Guilherme de Pádua, condenado por assassinar Daniella Perez, disse que "não tem como consertar o passado" e afirmou que "a série é totalmente parcial"
Gloria Perez (73) autorizou a produção da série Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez, dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, e seu único pedido foi que Guilherme de Pádua (52) e Paula Thomaz, assassinos de sua filha, não participassem do documentário, o que foi aceito.
Após o lançamento, Guilherme de Pádua usou as redes sociais para se manifestar sobre a série e afirmou que ela é "totalmente parcial". Em um longo vídeo, ele afirmou que "é muito ruim se ver numa situação de algoz".
"Tenho procurado levar a vida mais discreta possível, tentando dar um bom exemplo ou um bom testemunho, como nós dizemos na igreja. Mas eu voltei para a mídia depois de 30 anos que o crime ocorreu. Inicialmente, eu estava relutante porque é muito ruim se ver numa situação em que você é o algoz, o criminoso e a pior pessoa do mundo. Não estou me fazendo de vítima, mas é óbvio que não é nada agradável esse remoer de coisas ruins. Já passei noites e noites tentando pensar numa forma de consertar, mas não tem como consertar o passado", afirmou.
Em seguida, Guilherme disse que está preocupa com o ódio, revolta e perseguição de quem assistir ao documentário. "Você vai assistir a uma série totalmente parcial. Só do que eu me lembro de cabeça, consigo quebrar de forma tão devastadora algumas teses que estão sendo apresentadas. Talvez eu vá trazer algumas coisas. Não é para dizer: 'Acredite na minha versão'. É para você mesmo pensar se isso faz sentido", disse ele, que já foi casado com a também assassina Paula Thomaz.
O ex-ator foi condenado a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, e deixou o regime fechado após cumprir apenas um terço da pena (menos de sete anos). Atualmente, ele é pastor da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Em entrevista ao jornal O Globo, Gloria Perez rebateu o comentário feito por Guilherme e afirmou que as acusações são "fantasiosas". A autora também ressaltou a importância de se ater às verdades e não dar espaço para as mentiradas contadas pelos assassinos.
"A proposta era fugir do sensacionalismo para retratar a verdade dos autos. Era o que eu queria: que as pessoas entendessem porque as muitas versões fantasiosas apresentadas pelos assassinos não se sustentaram diante do júri, e porque os dois foram condenados por homicídio duplamente qualificado. O caso foi tratado como uma extensão da novela. Se o foco vai para os autos do processo, não há espaço para ficção. A realidade se impõe", afirmou ela.