Quando olhamos para executivos de sucesso usando calça jeans, tênis e blazer no trabalho, mal lembramos que nem sempre ser rico e bem-sucedido significou levar uma vida confortável. Antigamente, as damas da alta sociedade sofriam com espartilhos e inúmeras camadas de saias. As casas dos mais abonados seguiam o mesmo padrão, “pesadas”, pouco práticas e muito rebuscadas. Mas, felizmente, de alguns anos para cá, o conforto passou a ser fundamental na moda e no design.
Um dos maiores exemplos dessa onda são os tênis com salto embutido. Quando foram lançados pela designer Isabel Marant, na França, a meca da moda, eles ganharam o atestado de que eram sim super fashion e viraram febre no mundo todo. E assim, antes restritos às academias de ginástica, os tênis ganharam as passarelas. Mas buscar conforto não significa abrir mão de estilo e qualidade. “Conforto é fundamental, mas há um cuidado, uma preocupação com os detalhes e o caimento”, diz Titta Aguiar, consultora de estilo e autora da editora Senac São Paulo.
Portanto, um tênis qualquer, uma calça reta e uma camiseta sem graça ainda estão mais para desleixo do que para conforto estiloso. Uma modelagem moderna, como o jeans flare, um slogan interessante, um pouco de brilho, uma aplicação de renda ou uma cor bacana mostram que, sim, a pessoa procura estar confortável, mas é vaidosa, antenada e quer estar bem vestida. “Com a correria do dia a dia, as pessoas têm menos tempo para se preocupar com tecidos que exigem muitos cuidados”, pondera Titta. “Por isso, peças feitas de tecidos inteligentes, que não amassam e não fazem transpirar tanto, estão cada vez mais em alta e podem custar até mais caro do que outras sofisticadas”, completa.
Na decoração, a situação é a mesma. Além de beleza, busca-se conforto e praticidade. “Por não se sentirem muito seguras para sair, as pessoas têm recebido cada vez mais em casa”, avalia o arquiteto Gilberto Cioni. “Assim, temos visto muitos móveis generosos no tamanho, peças com cara de usadas, tecidos coloridos e texturas”, diz. Tecidos rústicos, como a lona, têm sido cada vez mais utilizados porque, conforme aumenta o uso, cresce também a rejeição a coisas muito frágeis e delicadas. A madeira, o linho e a palha de seda ganham espaço e esquentam os ambientes. O estilo “clean asséptico” não transmite aconchego e a sala impecável, hermética, está fora de moda. A tendência, agora, é levar a vida confortavelmente, mas com personalidade.
Por Camila Carvas