Avanço no tratamento do lúpus permite que portador viva melhor
por Eloisa Bonfá* Publicado em 21/07/2010, às 10h39 - Atualizado às 10h39
Lúpus é uma doença auto-imune na qual o organismo produz anticorpos que atacam os próprios tecidos. A substância pode atingir qualquer órgão, como pele, articulações, rins, coração, fígado, pulmão, cérebro e olhos. Em 90% dos casos, porém, ataca a pele e as articulações.
Manifesta-se em especial na população feminina em idade fértil; a proporção é de nove para um, ou seja, a cada homem atingido existem nove portadoras. A explicação pode estar no hormônio feminino, reconhecido como um fator ambiental importante que pode não só desencadear a doença como também induzir a recaídas. Pessoas que têm casos de lúpus na família apresentam maior risco de desenvolvê-lo. Nos Estados Unidos, é mais frequente nos afroamericanos, depois nos hispânicos e, por último, nos brancos. Infelizmente, não há estatísticas sobre a doença no Brasil. Sabe-se, contudo, que é rara. Só para se ter uma ideia, hoje cerca de 1200 pacientes são atendidos gratuitamente no Hospital das Clínicas, em São Paulo. O serviço público de saúde, como se vê, já tem tratamento gratuito de lúpus. Nesse caso, é importante consultar um reumatologista, o especialista nessa doença. Uma alternativa é procurar os grandes hospitais ou os ligados às Faculdades de Medicina existentes nas capitais e em grandes cidades Brasil afora.
Não é fácil diagnosticar a doença, porque ela pode ser confundida com muitas outras. A comprovação é feita com exame clínico e de sangue, por meio do qual se detecta a presença dos anticorpos. Entre os sintomas mais comuns estão: lesões na pele, especialmente em regiões expostas como o rosto; sensibilidade aumentada ao sol; dores articulares e inflamação em especial nos punhos e nas articulações das mãos. O diagnóstico fica mais difícil quando a doença ataca apenas um órgão ou apresenta sinais e sintomas inespecíficos, como fadiga ou queda de cabelo. Às vezes ela se manifesta, por exemplo, por meio da inflamação de uma membrana do coração; outras vezes, simplesmente por psicoses como a depressão. Nesses casos, é comum a demora na confirmação
do diagnóstico.
Até os anos 1950, quem tinha lúpus era estigmatizado. Também nessa época, metade dos portadores morria em cerca de cinco anos. A doença ainda pode matar, mas o diagnóstico precoce e a melhora no tratamento aumentaram bastante a sobrevida, que hoje chega a mais de 10 anos em 90% dos casos. O tratamento atual consiste no uso de glicocorticoides e imunossupressores. Os primeiros provocam muitos efeitos colaterais, como diabetes, catarata e aumento da pressão arterial, além de elevarem o risco de fraturas. Algumas dessas complicações felizmente podem ser minimizadas; para reduzir o risco de fratura, por exemplo, se indica a ingestão de vitamina D e cálcio.
Outra novidade, que surgiu nos últimos anos, é a chamada terapia dirigida. São novos medicamentos que combatem células específicas, poupando as demais e prejudicando menos a imunidade do paciente. Um dos benefícios dessa terapia é que provoca menos infecções, uma das principais causas de morte de portadores. Todas essas medidas objetivam aumentar a qualidade de vida dos pacientes.
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