Encarando o tratamento contra esclerose múltipla com bom-humor e otimismo, a atriz Claudia Rodrigues revela: “Ninguém é teu amigo, quando você fica doente, aí seleciona um ou outro”
Bem recuperada do tratamento contra uma esclerose múltipla descoberta há anos, Cláudia Rodrigues (41) recebeu uma boa notícia para comemorar nesta semana que passou. Na quarta-feira, 29, a atriz esteve no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e descobriu que a doença não danificou as válvulas do seu cérebro.
O exame que constatou a boa-nova foi uma ressonância magnética. “Ela está totalmente recuperada para todas as funções do dia a dia”, disse Julinho do Carmo, colega de trabalho da atriz que faz a Ofélia no humorístico Zorra Total.
Em entrevista à CARAS Online, Claudinha falou que encara sua doença com otimismo (“Eu estou ótima, tá tudo certo”, repete, com constância) e que muitas pessoas que ela julgava serem suas amigas desapareceram de seu convívio quando teve de se afastar da televisão para se tratar da doença degenerativa. Confira a entrevista na qual a atriz desabafa, mas também mostra que procura levar a vida com bom humor:
- Como segue o tratamento agora que você recebeu essa boa notícia dos seus médicos?
- O uso dos medicamentos diminuiu, agora espaçou muito o intervalo entre uma dose e outra. Agora eu estou boa. Não é ‘toma uma vez e fala: tô boa’. Além disso, faço fisioterapia e pilates. Tenho sempre uma atividade desse tipo, de segunda a sábado.
- Teve algum momento em que você achou que nunca iria se curar?
- Não, é lógico que não é uma doença que você recebe a notícia como se fosse lindo. O nome, inclusive, é feio.
- Do que você mais sentiu falta durante o período de forte tratamento?
- De nada, foi tudo perfeito. Até brinco com os meus médicos: ‘vem cá, você não vai me proibir de fazer nada?’. Eu queria até que eles me proibissem, amo eles (risos).
- Quais foram os sintomas mais fortes que teve?
- Não gosto de ficar lembrando e falando. Eu tenho o problema e, nas ruas, todo mundo fala com você. Perguntam quando vou voltar. Eu não saí de nada, gente! Algumas pessoas me falam: ‘ai, minha tia tem essa doença’. Daí, eu pergunto: ‘ela já morreu?’. Eu sei que é uma doença muito difícil, mas procuro lutar contra os pessimistas.
- Os amigos se afastaram no momento da doença?
- Afasta sim. Amigo, a gente só conhece quando está na merda. Quando você está bem, quando eu estava no auge de tudo, só ouvia: ‘Claudinha, te amo’. Estou louca para voltar a ficar no auge, porque vou voltar. Daí, vão me ligar e dizer: ‘Amiga, você não pode me arrumar nada?’ É claro que vou arrumar. Ninguém é teu amigo, quando você fica doente, aí você seleciona um ou outro. Amigos de verdade, eu não tenho. Minha filha (Iza), com 10 anos diz que não tem amigos. Ela tem um vocabulário muito bom para a idade dela. Ela até fala: ‘Amigo é uma coisa muito seleta. Mãe, não adianta você acreditar que fulano é isso, fulano é aquilo.’
- Você pode contar com a sua família nesse momento, então?
- Minha mãe (D. Regina) é tudo. Quando uma pessoa que ainda não é mãe e for mãe, vai saber como é. Tudo o que a gente fala que pai e mãe é chato, você vai fazer igual com seu filho.
- Como sua filha encarou o período da doença?
- Ela me ajuda muito. Sempre adorei montar quebra-cabeças e ela também gosta. Ela me acompanha muito nisso.
- Será que ela quer seguir a carreira artística?
- Ela não quer. Ela diz: ‘Mãe, não gosto, pode esquecer’. E eu acho ótimo, não é porque é filha de ator, que tem que atuar. Ela puxou pra mim, ela tem uma personalidade forte. Ela não gosta nem de ir ao estúdio, diz que é muito gelado. Ela diz que só tem uma coisa da qual tem certeza: ‘Vou ser adulta’. Se, um dia, ela quiser atuar, dou força, claro.
- Quais são seus planos profissionais para o futuro?
- Estou aberta a todos os convites. Brinco lá na Globo que estou aceitando tudo. Sou louca pelo meu trabalho. Tive que fazer muita terapia, mas digo que a minha melhor terapia é atuar. Se eu atuar, fico feliz. Estou no Zorra Total e preparando uma espécie de stand up com o Julinho do Carmo. Pensamos em viajar pelo Brasil, mas não sei para quando é isso ainda.
- Você é formada em Educação Física. Tem preocupação com o corpo?
- Sou formada, dei aula muito tempo. Estudei todos esses negócios aí. Eu estou emagrecendo, é uma coisa minha, sempre fui assim. Minha mãe diz que sou paranoica com isso. Eu me olho no espelho e não acho que esteja gorda, é coisa de mulher.
- Você curte as redes sociais?
- Gosto de redes sociais, às vezes vou, dou uma olhada. O chato do Facebook é quando pessoas que estudaram com você há muitos anos, chegam e falam como se tivessem te visto ontem. Caramba, isso não pode ser normal!