O mercado brasileiro de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal já é o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão. Em 2011, o setor cresceu 18,9% impulsionado por um faturamento de R$ 90 bilhões, segundo dados do instituto de pesquisa Euromonitor International. Os cosméticos para o cabelo e para o corpo são os principais responsáveis por essa ascensão e, dentro dessas categorias, os óleos de origem vegetal se tornaram fenômenos da indústria da beleza. “A mulher brasileira procura exatamente o que o produto oferece: brilho, maciez e perfume. Fatores que criam cada vez mais oportunidades para lançamentos”, diz Rose Ghachache, consultora em cosmetologia especialista em tendências.
E quando o assunto é modismo, o óleo de argan é um hit. O produto, que segundo a lenda já era usado pela rainha Cleópatra, mais recentemente caiu no gosto das brasileiras. O “ouro marroquino”, como é chamado por serem necessários 100 kg de sementes para se produzir 1 litro de óleo, cresce somente no Marrocos, ironicamente, um país onde a maior parte das mulheres cobre os cabelos. O argan promove o fechamento da cutícula do cabelo, que é responsável por protegê-lo da agressão externa, e ameniza a ação danosa de impurezas químicas de tinturas e alisamentos. “O óleo de argan hidrata, dá brilho, modela e protege os fios”, diz Marco Antônio de Biaggi, hair stylist.
Mas como acontece com todos os óleos, o uso do argan exige alguns cuidados. “Ele nunca deve ser aplicado diretamente no couro cabeludo”, diz Bianca Wiedemann, dermatologista da Clínica Dermoleblon e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “O produto pode aumentar a oleosidade natural da camada de pele da cabeça e, com isso, transferi-la do cabelo para o rosto ou ainda agravar casos de dermatite seborreica”, afirma a médica.
Para evitar o excesso, é importante escolher a melhor técnica de aplicação. “Use-o como leave-in (para disciplinar o cabelo) após a lavagem, aplicando somente nos fios”, diz Biaggi. E para tratamentos mais intensos, “coloque algumas gotinhas na máscara capilar de hidratação semanal ou aplique no cabelo antes de fazer escova”, completa. Outra opção é usar o óleo como finalizador. “Depois de fazer baby liss, use duas gotas para dar forma aos cachos”, sugere Biaggi.
Da cabeça aos pés
O poder nutritivo e firmador e o “toque de seda” atribuídos ao óleo encantam e conquistam o público feminino. O argan, a amêndoa, o coco, o açaí, o Monoï (resultado da maceração da flor tiaré, originária do Taiti, com o óleo do coco) e outras matérias-primas naturais, ou a mistura delas, são capazes de atender às expectativas. “O óleo ‘alimenta’ o cabelo e a pele com nutrientes, como vitaminas e ácidos graxos, que são perdidos no dia a dia por causa da ação dos radicais livres (moléculas que danificam as células saudáveis do corpo e estão diretamente relacionadas ao envelhecimento da pele). Assim, eles voltam a ter saúde”, afirma Neliza Junque, responsável por assuntos regulatórios globais da Beraca, empresa brasileira que extrai óleos usados pela indústria cosmética.
Para cumprir a tarefa, o produto age na epiderme, camada superficial da pele, e cria uma película protetora que impede a desidratação, ao não deixar a água ser eliminada, e concentra vitaminas. Além do benefício comum, cada óleo tem uma função específica que varia de acordo com sua principal matéria-prima. O açaí e a semente de uva, por exemplo, contêm antioxidantes naturais (o polifenol e alfa tocoferol) que combatem o envelhecimento da pele. Já o óleo de amêndoas possui alta concentração de vitaminas que ajudam a restabelecer a pele ressecada.
Todo o corpo, inclusive o rosto, é beneficiado pelos óleos. No entanto, existem restrições ao uso. Quem tem pele oleosa deve evitar o produto, principalmente na face. “Essa pele tem glândulas sebáceas mais ativas e o óleo potencializa a produção de sebo, o que pode gerar acne”, diz Cristiane Dal Magro, dermatologista da Clínica Dermatológica Franscisco Leite & Dal Magro. Para os demais tipos de pele, a aplicação está liberada, exceto no peito e nas costas. “Essas regiões são oleosas em todas as pessoas, por isso são mais vulneráveis ao aparecimento de acnes ou dermatite”, acrescenta.
É importante lembrar que pele saudável é sinônimo de pele hidratada. O óleo contribui para mantê-la macia e bonita, mas não age sozinho. “Ele evita a desidratação, mas não atende à necessidade de atrair a água, diferentemente de um hidratante”, afirma Cristiane. Por esse motivo, para equilibrar o uso do produto com todas as necessidades da pele, sua aplicação deve ser feita semanalmente. Nos demais dias, um hidratante específico para cada tipo de pele é indispensável.
Os benefícios dos óleos são notórios. Mas vale lembrar que a orientação de um dermatologista é preciosa para você manter sua pele e cabelo saudáveis e lindos.
Os cuidados ao usar óleos
CABELO: Não aplique o óleo no couro cabeludo diariamente. Use-o apenas nos fios ou misture algumas gotas na composição da máscara capilar.
CORPO: Evite usar o produto em excesso nas costas e no peito. A oleosidade natural mais alta nessas regiões pode causar acne.
PELE: Se você tem pele ou cabelo oleoso, evite usar o produto.
ROSTO: Só pode aplicar óleo no rosto quem tem pele seca. Mesmo assim, em pequena quantidade. Para não interferir na maquiagem, use-o à noite.