Em Angra, o casal apaixonado dança ao som do saxofone e, com bom humor, conta como conduz o relacionamento
A diferença de 36 anos entre o apresentador Cid Moreira (86) e sua mulher, a jornalista Fátima Sampaio Moreira (50), não interfere no dia a dia do casal, que este ano comemora 14 anos de um relacionamento levado, desde sempre, com muita leveza. “Não percebo essa questão da idade. Por enquanto, tudo continua funcionando muito bem. O segredo da nossa felicidade é que ela é uma mulher maravilhosa, dedicada, educada, tem todas as qualidades do mundo”, desmanchou-se ele. Na Ilha de CARAS, dançando ao som do saxofonista Breno Morais (32), Cid e Fátima mostraram uma cena semelhante ao romântico cotidiano deles. A jornalista costuma definir-se como uma mulher grudenta, o que, de certa forma, segundo ela, apimenta a relação. “Gosto de beijar, abraçar e, de tanto agir assim, o Cid passou a fazer também. Então, ele tem um comportamento bem legal, gosta que eu me arrume, quer me ver bonita. De repente, fala: “Vamos comemorar algo!’. Então, assistimos a um filme romântico ou sensual na sala de cinema da nossa casa na serra do Rio, estouramos um champanhe, dançamos. Adoramos dormir abraçados, com as pernas entrelaçadas”, destacou ela. “Lá, também namoramos, bebendo vinho diante da lareira”, emendou Cid.
Com humor, característica do casal, Fátima lembra que a relação tem dado certo mesmo com o temperamento e a maneira de pensar diferentes. “Brinco que sou uma sombrinha pernambucana de frevo e ele, um guarda-chuvinha inglês, mas andamos juntos. Estou no meu segundo casamento e sou a quarta mulher dele. Nas relações anteriores, já havíamos aprendido o que não dá certo e não cometemos os mesmos erros. Eu o ponho em primeiro lugar na minha vida, acredito que ele também faça isso comigo. De vez em quando, ficamos tristes, mas são pequenas coisas diante dos nossos sentimentos nobres”, disse ela.
No campo profissional, Cid, que apresentou o Jornal Nacional de 1969 a 1986 e também fez locução no Fantástico, tem dedicado-se a gravar a Bíblia nos últimos anos. Em março, lançou o CD de orações, salmos e mensagens O Senhor é Minha Proteção. E, no momento, prepara-se para gravar os sete livros apócrifos católicos. O trabalho deve levar um ano para ficar pronto e a intenção da Sociedade Bíblica do Brasil é que o papa Francisco (77) receba o disco das mãos de Cid. Em seus projetos, ele conta sempre com a colaboração da mulher. “Nesse, vou gravar as vozes femininas e farei o backup”, contou Fátima.
– Cid, você não sente falta do trabalho na televisão?
– De vez em quando, sou solicitado pela Globo e gravo alguma coisa, mas não sinto saudade. Vivi várias fases e, graças a Deus, todas foram bacanas e feitas com empenho. Comecei pelo rádio, onde convivi com humoristas que arrebentaram, como Zé Trindade e Chico Anysio. Teve a era do cinema, com o Canal 100, também maravilhosa. E nas gravações da Bíblia, tudo tem dado certo.
– Como mantém a vitalidade e energia no trabalho e na vida?
Cid – Sou um cara meio exagerado nos exercícios, faço musculação, pilates e, sempre que posso, bato minha bolinha, jogo tênis. Além disso, tenho hábitos alimentares saudáveis, como muita salada, alimentos integrais. Há mais de meio século, tirei a carne vermelha do meu cardápio. O máximo que me permito são os frutos do mar, a sardinha e o salmão.
– A saúde continua perfeita?
Cid – Graças a Deus. Eu trabalho para o chefão. Quem é o chefão? Então, estou nas mãos Dele. Agora, realmente, me sinto muito bem. Minha fisioterapeuta diz que tenho a musculatura de um homem de 60 anos. Minha memória também está ótima. A Fátima, por exemplo, tira as coisas do lugar e não lembra onde colocou. Eu não esqueço, tenho cabeça jovem.
Fátima – Mas ele não finge ser mais novo. Me dói biologicamente, porque a gente sabe que o fim está mais próximo. Mas a vida também tem surpresas. Quantas pessoas mais jovens foram embora antes? Mas, por mais que seja forte, a fragilidade vem. Você pode até suavizar o passar dos anos, mas o tempo é inexorável, cruel. Se Cid tem uma gripe, procuro logo fazer algo para evitar que ele fique mais doente e que aquilo se transforme em pneumonia. Eu cuido mesmo, quero proteger, tenho essa preocupação, e isso é amor. Nessas horas, me sinto mais mãe. Tem momentos em que sou filha, amiga, amante. E o Cid é cheiroso, limpinho. Algumas pessoas, quando ficam mais velhas, costumam se entregar, não têm mais qualquer ânimo para ficar se cuidando, ao contrário do Cid. Acho que meu marido é um belo exemplo.