Confira roteiro com praias incríveis, cachoeiras, ilhas, trilhas e muito mais
Começando em Bertioga e se estendendo por vários quilômetros, o circuito Litoral Norte inclui
também as cidades de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba. São praias de todos os estilos, com onda, sem onda, enseadas, de mar aberto, com enormes rochedos – enfim, uma enormidade de atrações e paisagens de tirar o fôlego.
Mirantes, parques naturais, reservas marinhas, aldeias indígenas, Serra do Mar, rios cristalinos, cachoeiras e cenários mágicos também configuram esse roteiro. Vale destacar que o Litoral Norte oferece áreas naturalmente privilegiadas que permitem a prática de atividades de aventura, esportes náuticos e muito mais.
O roteiro do Circuito Litoral Norte tem sido a menina dos olhos da atual Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. Trata-se de uma das regiões turísticas mais belas da nossa costa, além de estar situada entre os dois principais aeroportos internacionais do país (Guarulhos e Rio galeão).
Descendo pela Rodovia dos Imigrantes para quem sai de São Paulo, o acesso a Bertioga se dá pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni. A cidade abriga cerca de 33 km de praias, a maioria delas ainda bastante preservadas. Bertioga quer dizer “morada dos macacos grandes” em tupi-guarani, e a cidade orgulha-se por abrigar belezas da fauna e da flora, com espécies como tié-sangue, bicho-preguiça, mais de duas dezenas de tipos de orquídeas, bromélias, entre outras. Aliás, mais de 90% do território de Bertioga é área de preservação permanente.
Nos rios Itapanhaú, Jaguareguava e Itaguaré, é possível realizar passeios de barco e excursões de pesca
esportiva, enquanto as praias contínuas são um convite para surfe e esportes náuticos. A cidade abriga a mais antiga fortaleza construída no Brasil, datada de 1532: o Forte São João. Bertioga é celeiro de artesãos e artistas plásticos e, lá, também é possível encontrar utensílios indígenas.
Há, ainda, a deserta Itaguaré, onde o rio homônimo deságua no mar, formando um lindo espetáculo natural e bancos de areia aparecem na maré baixa, e a tranquila Guaratuba, terminando em Boraceia, a mais popular da cidade, que já faz divisa com São Sebastião. Nessa área, estão as terras indígenas do Rio Silveira, onde vivem cerca de 500 guaranis. A aldeia mantém viva sua cultura, com danças, músicas, culinária e artesanato típico.
As águas calmas do Canal de Bertioga, um extenso braço de mar que marca a divisa entre Bertioga e Guarujá, são pontuadas por inúmeros barcos de pesca coloridos. Aliás, a pesca não só é fonte de renda para a cidade, mas também uma grande atração turística. Na orla do Canal, há um boulevard com restaurantes, sorveterias e lojas; do píer, partem passeios de escuna, nos quais é possível avistar as ilhas
da região e alguns pontos históricos.
Quem pensa que Bertioga é só praia pode se enganar. O Parque Estadual da Serra do Mar abriga
inúmeras atrações ecológicas. Faça contato com uma agência de receptivo local para agendar um mergulho na Cachoeira Véu da Noiva, para pescar no fabuloso e preservado Canal de Bertioga ou nos rios Guaratuba ou Itaguaré.
A Riviera de São Lourenço, a 16 km do centro de Bertioga, é quase uma cidade à parte, com os luxuosos condomínios e as casas de veraneio. A praia de São Lourenço, com acesso pela Riviera, é também uma das mais agitadas da cidade.
O ecoturismo vem ganhando espaço, favorecido pela natureza no sopé da Serra do Mar. Entre as atrações, há trilhas, passeios de canoas e a visita a cachoeiras escondidas na imensidão exuberante da
Mata Atlântica, que abraça toda a área territorial do município.
São Sebastião exibe aquele visual típico do Litoral Norte, encontrado apenas em poucos lugares do mundo, com montanhas emoldurando belas praias tropicais. Mas, muito além do sol e do mar, São Sebastião surpreende pela variedade de passeios, que envolvem ecoturismo, aventura, gastronomia e cultura. Com cerca de 70% de sua área protegida por unidades de conservação, como o Parque Estadual da Serra do Mar, o turismo no município contribui para a preservação dessa exuberante natureza.
Há mais de 30 praias ao longo do extenso litoral de São Sebastião. Fica até difícil definir qual é a melhor delas. De locais praticamente desertos a pontos bem badalados, a escolha vai depender do perfil do viajante. Os visuais são sempre deslumbrantes: a areia clara e fofa e a praia emoldurada pelo verde da Serra do Mar. No verão, o mar fica bem calmo e com uma temperatura em torno dos 30°C – perfeito para um bom mergulho.
Uma das praias mais populares é Maresias, referência mundial em surfe. Há, também, Barra do Una, Juquehy, Barra do Sahy, Paúba, Baleia, Cambury e Camburizinho, entre muitas outras. Em Toque Toque Pequeno, a apenas um quilômetro da costa, a água é tão cristalina e repleta de peixes que essa praia virou ponto de mergulho. Como a profundidade não é grande e o mar é mais tranquilo, o local é perfeito para os mergulhadores iniciantes. Entre Cambury e a Barra do Una, existem várias ilhas que podem ser visitadas em passeios de bate e volta. A das Couves, a dos Gatos, As Ilhas e a Montão de Trigo são redutos de tranquilidade, com pontos para o mergulho livre.
A 45 km da costa de São Sebastião, está o arquipélago de Alcatrazes, onde praticamente não existem vestígios do ser humano e a natureza se apresenta em todo seu esplendor. São enormes rochedos
arredondados cobertos por vegetação e rodeados por um mar cristalino. Em Alcatrazes, é possível encontrar animais endêmicos e mais de 1.300 espécies diferentes, incluindo tartarugas, baleias, arraias e golfinhos. Sua biodiversidade de peixes é maior que a de Fernando de Noronha.
Fechado há décadas para treinamentos da Marinha, o Arquipélago de Alcatrazes é agora Refúgio de
Vida Silvestre sob gestão do ICMBio e foi aberto oficialmente para o turismo há poucos anos. Para proteger o ecossistema local, o desembarque nas ilhas é proibido, e o passeio só pode ser realizado através de operadoras cadastradas pelo ICMBio e com barcos autorizados.
A visita inclui trajeto de barco até a Ilha de Alcatrazes, a maior do arquipélago, e mergulho para
contemplação, que pode ser com cilindro ou snorkel. Aliás, Alcatrazes é um dos melhores destinos de
mergulho do Brasil, com 10 pontos diferentes, temperatura da água muito agradável no verão e uma
visibilidade que pode chegar a 30 metros.
Em Cambury, seguindo pela estrada Rio das Pedras, há uma trilha que leva às Cachoeiras do Sertão
do Cacau. Com nível médio de dificuldade, o trajeto de cerca de um quilômetro dentro da mata fechada
proporciona visuais incríveis. As cachoeiras no final fazem valer qualquer esforço, com piscinas naturais
de águas refrescantes e cristalinas em tons de verde.
Outra trilha que guarda boas surpresas pelo caminho é a da Praia Brava. Com um percurso de quatro
horas (ida e volta) e um terreno mais íngreme, dá acesso a pontos privilegiados para birdwatching, a
um mirante com vista para Boiçucanga e para a própria Praia Brava, uma das mais desertas e paradisíacas de São Sebastião. A maioria das trilhas fica na costa sul. Para um passeio mais tranquilo e seguro, é recomendada a contratação de agências e guias.
Separada do continente pelo canal de São Sebastião e acessível por balsa, Ilhabela é um pedaço do
paraíso no litoral paulista. Famoso destino de veraneio, guarda algumas das melhores praias do estado.
Além disso, cerca de 85% de sua área corresponde ao Parque Estadual de Ilhabela, onde a Mata Atlântica permanece intocada.
Há mais de 30 praias para conhecer em Ilhabela, para todos os perfis. As praias do centro – mais urbanas –, do norte e do sul são acessadas com mais facilidade, seja de carro, a pé ou de bicicleta (há vários quilômetros de ciclovias pela orla). Entre elas, estão a Praia do Curral, a Praia do Julião, a Praia da Feiticeira e a Praia do Perequê.
Já as praias mais isoladas demandam um pouco mais de esforço, já que são acessadas por trilhas, com veículos 4×4 ou em passeios de barco oferecidos pelas agências locais. Mas, com certeza, compensam pela beleza, já que são cercadas por muito verde e com um visual mais selvagem, como a Praia do Jabaquara, a Praia de Castelhanos e a Praia do Bonete.
Outras praias tranquilas, perfeitas para quem viaja com crianças, são a do Viana, ótima para o mergulho e outros esportes aquáticos, como o caiaque e o stand-up paddle, e a do Oscar, bem intimista e com uma piscina natural no canto direito. Para quem busca águas calmas e trechos mais rasos, uma boa opção é a Praia do Julião, com areia branca e fina e pequenas piscinas naturais.
Além de ser a Capital Nacional da Vela, Ilhabela também é um reconhecido destino de mergulho, atividade que acontece em pontos como a Ilha das Cabras, a Ilha de Búzios e os naufrágios da região. O litoral da ilha serve de abrigo para quatro espécies de baleias e sete de golfinhos, como a baleia-jubarte, a baleia-tropical, a orca e o golfinho-nariz-de-garrafa. Esses incríveis animais podem ser avistados em diferentes épocas do ano.
Coberta pela Mata Atlântica preservada, Ilhabela temdezenas de cachoeirasabertas à visitação e trilhas para todos os graus de experiência no Parque Estadual. A Trilha da Cachoeira dos Três Tombos, próxima à Praia da Feiticeira, é a mais curta e mais acessível de todas. A caminhada de menos de 400 metros leva a um relaxante banho de cachoeira na primeira das três quedas d’água.
Outras opções são a Cachoeira da Água Branca, a Cachoeira da Laje e a Cachoeira do Gato. Para encarar as trilhas mais difíceis, como a que leva ao Pico do Baepi, contrate um guia local credenciado. Quando for se aventurar pela mata, não se esqueça de levar um bom repelente.
De volta ao lado mais urbano de Ilhabela, o centro do agito é a famosa Vila, onde fica também o centro
histórico. Com um característico casario colonial, de construções coloridas e bem preservadas, essa área abriga grande parte do comércio de Ilhabela, além de muitos bares e restaurantes. Destaque também para a Igreja Matriz de Nossa Senhora d’Ajuda e Bom Sucesso.
Perto dali está a Fazenda Engenho D’Água, grande patrimônio histórico de Ilhabela. Com uma área de 43 mil m² em meio a muito verde, oferece visitas monitoradas. A fazenda abriga estruturas em ótimo estado de conservação, como a bela casa sede, que data de meados do século XVIII, o engenho de cana-de-açúcar e os alambiques, além dos bem cuidados jardins de frente para o mar.
Outra cidade do roteiro pelo Litoral Norte é Caraguatatuba, que, na tradução, significa “lugar de muitos caraguatás” (uma espécie de planta que dá em abundância em locais com muitas lagoas). A cidade é também considerada uma das portas de entrada para o Litoral Norte de São Paulo, pois é onde termina a Rodovia dos Tamoios. Cerca de 50% das casas por ali pertencem a veranistas, a maioria proveniente das
cidades do Vale do Paraíba. Caraguatatuba possui largas avenidas à beira-mar, calçadões com enormes
ciclovias e pistas para caminhadas.
As praias centrais são as mais movimentadas. Entre elas, a Martin de Sá é boa para a prática do surfe e
fica badalada à noite. Outra bastante frequentada é a Praia do Centro, com ciclovia e calçadão que ficam
lotados constantemente. A Praia da Freira tem acesso por uma trilha de 10 minutos e é indicada para pesca e canoagem. As praias do sul são, na maioria, impróprias para banho. Porto Novo é um tradicional polo pesqueiro e abriga diversas colônias de férias.
Na praia do Romance, a água é bem escura devido ao material orgânico trazido pelos riachos. Palmeiras tem areias barrentas. Indaiá tem prédios residenciais baixos e é mais urbanizada. O sossego mora mais ao norte, em praias como a da Tabatinga, que é cercada por condomínios de casas luxuosas e tem grandes marinas. A Tabatinga é a última praia de Caraguatatuba em direção ao norte, sentido Ubatuba. Ela está quase na divisa das duas cidades.
Além da Tabatinga, podemos destacar, rumo ao norte, as praias Brava, com mar verde e ondas muito fortes, Massaguaçu, uma praia de tombo perigosa para banhos, e Cocanha, com um quilômetro de
orla com coqueiros e areia clara entre as barras de dois riachos. Ela tem algumas boas barracas e, de lá,
é possível contratar passeios de barco para explorar e conhecer as ilhas da Cocanha e do Tamanduá. Vale a pena. Outra praia bastante procurada, com aproximadamente 1,2 km de extensão, é a Praia da Mococa. Ali, o mar é limpo e tranquilo, ótimo para esportes náuticos.
Para completar a sua experiência em Caraguatatuba, vale uma visita à Fazenda do Mexilhão, ao Morro de
Santo Antônio, onde se descortina uma vista deslumbrante do litoral, à Pedra do Jacaré, ao lindo rio Juqueriquerê e, para quem gosta de arte e artesanato, ao Núcleo de Cerâmica TerrAmar.
Terminando o nosso roteiro, vamos falar de um dos mais impactantes destinos de praia do Brasil. Ubatuba tem mais de 100 km de costa e mais de 100 praias catalogadas, entre a parte continental e suas ilhas. É preciso tempo para explorar parte do grande potencial turístico da cidade. O jeito é conhecê-la aos poucos, curtindo o verde que completa o visual das baías e enseadas.
O Parque Estadual da Serra do Mar abrange 80% da área total do município. Na parte sul do litoral de
Ubatuba, predominam balneários com quiosques, que lotam aos finais de semana e durante as férias de verão. Ao norte, estão as praias mais tranquilas, como as belas Prumirim e Camburi. Surfistas aproveitam as ondas de Itamambuca (que recebe competições nacionais e internacionais) e as formações tubulares na Praia do Félix.
Outra joia local é a praia da Sununga – embora de tombo, é ideal para a prática do skimboard. Muitas dessas praias ainda permanecem intocadas. Junte a isso inúmeros rios, cachoeiras, cenários propícios para praticar ecoturismo, observação de aves, esportes de aventura, mergulho ou apenas o ar puro
vindo do mar. Entre morros da Serra do Mar, Ubatuba oferece uma combinação privilegiada de mar esverdeado e muita Mata Atlântica.
Quem busca movimento, agito, barzinhos e gente descolada bate ponto na Praia Grande. Outro lugar
de agito constante é a Praia do Tenório. Crianças se esbaldam nas águas tranquilas do Lázaro, Domingas Dias e Lagoinhas. E, para fugir do agito, o que não falta é praia quase sempre deserta, como Camburi, Fazenda, Justa e Puruba. É imperdível visitar Picinguaba, tradicional colônia caiçara, que tem uma praia pequena com águas transparentes e tranquilas.
Além dos barcos de pescadores, há várias pessoas que pescam de pé no mar. Outra praia incrível é Ubatumirim. A praia é bastante extensa, mas dividida pelo rio Iriri. Boa para caminhadas em função da faixa de areia grande e dura, tem campings e algumas barracas de praia, principalmente agora, no verão.
Vale a pena realizar um passeio de escuna pela Ilha Anchieta. Escunas saem do Saco da Ribeira ou de Itaguá, bem no centrinho da cidade, e ancoram na Praia do Presídio. Na era do governo de Getúlio Vargas (nos anos 30), o local abrigou, de fato, um presídio político. Os roteiros, que podem incluir mergulhos e trilhas, duram cerca de quatro horas e devem ser contratados com a Mykonos Turismo.
Uma ida ao Aquário Municipal ou ao Projeto Tamar é uma boa pedida para os dias nublados. Ubatuba
tem um dos maiores índices pluviométricos do Brasil, em função da preservação de suas matas. Principalmente no verão, as chuvas são quase que diárias, mas os momentos de sol e calor compensam qualquer tempo ruim.
Junto a toda essa natureza intocada, estão diversas comunidades tradicionais formadas por quilombolas, indígenas e caiçaras, que possuem seu modo de vida e cultura particular e que, até os dias de hoje, mantêm vivas suas tradições e costumes, como a canoa caiçara, a cestaria guarani e o azul marinho (prato típico que tem como base peixe cozido e banana verde).
A cozinha caiçara é simples, porém rica em sabores. A peixada batizada de azul marinho leva banana-nanica verde, postas de peixe – que pode ser garoupa, badejo, namorado ou dourado – e temperos como tomate, cebola, coentro e alho. Chega à mesa sempre borbulhando, geralmente numa cumbuca de barro.
O pirão que acompanha pode ser feito com farinha e banana amassada. Durante o dia ou a noite, Ubatuba está sempre pronta para acolher os visitantes. Tem bom comércio, ótimos restaurantes na maioria das praias e principalmente em Itaguá, onde é possível comer de peixes fresquinhos com camarão à melhor pizza do litoral. Você pode se refrescar também com os sucos de frutas tropicais ou experimentar os deliciosos sorvetes Rochinha.
Texto originalmente publicado na Revista Qual Viagem (Edição 95).
Por Cláudio Lacerda Oliva e Patrícia Chemin