A Record inicia nesta terça-feira, 4, uma nova corrida em busca de um grande talento musical no reality show Ídolos. Mais de 100 mil pessoas se inscreveram na tentativa de realizar o sonho de viver da música - o número significa um recorde de todas as edições do programa, que chega a sua sétima temporada, a quinta na Record, já que as duas primeiras foram exibidas pelo SBT. A novidade deste ano é o cobiçado prêmio de R$ 500 mil como incentivo para o vencedor investir na carreira. Até então, os participantes contavam "apenas" com a visibilidade da TV.
"Hoje tenho reconhecimento do meu povo, tenho abertura em muitos lugares onde seria bem difícil eu ter se não tivesse participado do programa", conta Leandro Lopes, vencedor da primeira edição, em 2006. Após o programa, ele gravou um disco de pop rock e foi surpreendido com o convite para assumir os vocais do Rapazzola, famosa banda de axé, onde permaneceu por três anos, até 2011. Hoje sou respeitado aonde quer que eu vá, tenho abertura para conversar de trabalho com qualquer artista do Brasil. E posso chegar em qualquer lugar para aprensentar o meu trabalho que sou respeitado e muito bem tratado, coisa que antes do Ídolos não acontecia com tanta frequência", diz Saulo Roston, campeão em 2009.
Thaeme Mariôto, única mulher até hoje a vencer o reality adaptado do original American Idol, lembra que o concurso mudou completamente os rumos de sua vida. Antes de se inscrever no reality, ainda no SBT, ela estava na reta final do curso de farmácia em Londrina, no Paraná, e pretendia se mudar para a Alemanha para trabalhar em indústria farmacêutica. "Tinha deixado a música de lado para me dedicar aos estudos. Decidi me inscrever como última chance ao meu sonho de cantar e, pra minha surpresa, venci o programa. Mudei para São Paulo e, desde então, dei prioridade à música em minha vida", conta a artista, que hoje integra a dupla Thaeme e Thiago.
Para Rafael Barreto, vencedor em 2008, apenas ganhar o programa não garante que você se tornará um fenômeno. É preciso ter uma história na música e pés no chão. "Eu tinha outra cabeça, tinha 22 anos, me iludi muito com o programa. Quem ganha não vira ídolo porque não tem uma estrada, não tem suporte. Tem que ter conteúdo, na época eu era muito cru. Hoje estou estudando música, tentando mostrar algo diferente no cenário musical", conta ele, hoje com 26 anos. Henrique Lemes, que desbancou os concorrentes em 2011, ressalta que é preciso ter sua própria identidade. "Hoje em dia tem vários ídolos teen, a primeira coisa tem que ter a própria característica, o próprio estilo. Precisa de sorte também", acredita. "Existem muitos artistas com talento e mesmo estilo musical. Sendo assim, fica difícil se destacar entre muitos. É preciso se dedicar ao que gosta e ter um diferencial", concorda Isarel Lucero, vencedor em 2010.
Segundo Leandro, quando termina o programa é que começa o trabalho pesado. "Quem pensa que vai entrar e vai viver na boa vida, fazendo 30 shows no mês, andando de jatinho toda hora, nem se inscreva. A concorrência hoje no mercado musical é muito grande e você tem que ralar muito para conseguir. A cobrança por você servir de exemplo para um monte de gente fica gigante, sua privacidade praticamente acaba, ou seja, você não se pertence mais", afirma entre risos. A mesma opinião tem Saulo. "Quando se ganha um programa do gênero a cobrança do público para com os artistas é muito grande, com toda a razão, pois o objetivo do programa é gerar um "idolo", um artista de sucesso imediato, correto? Mas a realidade do ganhador é muito desfavorável. Há muitos problemas internos nas emissoras e gravadoras que atrapalham a construção deste objetivo", justifica.
"No caso da música, é preciso escolher muito bem o repertório, estabelecer e cumprir um plano de marketing para a sua carreira e, o mais importante, se dedicar muito na divulgação do seu trabalho. É difícil, mas não impossível. Pra ser sincera, não basta só vencer um reality show para ser um Ídolo, tem que ralar muito em seguida e usar essa exposição e tudo de bom que vem com ela a seu favor", diz Thaeme.
A calma é melhor amiga do candidato
Se tem um ponto em que todos são unânimes é: muita calma nessa hora. Esta é a principal dica para se sair bem e conquistar o júri e o público, segundo os vencedores, além, claro, de acreditar em si mesmo. "O nervosismo atrapalha muito a performance, falo isso com conhecimento de causa. Se você está lá é porque tem valor e porque o público está gostando do seu trabalho. Absorva tudo que os jurados disserem a seu respeito de forma positiva e construtiva para melhorar a cada fase, não se deixe abater perante as críticas, todas tem seu lado bom. Não leve a competição como uma obrigação de vencer, pois na minha opinião o mais importante é o público que você ganha e a vitrine a qual se expõe para potenciais empresários", aconselha Thaeme.
Leandro lista ainda a humildade e a escolha do repertório como fatores-chaves para um bom desempenho. "Cantar somente o que você sabe de verdade e o que gosta, é claro. E sugar tudo o que as pessoas que entendem mais do que você falam, e botar Deus na frente disso tudo, que se for sua hora, você vai conseguir. Eu nem sonhava, nunca tive ninguém que me desse um empurrão, saí de uma comunidade humilde do súburbio do Rio de Janeiro e ganhei daquele tanto de gente, por que vc não pode?".
Outra dica é estar preparado para os vários 'nãos' que surgirão na carreira. "Tem que confiar muito em Deus, ter o apoio da família e acreditar em si mesmo, pois na vida recebemos muitos "nãos" e não devemos nunca desistir", diz Israel. "Não fazer 'duas caras', ser transparente, a pessoa que você é no dia a dia", recomenda Henrique.
Por onde andam os vencedores
Leandro Lopes (2006) - Em carreira solo, possui uma equipe com trinta pessoas. Está em processo de gravação de um novo CD e fazendo apresentações pelo Brasil. "Estou com meu carnaval 2013 todo fechado de shows, e só tenho a crescer, estou trabalhando muito para chegar lá no topo".
Thaeme Marioto (2007) - Depois do programa, gravou dois solo pela Sony e, depois de formada a dupla Thaeme e Thiago, dois CDs e um DVD pela Somlivre. Fazendo shows em todo o país, diz que está em seu melhor momento em 19 anos na música. "Em um ano e meio de dupla, as quatro músicas de trabalho que lançamos estiveram entre as mais tocadas em todo o país. Só tenho que agradecer ao nosso público que me acompanha desde Ídolos, ao nosso escritório (FS Produções Artísticas) por acreditarem no nosso sonho e a Deus por nunca ter me deixado desistir perante os vários obstáculos".
Rafael Barreto (2008) - Mudou-se da Bahia para São Paulo e está estruturando sua equipe para investir na carreira. "Estou com um sócio, uma pessoa que está apostando em mim. Trouxe meu irmão para cá. Estamos trabalhando para não vir 'qualquer coisa'. Não dá para ficar brincando".
Saulo Roston (2009) - Morando em São Paulo, faz shows e está prerando dois clipes com participação de Seu Jorge. Também está produzindo um álbum em inglês. "Estou com um novo projeto junto com meu grande amigo e parceiro Phil Batista, que será lançado ano que vem primeiro na Europa. Esse projeto terá a participaçao de artistas nacionais e internacionais que quero guardar como surpresa, pois vai chocar muita gente".
Israel Lucero (2010) - Lança em setembro seu novo CD com a música de trabalho Tudo Liberado eestá fazendo apresentações pelo país. "Já estamos preparando um super clipe desta música e, graças a Deus, estamos fazendo muitos shows".
Henrique Lemes (2011) - Natural de Santa Catarina, mudou-se com o pai para São Paulo. Está com nova equipe de trabalho, lançando site novo e se prepara para gravar seu segundo CD até o final do ano. "Agora estamos correndo atrás, fazendo três, quatro shows por semana. Estou fazendo aulas de violão, inglês e vocal. Minha rotina está muito puxada, mas é para crescer como artista".