"A minha vida é assim, estou sempre correndo”, explicou o ator que tem duas filhas com a brasileira Kennya Baldwin
Com sotaque meio enrolado e largo sorriso, Stephen Baldwin (48) chegou ao Castelo de CARAS esbanjando carisma. “Olá, tudo bem? Você fala português? Eu sou brasileiro!”, repetia ele, cheio de “marra”, para cada pessoa que cumprimentava. A conversa no nosso idioma não se estendia mais, mas o astro americano deixava claro sua paixão incondicional pelo País. E foi assim, entre piadas e gargalhadas, que ficaria marcada a estada do ator hollywoodiano na secular propriedade em Tarrytown, New York. Caçula dos irmãos Alec (56), Daniel (53) e William Baldwin (51), Stephen, na verdade, nasceu em Massapequa, a cerca de uma hora e meia de Manhattan, na região de Long Island. Mas tem, sim, muito de Brasil em si. O coração, por exemplo, é 100% verde--amarelo há exatos 28 anos, quando ele conheceu a mulher, Kennya Baldwin (44), herdeira do pianista Eumir Deodato (71), compositor e arranjador, produtor, parceiro de Tom Jobim (1927–1994) e um dos ícones da Bossa Nova.
Coruja, ele logo saca fotos das filhas, Alaia (20) e Hailey (17), que, segundo ele, herdaram a beleza e a personalidade da mãe. “A mulher brasileira não tem igual, não dá para explicar. Está na genética”, dispara o ex bad boy, que hoje só quer saber da fama de bom pai. “Aqueles eram outros tempos. Se você quiser saber mais, dá uma olhada no meu livro The Unusual Suspect: My Calling to the New Hard core Movement of Faith”, observa ele, marqueteiro de primeira, sobre a biografia de 2006. Astro de blockbusters como Os Suspeitos, Três Formas de Amar e Crimes no Paraíso: Travessia Noturna, Stephen é do tipo acelerado, que não para nunca, que faz mil coisas ao mesmo tempo e não desgruda do celular. Além de atuar e produzir, ele tem um programa de rádio, Baldwin/McCullough Live, que vai ao ar em mais de 300 emissoras americanas, comanda empresa de consultoria, marketing e branding e ainda ministra seminários e palestras pelo mundo. “Daqui, pego um voo para a Rússia para participar do Festival de Cinema de Vladivostok. Fico lá três dias e volto. A minha vida é assim, estou sempre correndo”, justifica ele, que em breve somará mais uma função. “Em 2015, vou dirigir meu primeiro filme na Polônia”, promete.
– O que achou do Castelo?
– Moro nesta região do Hudson Valley há muitos anos. Fiquei por 15 anos em Nyack, mas agora nos mudamos para uma casa um pouco mais ao norte porque lá estava ficando agitado demais. Eu sou de Long Island, sempre gostei de morar em casa, ter quintal, árvores... O Castelo foi uma agradável sur- presa. Meu sogro comentou conosco que esteve aqui no ano passado e também adorou.
- Como é ser...
– Desculpe, preciso lhe interromper um momento. Tenho que enviar um dinheiro para a minha filha (ele faz a transferência pelo smartphone). Esta é uma época muito louca para a minha mulher e para mim. A filha mais velha já saiu de casa, a de 17 anos não para mais... É esquisito para os pais, e os filhos não entendem isso, essa ‘síndrome da casa vazia’. Espere, vou deixar um recado para ela: ‘Acabei de lhe enviar 100 dólares, vou embarcar para a Rússia ‘quebrado’! Eu te amo’. Pronto. Agora vamos esperar a resposta dela, que com certeza vai ser ainda melhor.
– Como é ser casado com uma brasileira?
– A melhor coisa! Nada se compara, não tenho do que reclamar. Quando a conheci, achei que ela era o mais doce dos beijinhos de coco. E ainda é. Me apaixonei porque ela era do bem. Era uma menina do Brasil, de uma família conservadora, educada no Upper East Side. Namoramos quatro anos, casamos em 1999.
– Gosta da culinária do País?
– Claro! Ontem, para o jantar, ela preparou macarrão com molho bolonhesa do jeito bem tradicional. Não tem coisa melhor.
– E você, cozinha?
– Faço o melhor sanduíche de geleia. Acho que faço um churrasco bom também. E só. Mas a minha sogra, ai, Meu Deus! Você não imagina o que é a feijoada dela. No fim de ano, ela prepara uma torta de frango que também é de enlouquecer. Ela é de Minas, não preciso dizer mais nada. Outro dia, quando veio nos visitar, ela achou uns restos de frango e arroz do jantar da noite anterior, misturou alho, ovo, sei lá, e transformou em um prato maravilhoso.
–Vocês vão ao Brasil com frequência?
– Deveríamos ir mais. Eu estive lá apenas cinco vezes, culpa dessa correria do meu trabalho. Ficamos na casa da tia dela, perto do Rio.
– Você fala mesmo português?
– Só o mais importante: ‘Eu te amo!’ (risos)
– Como é ter os dois lados da família tão famosos?
– O lado brasileiro é muito mais divertido do que o americano! Muito antes dessa coisa de atuação, os Baldwin já eram populares na cidade em que morávamos. Famosos antes de fama! (risos) Meu pai foi professor por mais de 30 anos, meu irmão Alec era o quarterback do time da escola rival. Uma das lembranças mais divertidas da minha infância tem a ver com isso. Ele e meu pai fizeram uma aposta: quem perdesse um jogo, teria de empurrar o outro por quase 1km até a sorveteria num carrinho de mão. Pela primeira vez em 14 anos o time do meu irmão ganhou. Eu deveria ter uns 8 anos, mas lembro bem de ir ao lado deles e meu pai reclamando.
– E como surgiu a paixão pela atuação e pelo cinema?
– Alec estudava Ciências Políticas na George Washington University, mas mudou de ideia e fez Artes Cênicas. Ele não era o Alec Baldwin ator, era o cara que a gente massacrava nos fins de semana quando jogava futebol americano. Quando ele começou a atuar, pensamos: ‘Se ele pode, a gente também pode!’. Sem falar no dinheiro que ele ganhava; muito mais que meu pai no ano.
– Quatro irmãos com sucesso em Hollywood. Isto pesa?
– Fico na minha. Mas, claro, tenho orgulho da nossa trajetória. Acho que não existem outros quatro irmãos que fizeram tantos filmes quantos os Baldwin. Posso citar meus filmes mais conhecidos, falar sobre a minha carreira e, ainda assim, não dá para comparar ao sucesso do meu sogro.