Animais deixados em áreas públicas colocam saúde da criança em risco
Cristina Muccioli (CRM - 61.819). Publicado em 12/12/2007, às 16h05 - Atualizado em 29/06/2010, às 18h44
Aumentou muito no país o número de pessoas que adotam cães e gatos. Cresceu também a quantidade de animais abandonados em locais públicos. De outro lado, nesta época do ano a temperatura vai subindo e as pessoas, sobretudo crianças, vão mais à praia. Mães e babás também levam mais os pequenos a parques e playgrounds. É grande, então, o risco de, ao brincar na terra ou na areia, contraírem doenças transmitidas pelas fezes de animais, como toxocaríase.
A toxocaríase é causada pelo toxocara, verme que habita o intestino de filhotes de cães e gatos, sobretudo cães jovens, não tratados com vermífugos. O toxocara pode ser contraído em casa, claro, se a higiene não é boa ou a criança lambe seu cãozinho, por exemplo. Mas é mais comum ela se infectar na praia e no playground, ao pôr terra ou areia na boca e ao ingerir água e alimentos contaminados com ovos das larvas.
No organismo humano, o toxocara atravessa as paredes dos intestinos e entra no sangue. Pode causar manifestações sistêmicas, que se caracterizam por aumento no volume do baço e do fígado, urticária na pele e infecções respiratórias como a pneumonia e a asma.
Quando o toxocara não provoca o quadro sistêmico, em geral ataca o globo ocular em especial de indivíduos de 6 a 15 anos. O verme chega ao olho pelo sangue e se aloja na retina. Pode provocar, então, uma lesão chamada granuloma (bolinha que cresce) na área principal da visão ou na periferia da retina. Os dois tipos levam freqüentemente à inflamação dos tecidos próximos, que podem ser destruídos e tracionar a retina, descolando-a. Existe o risco de os pacientes terem perdas significativas de visão ou mesmo cegueira definitiva.
O toxocara pode ainda inflamar todos os tecidos do globo ocular, o que é conhecido como endoftalmite. Costuma causar atrofia e perda definitiva de visão. Como se vê, quando alcança o globo ocular a toxocaríase é grave. O consolo é que nunca atinge os dois olhos.
A indicação inicial da doença - diminuição da capacidade visual - muitas vezes nem é relatada pelas crianças. Assim, a toxocaríase é descoberta nas fases mais avançadas, quando o quadro se complicou. Adultos portadores se queixam de embaçamento visual ou da presença de ponto negro na visão e de mancha negra no eixo visual. É comum, nos casos de endoftalmite, terem também dores ou vermelhidão no olho.
Você pode evitar a toxocaríase com medidas simples. Cuide das crianças na praia e em playgrounds. Se tem animais em casa, leve-os ao veterinário para tomar vermífugos e outros remédios. Mantenha as crianças longe dos locais onde os animais defecam. Recolha as fezes e higienize logo o local onde estavam. Não deixe as crianças dormirem com animais. Obrigue-as a lavar as mãos antes das refeições. De outro lado, pais devem valorizar queixas de perda visual dos filhos e levá-los ao médico oftalmologista. Adultos com sintomas também precisam consultar logo um especialista.
O diagnóstico de toxocaríase é realizado com dilatação da pupila e análise do fundo do olho. Faz-se ainda exame de sangue para detectar a presença de anticorpos contra o toxocara. O tratamento, enfim, é feito com medicamentos específicos ou cirurgia. Nos quadros iniciais, em geral a toxocaríase ocular pode ser tratada, diminuindo o risco de cegueira. Já nos mais graves, o paciente pode ficar com déficit visual ou até cego do olho atingido.
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