No Brasil, o premiado designer Karim Rashid fala do novo luxo e dá três conselhos fundamentais para escolher uma peça de design. Confira!
Há 20 anos, Karim Rashid foi criticado por popularizar o design, quando peças com “assinatura” eram apenas para uma elite. Na época, ele criou uma lixeira plástica que se tornava parte da decoração e era “barata”. Hoje, suas mais de três mil criações, que vão de celulares a lojas, restaurantes, roupas e objetos de decoração, estão presentes em 47 países. E há boas chances de que você já tenha uma peça de Rashid em casa e nem imagine. No Brasil para lançar sua linha de coifas, fornos e cooktops, o designer conversou conosco novamente. A seguir, Rashid fala sobre o novo conceito de luxo e diz como escolher uma peça de design baseado em três princípios básicos.
A cozinha está muito associada à cultura de cada povo. E você desenvolveu uma linha de produtos para a cozinha que será comercializada em dezenas de países. O que você levou em conta na hora de criar essa coleção?
O novo cenário internacional contemporâneo está mudando. O mundo está encolhendo e estamos ficando mais parecidos. A cozinha, a exemplo dos carros, das garrafas de água, estão se tornando universais. Algumas ferramentas ainda vão estar ligadas a uma cultura, algumas culinárias vão permanecer ligadas à tradição. Mas um objeto como um iPod ou o iPhone são universais. E pense em um prato ou tigela, por exemplo, no final são apenas recipientes para alimentos. Não são culturalmente específicos, são globais.
Mas não é contraditório o design se tornar algo tão universal? As pessoas compram peças de design muitas vezes por sua exclusividade e capacidade de diferenciação.
Esqueça o termo design. Era assim. Agora mesmo as coisas comuns vão ficar cada vez mais bonitas e inteligentes. Mais complexas e desenvolvidas. É assim que o mundo é, é assim que a humanidade é. Como os produtos digitais. Eles estão ficando cada vez mais baratos, rápidos, melhores e mais complexos, mais humanos.
E o que é o luxo nos dias de hoje?
O novo luxo é ter o sapato mais confortável, macio e legal por apenas R$ 40. O luxo deixou de ser elitista. Ele não está mais na fronteira, não é mais inatingível. Essa é uma visão ultrapassada.
Quando você lançou uma lixeira há quase duas décadas, que era um ícone de design, você foi criticado. Hoje todos os designers querem ser “populares”. O que mudou?
Eu fui muito criticado. Mas hoje todos querem isso. E acredite, hoje boa parte das pessoas tem peças de design e não sabe. Se eu entro na casa de um consumidor americano de classe média (a maioria) vejo cinco ou seis produtos que criei. E essas pessoas não sabem quem eu sou. Quando isso acontece, sei que acertei. Isso é um exemplo de como o mundo mudou.
Que conselho você daria para quem quer trazer uma peça de design para a decoração da casa ou para o dia a dia?
Primeiro, esse objeto de design tem de trazer uma experiência melhor. Segundo, precisa melhorar sua vida. E terceiro, ele deve te inspirar.
Por que você se tornou tão conhecido?
Eu decidi que seria popular em diversos países. Como fiz isso? Eu me tornei humano. Sou acessível. As pessoas podem falar comigo aqui, respondo de 30 a 40 comentários nas redes sociais todo dia. Tento me conectar com as pessoas em diversos níveis. O que sempre tento é dizer: ‘estou aqui, estou disponível’. Estou presente em 47 países. Produtos como estes que estou lançando no Brasil são caros, óbvio, mas sou verdadeiro no que acredito, digo e faço.
E no que você acredita?
Que tenho de fazer um mundo melhor e mais bonito.