Você quer salvar uma vida? Então torne-se doador de medula óssea
por Celso Massumoto* Publicado em 04/08/2010, às 11h04 - Atualizado às 11h04
A medula óssea é um tecido esponjoso que ocupa a cavidade central dos ossos e produz todas as células do sangue. No caso de leucemias, mielomas, linfomas e outras neoplasias do sangue cujo tratamento com quimioterapia, radioterapia e/ou medicamentos não deu resultado, a única alternativa é fazer transplante de medula óssea, que proporciona resultados duradouros e superiores às terapêuticas convencionais.
Quando alguém precisa fazer transplante, a primeira opção é encontrar um irmão cujas características genéticas sejam compatíveis com as do doente. Com base nas leis da genética, a chance é de 25%. O teste de compatibilidade é feito por um exame chamado histocompatibilidade, que analisa uma amostra do sangue de cada um. Caso não haja compatibilidade entre irmãos, busca-se a medula de doador não aparentado no próprio país. O paciente é inscrito no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), entidade pública que gerencia essa área. Seus dados genéticos são cruzados com os disponíveis no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), também público.
Verificada a compatibilidade, o doador é convocado para fazer a doação. Quando não existe doador compatível no cadastro do Redome, recorre-se a outra fonte de célulastronco para o transplante de medula óssea, o sangue de cordão umbilical, que pode ser obtido na BrasilCord, rede que reúne os Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical. Esgotada essa opção, começa a busca nos bancos de medula internacionais. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) tem cadastrados 1,4 milhão de possíveis doadores, suficientes para atender a cerca de 70% dos pacientes. No caso do cordão, a vantagem é que já está disponível em um dos bancos.
Apesar de o número de doadores ter aumentado, ainda é insuficiente para atender a todos os que necessitam de transplante. No Brasil, a chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de uma em 100000. A dificuldade deve-se sobretudo à miscigenação de raças. Enquanto um paciente brasileiro leva cerca de 7 meses para encontrar um doador compatível, um no Japão demora menos de um mês, pela baixa miscigenação da população. Para melhorar essa situação, os organismos da saúde e entidades que congregam brasileiros com neoplasias do sangue fazem periodicamente campanhas nacionais ou regionalizadas.
Qualquer pessoa de 18 a 55 anos que esteja bem de saúde pode ser doadora. Basta ir ao hemocentro mais próximo de onde mora e cadastrar-se. Há duas formas de coleta de medula óssea: pode-se retirá-la dos ossos da bacia ou da corrente sanguínea do doador com uma máquina. A retirada dos ossos da bacia, a mais comum, é feita em centro cirúrgico com anestesia. Fazem-se múltiplas punções com agulhas nos ossos e se aspira 10% da medula. O material é posto em bolsas e injetado na veia do paciente. A medula é rica em células progenitoras, que, uma vez na corrente sanguínea, se alojam na medula do doente e se multiplicam.
A retirada não prejudica a saúde do doador, pois a medula óssea se refaz em semanas. Mas, por questões de segurança, fica hospitalizado por pelo menos 24 horas. Em geral, sente apenas desconforto na região puncionada por três dias e retoma suas atividades em uma semana.
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