterovírus, como o Coxsakie e o Echovirus. Neste caso, a contaminação se dá pelo contato com um portador da enfermidade.
Os sintomas variam um pouco de um tipo de estomatite para outro. A monilíase oral provoca ardor na boca e manchas esbranquiçadas, com aspecto de leite coalhado. A criança fica mais irritada e tem dificuldades para mamar.
A estomatite causada pelo vírus herpes simples tem como sintomas pequenas úlceras avermelhadas na mucosa oral. Podem atingir gengivas, céu da boca, lábios, garganta e a parte interna das bochechas. A mucosa fica inflamada e dolorida. A criança baba mais do que o habitual, sente muito mal-estar, fica irritada, tem febre, falta de apetite e dor ao mamar, mastigar e engolir. Pode desenvolver ainda gânglios no pescoço, mau-hálito, diarreia.
O vírus Coxsakie, além do quadro acima, pode provocar a síndrome mão-pé-boca. Como o nome sugere, ela se caracteriza pelas mesmas lesões avermelhadas, acometendo também as palmas das mãos e as plantas dos pés. Nesses locais, o incômodo costuma ser mais brando do que na mucosa da boca.
O Echovirus e sorotipos do vírus Coxsakie podem provocar outro tipo de estomatite, a herpangina. Os sintomas são feridinhas de base esbranquiçada que se espalham pela área do céu da boca mais próxima da garganta.
Em geral, a estomatite é autolimitada, ou seja, com o passar do tempo o próprio corpo neutraliza a ação do microrganismo. O risco de a infecção generalizar-se é baixo.
Prevenir estomatite é uma tarefa difícil, pois os vírus são transmitidos mesmo antes dos primeiros sintomas, geralmente por via respiratória. Mas é fundamental lavar as mãos ao pegar bebês e evitar que eles tenham contato com pessoas gripadas ou com sintomas de herpes, mas isso não garante que não se contaminarão.
Pais que suspeitem que o filho esteja com estomative devem levá-lo ao pediatra. O tratamento consiste em higienizar a mucosa oral com água ou água bicarbonatada e combater as dores e a febre com remédios. Crianças com estomatite ficam isoladas.
Se a doença não melhora em alguns dias e as lesões mudam de aspecto, pode estar havendo infecção causada por bactéria. Quando isso é confirmado, a criança precisa ser tratada com antibiótico.
Também é fundamental mantê-la sempre bem hidratada e não lhe dar alimentos muito quentes, ácidos, salgados e/ou temperados. O ideal é que receba pequenas porções de alimentos calóricos, como sucos de frutas, massas cozidas e mingaus.