A esteatose hepática deverá ser a principal causa de cirrose no futuro
por Fernando Luis Pandullo* Publicado em 13/12/2010, às 17h09 - Atualizado em 15/12/2010, às 12h07
Também chamada fígado gorduroso, a esteatose hepática se caracteriza pelo acúmulo de gordura no órgão. Entre suas causas estão obesidade, diabetes, colesterol alterado, triglicérides elevados e hipertensão, o que é conhecido como síndrome metabólica. O aumento do número de casos de portadores da síndrome permite dizer que, em breve, a esteatose será a principal causa de cirrose.
A esteatose hepática é conhecida também como fígado gorduroso. A doença se caracteriza pelo acúmulo de gordura nas células do órgão. É uma alteração muito comum. Acreditase que um terço dos brasileiros adultos tem gordura excessiva no fígado e a maioria não apresenta sintomas. Pode manifestar-se também em crianças e adolescentes, porém é mais freqüente a partir dos 40 anos.
A ingestão de bebidas alcoólicas em excesso é apenas uma das causas. Estudos pioneiros realizados nos anos 1980, em autópsias, nos Estados Unidos, detectaram outras causas para a gordura no fígado. Hoje sabemos que a obesidade, o diabetes, o colesterol alterado, os triglicérides elevados e a hipertensão - conjunto conhecido como síndrome metabólica - constituem a principal causa de esteatose hepática. O efeito tóxico de alguns medicamentos, como os usados, por exemplo, no tratamento de arritmias cardíacas e da hipertensão arterial, a inalação de solventes orgânicos derivados do petróleo e complicações da gravidez são causas menos comuns.
Os fatores citados, como diabetes, medicamentos e substâncias tóxicas, inibem algumas etapas do processamento das gorduras pelo fígado, levando ao acúmulo de uma infinidade de partículas gordurosas no interior de suas células. Nas situações mais graves - cerca de 5% dos casos -, em que o acúmulo de gordura incomoda em excesso ao fígado, ele reage com inflamação, forma tecido cicatricial e desenvolve cirrose. Este processo é chamado de hepatite.
Os sintomas podem aparecer apenas quando o fígado já está cirrótico. As queixas mais frequentes, então, são as seguintes: aumento do volume do fígado, acúmulo de líquidos no abdome - a popular barrigad'água -, hemorragias no aparelho digestivo, icterícia, infecções graves, pela diminuição das defesas orgânicas, e tumores no fígado.
Felizmente, é possível evitar a formação da esteatose hepática com algumas medidas básicas. Não consuma bebidas alcoólicas em excesso. Controle o peso. Alimente-se de maneira saudável, isto é, consuma mais verduras, legumes, frutas e carnes brancas, e menos carnes vermelhas e frituras. Consuma pouco açúcar. Controle o diabetes e a hipertensão. E, finalmente, pratique atividade física pelo menos três vezes por semana. Pessoas que têm casos da doença na família devem incluir uma ultrassonografia do abdome em seu check-up anual a partir dos 40 anos de idade. Os exames de sangue podem dar sinais de esteatose, como alteração nos níveis das substâncias produzidas pelo fígado.
Na fase inicial, a esteatose epática pode ser revertida com mudança de hábitos e medicamentos; mas, se o portador não muda os hábitos, os remédios são pouco eficazes. Quando o fígado está cirrótico e o paciente apresenta sintomas, pode ser o caso do transplante de fígado. Esse procedimento médico evoluiu muito nas últimas décadas e já é possível se conseguir ótimos resultados.
A "epidemia" de obesidade e o aumento do número de portadores da síndrome metabólica que observamos hoje possivelmente levarão a que o fígado gorduroso não associado ao consumo de bebidas alcoólicas venha a ser a causa mais comum de cirrose no futuro, superando em número de casos tanto a hepatite quanto o abuso no consumo de bebidas alcoólicas.
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