Ela volta ao Zorra Total e diz como enfrenta a esclerose múltipla com o carinho da filha, Iza
Redação Publicado em 24/05/2011, às 12h55 - Atualizado em 25/05/2011, às 02h27
Em abril, após dois anos longe da TV, Claudia Rodrigues (40), uma das comediantes de maior sucesso de sua geração, voltou ao ar como Ofélia do Zorra Total. O afastamento havia ocorrido devido à esclerose múltipla, doença incurável do sistema nervoso central, que afeta a fala, a memória e a coordenação motora. Claudia vinha se dedicando ao programa A Diarista, que estava previsto para voltar ao ar, quando, em maio de 2009, o problema voltou a se manifestar e as gravações foram canceladas. Ficou dez dias internada no Hospital Albert Einstein, em SP. Desde então, passou a viver meio reclusa, o que gerou preocupação entre fãs e amigos. Ela tem permanecido a maior parte do tempo em seu apartamento, na Gávea, Rio. Ao lado da filha, Iza (9), e da mãe, Regina Rodrigues (67), que mora no mesmo bairro, Claudia recebeu CARAS. Ela, que tem uma prima que sofre da mesma doença, falou de seu drama e deu lição de fé. "As pessoas me falam que sou exemplo, que se estão bem, é por minha causa. Fico feliz de poder ajudar. Digo a todos que devem ter um bom médico, não se abater, nem desesperar, ter perseverança e otimismo", contou ela, que descobriu ter a doença em 2000.
- Como foi retornar à TV? Claudia - Também sou professora, mas atuar é superior a tudo. Então, foi emocionante. Estou adorando reviver a rotina do estúdio, me maquiar, arrumar, gravar... sem falar no reencontro com os amigos. Tudo está cada vez melhor. Eu pedi a Deus: 'Quero voltar a ser como eu era.' E ele me deu o Zorra de presente para poder ficar feliz.
- Trabalhar ajuda a não pensar na doença e ficar bem?
- Eu não penso na doença. Fiquei chateada porque tive que parar. Ficava em casa falando comigo: 'Quero voltar a gravar.' Maurício Sherman, o diretor, é como um pai. Lúcio Mauro, meu parceiro de cena, também.
- Foi difícil ficar longe da TV?
- Foi, mas era preciso. Continuo em tratamento. Uma vez por mês vou ao Einstein tomar o remédio, injetado na veia. Vou com a tia Margarida Salerno, que me dá força. Todos falavam de lá e realmente tudo melhorou quando comecei a me tratar lá com os neurologistas Rodrigo Barbosa Tomaz e Charles Peter Tilbery.
- O que aconteceu em 2009?
- Estava gravando A Diarista, pronta para reestrear, quando comecei a ter dificuldades. A memória começou a travar. Após ensaiar, esquecia as marcas.
Regina - Atingiu um pouco a fala e o caminhar.
Claudia - As pessoas me perguntavam se estava tudo bem, eu dizia que sim. Na minha cabeça estava ok, mas falava enrolado.
- Os sintomas persistiram após a internação? Como você está?
- A crise levou esses dez dias. Agora, estou ótima, mexo tudo. Só não me mexo mais porque sou preguiçosa. (risos) Preciso voltar à malhação. Graças a Deus, a doença nunca chegou a um estágio mais grave e nem vai chegar.
Regina - Ela aproveitou esse momento para descansar. Lógico, ficou aborrecida, queria trabalhar, aí teve um pouco de depressão.
Claudia - Fiquei bem deprimida, não queria fazer nada. Os amigos chamavam para sair, agradecia e não ia. Sempre fui festeira, mas não achava mais nada divertido. Ler notícias que estava assim ou assado ajudou a me deprimir, porque, na verdade, eu estava bem.
Regina - O povo é carinhoso, nunca esqueceu dela. Na rua, querem autógrafo, foto. Ela marcou, marca e está cada dia melhor.
- Como reagiu ao descobrir que tinha esta doença, em 2000?
- Foi um susto. Minha primeira pergunta para o médico foi se eu poderia ter filho, foi a maior preocupação. Fiquei feliz quando ele disse que era possível. Há estudos, inclusive, de que a gravidez faz a esclerose melhorar devido aos hormônios. Enfim, tive a Iza e voltei a ter o surto em 2009, também por problemas pessoais, estresse.
- Como está sua saúde hoje? Tem dificuldade para gravar?
- Faço tudo direito. Alguns veículos disseram que nos bastidores comentavam que não estou bem. Mas Sherman já declarou que chego lá com o texto em cima. A memória está boa, está tudo certo, voltei a fazer o que faço melhor.
Regina - Ela mexe muito as mãos. Se virem programas antigos da Ofélia, vão ver que era assim.
- Agora, leva vida normal ou tem restrições? Regina - Não pode calor, banho quente, se expor demais ao sol.
- Quais são os prognósticos?
- O remédio que uso já é um avanço. Cada vez que faço ressonância magnética, me dão parabéns, estou cada vez melhor. Pus nas mãos de Deus.
- Você leva vida normal?
- Nesta semana em que se comemora o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, participo de um evento em São Paulo. Vou falar às pessoas que é como se tivesse um problema comum. Eles me disseram que tendo controle, está tudo ok. É como uma diabete. Tem um tipo de esclerose que a pessoa pode deixar de andar, enxergar... Acho que a minha não é tão agressiva.
- Onde busca forças? Claudia - Tem de acreditar em Deus. Rezo muito. E penso na minha mãe e na Iza. Tenho medo de não poder dar assistência a elas. Iza sabe que tenho a doença, mas não tem noção do que é. Para ela, não posso ter problema. Acho que a Globo está me testando para quem sabe voltar em A Diarista. A emissora me ajudou muito nessa fase.
- Não se questionou por que você desenvolveu a doença? Claudia - Foi um baque. Deus me deu o dom de fazer humor e de repente quer me pôr em casa quieta. Mas mantive o humor e agora que voltei a trabalhar, sou outra pessoa. Deus está me ouvindo.
Regina - É um choque para todos. Acredito em Deus e para ele tudo é possível. Meu filho se suicidou na minha frente com um tiro na cabeça, depois perdi meu marido com câncer generalizado. Quem passou por isso não podia esmorecer. Só podia ajudar.
- E os amores, Claudia?
- Não quero. Estou casada com meu trabalho. Não sinto falta.
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