Atriz Erika Januza fala de Carnaval, sua satisfação como Rainha de Bateria e critica a imposição da ditadura da beleza sob as mulheres, em entrevista a Revista CARAS
Rainha de Bateria da Unidos do Viradouro, escola de samba do Rio de Janeiro, a atriz e modelo Erika Januza (38) bateu um papo exclusivo com a Revista CARAS e comentou sobre a ditadura da beleza, assunto recorrente, principalmente entre as celebridades. Ela garante que não se deixa abalar e dispara: “Juízes da vida alheia”.
Pelo terceiro ano à frente da vermelho e branco de Niterói, a artista revela seus cuidados para manter o corpo sempre bonito e saudável. “Me alimento melhor, procuro meu médico, Dr. Mitraud, para fazer um bom check-up, para saber como está a saúde, e me dedico mais a malhação. Mas o principal preparo para mim é ensaiar com minha escola, minha bateria. O samba é um cardio poderoso. E estar junto nessa preparação só me traz benefícios. Tem ainda o aprimoramento do fôlego, essencial para atravessar bem a Sapucaí e a maratona de ensaios”, conta.
E por falar em Carnaval, corpo bonito, Erika comenta sobre a pressão que as mulheres sofrem da sociedade, que exige que elas, principalmente as celebridades, estejam sempre perfeitas e com corpos esculturais. “Nem me deixo afetar. Tenho acompanhado esse infeliz movimento. As pessoas gastam muito seu tempo como juízes da vida alheia. Ter sua opinião é válido, mas diminuir os outros não”, dispara.
RESPONSABILIDADE COMO RAINHA DE BATERIA
Ser Rainha de Bateria de uma escola de samba tem suas responsabilidades, e Erika Januza é muito consciente disso. “Sei o quanto ele é significativo. Estar à frente do que, para mim, é o coração da escola, como mulher negra, na maior festa do nosso País, trás junto uma leva de representatividade, empoderamento e um dever muito grande de ter respeito ao samba e a agremiação”, pontua.
“Sempre sonhei ser Rainha de Bateria. Sou apaixonada pelo Carnaval desde sempre. Desde quando eu nem sonhava que um dia eu pudesse estar aqui. Sou muito grata ao Marcelao e Marcelinho Calil, pela oportunidade de realizá-lo. Honro muito minha escola e meu posto. Tento ser presente, me dedico, me importo com minha escola. O Carnaval é a época mais feliz do ano pra mim”, continua a atriz.
Erika ainda faz uma observação: “Acho importante uma figura com destaque saber sambar, pois se trata de uma escola de samba, mas cada pessoa samba de um jeito, com suas características. E eu não vou e nem quero ficar igual a ninguém. Se você samba muito, não faz coreografia. Se você faz coreografia, está imitando alguém. Se você está andando, que seja para retomar o fôlego, também não pode. Complexo! Então se não se blindar, a gente pira. A beleza está na diversidade”.
O CARNAVAL E SUA REPRESENTATIVIDADE
Vendo o Carnaval por outro ângulo, com mais profundidade, a atriz ressalta o que a festividade representa de fato para ela. “Me lembro de minha mãe me deixar ficar assistindo TV na sala até de madrugada, para ver as escolas, pois desde criança eu gosto muito. Quando começava aquela vinheta na TV, me lembro de sair correndo para assistir. E eu sempre combinava com alguém da família: se passar você me chama? (risos). Aprendi a sambar assim, vendo a globeleza (Valeria Valenssa); além da admiração que tenho pelos bastidores, pelas pessoas que se dedicam por amor, as histórias que são contadas a cada carnaval, a criatividade. Sempre quero ver isso de perto. Então estar junto hoje, pra mim, é de uma gratidão sem fim”, conta.
Erika Januza declara ainda que se sente abraçada pelo enredo escolhido pela Viradouro, que mostra a força da mulher negra, por meio do culto à cobra sagrada e sabedoria africana. “Nossa, extremamente! Guerreiras Mino são citadas no enredo. Foram inspiração para a homenagem deste ano. Mulheres que vão à luta, que não tem medo e contam com a fé. Sou muito feliz ao lado da Viradouro e de contar junto com eles todas essas histórias que precisam ser contadas”, ressalta a atriz.