Filme 'Capitães da Areia' estreia no Festival do Rio e a diretora Cecília Amado, neta de Jorge Amado, lembra do avô
Cecília Amado (35) mostrou todo o seu orgulho em adaptar para as telonas o livro escrito por seu avô, Jorge Amado (1912-2001), o Capitães da Areia, que estreia nesta sexta-feira, 7. Ela foi a responsável pela direção do filme e adorou o resultado final. “Fazer ‘Capitães da Areia’, um livro tão conhecido, era um desafio e tanto, e eu queria fazer um cinemão, com tudo o que tem direito. Esse trabalho foi uma ousadia, porque fazer cinema no Brasil custa caro. Quando li o livro pela primeira vez, meu sonho era ver os capitães correndo pelas areias da Bahia, e se quiserem ver esse sonho, vão conseguir através do filme e viajar a lugares que nem a literatura conseguiria imaginar”, afirmou ela.
Ser neta de um dos maiores escritores nacionais não ajudou muito na hora de produzir o longa. “Não foi fácil por ser neta dele, mas foi bem confortável. Eu conheci o Jorge Amado 50 anos depois que ele fez o livro. Minha relação foi muito direta e fui muito ligada ao Jorge, que me educou e formou meu olhar”, contou, completando sobre a ótima relação com o avô. “É impossível lembrar dele e não me emocionar. Lembro da voz dele e o acompanhei escrevendo seus últimos romances, inclusive o livro de memórias. A gente era bem cúmplice um do outro”.
Cecília guarda boas recordações dos momentos ao lado de Jorge Amado, principalmente de quando morou fora do país com ele. “Passei todos os verões da minha infância em Salvador junto com meu avô. Na adolescência, fui viver na França e foi, coincidentemente, a mesma época em que ele foi morar lá. Éramos vizinhos do mesmo bairro. Nessa época, eu era fanática pelo Ayrton Senna e ele me provocava dizendo que o Alain Prost ia ganhar as corridas. Ele mandava bilhetes, telefonava, era bem coisa de avô mesmo”.
No próximo ano, será comemorado o centenário de nascimento de Jorge Amado e as comemorações estão sendo planejadas. “Todo o carnaval da Bahia vai ter como temática a história da vida dele, a Imperatriz Leopoldinense também vem com ele e vai ter vários projetos, festivais de cinema... Muita coisa vem por aí”, revelou Cecília.
O músico Carlinhos Brown (48) também marcou presença na estreia do filme no Festival do Rio e fez questão de comentar seu trabalho na trilha sonora do longa. “Fazer a trilha deste filme foi uma responsabilidade gigantesca. Primeiro por estar na Bahia, que tem grandes músicos, e foi especial por ter sido convidado pela neta do Jorge”, disse ele, que conseguiu enxergar uma proximidade com os personagens. “Eu me sinto um capitão de areia muito bem sucedido. Nunca fui abandonado por meus pais, mas vivi nas ruas e foi na rua que encontrei toda a minha possibilidade de sonhar. A rua é a busca da busca, de buscar o conhecimento, a educação. Tudo isso me enriqueceu e a música me alçou a boa condição de vida. A maior lição das ruas é ter família, é ela que nós precisamos ouvir. A família é a base de tudo e deve conduzir melhor seus filhos e idosos”, aconselhou.
Outro músico que ajudou na trilha foi Zéu Brito (34). “Capitães da Areia’ é genial. É uma obra perfeita e foi um dos primeiros livros que li na vida. Ler e participar disso é fantástico. Sou devoto deste homem. Jorge é uma atmosfera. Faço uma pequena participação no filme com a música ‘Direito de Sambar’. Apesar de ter participado pouco, me diverti muito, foi uma experiência maravilhosa”.
A atriz Ana Cecília Costa (40) também cruzou o tapete vermelho do festival e falou de sua personagem. “Faço a Dalva, uma mulher bem brasileira e sensual. Foi uma honra ter feito esse filme. Ela tem o contato com a garotada mais nova, que traz vida para ela. Estou muito orgulhosa de ter feito esse filme”, comentou ela, que adora ir ao Festival do Rio. “Curto demais, é a oportunidade de mostrar a produção brasileira. E hoje estou nervosa, sempre fico assim em dia de estreia, ainda mais porque estou no Rio e morei muito tempo aqui”.
A atriz Vanessa Lóes (39) é fã da obra do escritor e foi conferir a exibição do longa. "Jorge amado não tem como ser ruim. A gente já faz parte do princípio de que vai ser bom. O filme foi muito bacana, e 'Capitães da Areia' foi o primeiro livro dele que eu li dele, foi uma referência para mim".