Você sabe o que é glaucoma? Não? Se preza a sua visão, procure saber
por <b>Carlos Akira Omi</b>* Publicado em 08/04/2009, às 12h00 - Atualizado em 06/07/2010, às 18h30
A Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) e a Associação Brasileira dos Amigos, Familiares e Portadores de Glaucoma (Abrag) participaram em março do Dia Mundial do Glaucoma, uma iniciativa da Associação Mundial do Glaucoma e da Associação Mundial de Portadores de Glaucoma. Na ocasião, especialistas marcaram presença na mídia dando dicas sobre prevenção, diagnóstico e tratamento dessa doença grave, a principal causa de cegueira irreversível no planeta. Agora, a SBG e a Abrag já preparam o Dia Nacional do Glaucoma, que será em 26 de maio. De 25 a 29 de maio haverá ainda, na capital paulista, a Semana de Combate ao Glaucoma. O objetivo é alertar as pessoas para a necessidade de consultar o médico periodicamente para diagnosticar e tratar da doença e evitar a cegueira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o glaucoma atinge mais de 70 milhões de pessoas no planeta, sendo 3 milhões nos Estados Unidos. No Brasil, estima o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, existem quase 2 milhões de portadores, metade dos casos não diagnosticada. Vale destacar que, após os 50 anos, 1,5% a 2% da população desenvolve glaucoma; após os 70 anos, esses números sobem para 6% a 8%. E o pior é que em geral a moléstia não produz sintoma. A primeira indicação - perda gradativa da visão - aparece tardiamente, às vezes quando já não é possível fazer nada para evitar a cegueira.
Hoje se considera o glaucoma uma doença do nervo óptico. Existem mais de 40 tipos. O mais comum resulta do aumento da pressão intraocular. O mecanismo de formação desse fenômeno é o seguinte: no interior do olho há um líquido, humor aquoso, que é produzido e drenado de maneira constante. Quando a drenagem é inadequada, ele se acumula e pressiona todo o olho, incluindo os vasos sanguíneos. Chega menos sangue e oxigênio aos tecidos oculares. Isso danifica em especial o nervo ocular, que leva as imagens recolhidas pelos olhos ao cérebro para identificação. Se o problema persistir durante um longo tempo, não for descoberto nem tratado, a pessoa vai perdendo a visão periférica e fica cega. O glaucoma pode ocorrer ao mesmo tempo nos dois olhos. Pode manifestar-se em qualquer pessoa. Estão mais suscetíveis indivíduos com histórico de glaucoma na família; quem tem pressão intraocular elevada; descendentes de africanos; diabéticos; portadores de miopia grave ou de lesões oculares; e quem faz uso irregular e prolongado de colírio com corticóide.
Prevenção, claro, é fundamental. É esse, aliás, o objetivo das campanhas. Pessoas com história de glaucoma na família devem consultar o seu oftalmologista, a partir dos 45 anos, na periodicidade que ele indicar. O mesmo vale para descendentes de africanos, diabéticos e os outros grupos mais suscetíveis à moléstia.
O primeiro passo para o diagnóstico é medir a pressão intraocular do paciente. Entre os exames complementares está o do nervo óptico. A doença ainda não tem cura, mas pode ser controlada com colírios. Quando não se conseguem bons resultados com esses medicamentos, recorre-se à cirurgia - ela atua como coadjuvante dos colírios e não serve para curar o glaucoma. Na maioria dos casos, felizmente, se tem sucesso no controle da doença, evitando que as pessoas fiquem cegas e preservando a sua qualidade de vida.