Os próximos voos da neta de Vinicius
Neta do poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980), Mariana de Moraes (41) cresceu ao lado da nata dos músicos da bossa nova e da tropicália. E, desde bem pequena, sonhava ser cantora. “Com uns 3 anos, já colocava todo mundo sentado na sala de casa para assistir aos meus shows. Era muito desinibida, ao contrário de hoje, que sou tímida”, lembra, na Ilha de CARAS. Sua carreira acabou tomando outro rumo. Em 1986, protagonizou o longa Fulaninha, que rendeu destaque no cinema. No mesmo ano atuou também em O Homem da Capa Preta e, meses depois, interpretou Leila Diniz (1945-1972) jovem no filme homônimo. No entanto, ultimamente, decidiu voltar à primeira paixão. Empenhada em lançar o segundo CD solo, ela recorda o especial incentivo do famoso avô paterno. “Ele costumava dizer, todo orgulhoso, quando eu era criança: ‘Como canta afinadinha a minha netinha’. Tinha 11 anos quando ele morreu, mas lembro bastante e com muito carinho dele”, conta, emocionada.
Vinicius será relembrado no próximo trabalho de Mariana com Seule, uma música dele em parceria com Pixinguinha (1897-1973). Ela também vai mostrar criações próprias como Flores e Frutos, que dá título ao disco. “Meu estilo é samba e bossa nova, algo bem clássico e ligado à tradição da música brasileira”, explica Mariana, filha do fotógrafo Pedro de Moraes (69) e da atriz e ex-modelo da Chanel Vera Valdez (75), também conhecida como Vera Barreto Leite. A cantora, que costuma se apresentar pelo Brasil e pelo mundo em homenagens ao avô, como no ano passado em que foi à França e à Colômbia pelo 30o aniversário de morte do Poetinha, divide sua paixão pelas artes com a dedicação à unica filha, Maria Luisa (13), da união com o diretor de arte Claudio Amaral Peixoto (43), atual marido da atriz Camila Pitanga (34).
– Você já compôs alguma canção para Maria Luisa?
– Não sou muito compositora, sou mais uma intérprete. Procuro cantar músicas que tenham algo a ver com a minha identidade. Como o amor pela vida, o carinho pelas coisas. Uma das minhas missões é a de divulgar o que temos de bom aqui, fazer algo bonito para acalmar o coração das pessoas. Mas, com certeza, Maria Luisa merece que eu escreva uma música para ela. Ainda vou fazer isso.
– Você acredita que ela vai aumentar a geração de artistas na família?
– Minha filha estuda piano, canta bem, mas quer ser designer. Ela também estuda teatro no Tablado e é supertalentosa como atriz, além de ser linda de morrer. Mas eu e a madrasta dela, que, na verdade, é uma ‘boadrasta’, muito carinhosa e uma mulher de caráter, a preservamos. Na nossa opinião, criança tem que ser criança. Eu fiz sucesso muito jovem, teve o lado bom, mas é difícil também. Então, não ficamos dando força. Até hoje, ela fez somente comigo, e quando era bebezinho, uma participação no clipe da música Bob, do Otto.
– Como educa sua filha?
– Passo a ela valores como o de ter doçura com as pessoas. Maria Luisa é muito generosa, gentil. Isso eu consegui transmitir (risos).
– Ter outros filhos faz parte dos seus planos?
– Quem sabe, tudo é possível. Mas estou solteira. E tenho ainda vontade de adotar uma criança.
– O que vem na cabeça quando pensa no seu avô?
– A lembrança de um homem generoso, carinhoso, muito do bem e que faz falta hoje em dia. Teve um momento bem emocionante para mim. Um dia, quando eu tinha sete anos, ele me deu um gravador de presente e disse: “É para você cantar e ouvir a sua voz, como é bonita, fazer suas músicas”.
– Guarda algo dele com você?
– Nada de material. Somente fotos. E canto suas músicas. Acho que o maior presente que tenho dele são as canções.
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