Em entrevista para Jô Soares, Regina Duarte comenta a receita de seu sucesso em tantos personagens: 'Não pode pensar muito. É fazer com sinceridade e paixão'
Regina Duarte (65) ganhou uma homenagem no Programa do Jô, em edição especial sobre os seus 50 anos de carreira como atriz. Nesta terça-feira, 28, ela esteve nos estúdios da emissora em São Paulo para gravar a atração e relembrou alguns momentos marcantes de sua vida até hoje, além de contar seus novos projetos.
Entre depoimentos de amigos, como Daniel Filho(74), a estrela passa a sua receita de sucesso em seus personagens - totalizando 57 papeis interpretados. “O sucesso é tijolinho por tijolinho. Não pode pensar muito. É fazer com sinceridade e paixão. Tem que ter uma doação que vai além do personagem. Tem o público, a imprensa. Tem que rodar todos os pratos e não deixar nenhum cair”, afirmou ela, que comenta o seu início como atriz. “Eu descobri que seria atriz... Bem, na verdade, foram meus pais que acabaram descobrindo. Eles projetaram em mim aquilo que eles queriam ser. Depois que cresci, eu quis ser pintora, bailarina e um dia bati os olhos na peça ‘Diário de Anne Frank’, mas não deu certo. Aí uma produtora me viu e chamou para o teste de ‘A Megera Domada’. Um personagem incrível”.
A artista está muito animada com a exposição Espelho da Arte, em que abre o seu baú de memórias para os fãs, incluindo fotos e figurinos de seus trabalhos. “Fui apenas três vezes na exposição. Fui na véspera para não ter surpresas”, contou ela, completando: “A exposição é um presente de amor. Tenho um fã que guarda coisas minhas desde os cinco anos, a partir da paixão da mãe dele por mim. Há três anos, ele me procurou para a exposição. Fiquei com vergonha no começo, mas depois que vi a exposição da Elis Regina, percebi que é uma coisa de fã. Eu sou fã da Elis e fiquei mexida”.
Outro projeto de Regina Duarte é a peça de teatro Raimunda, Raimunda, que é um orgulho em sua vida. “Dirigir aos 50 anos de carreira é um presente. Fui acumulando experiência para isso. Esta direção exigiu que eu me preparasse. Fiquei três anos gestando este espetáculo, são 22 cenários e 8 pessoas no elenco”, afirmou ela, que adora ter o contato com os espectadores. “Eu espero o público para o espetáculo no saguão de espera. Gosto disso, porque aí eles já pedem fotos e autógrafo”.
Mãe de Gabriela Duarte (38), a artista também comenta o início da carreira da filha. “A Gabriela mostrava o que queria ser: atriz. Quando vi, já estava contratada. Ela que se inscreveu no concurso do Faustão para Top Model. Praticamente só me avisou. Mas ela tinha que passar de ano para isso, quase não conseguiu, mas passou de ano. Gabriela sempre prestou atenção quando me acompanhava na coxia”, disse ela, que já vê o gosto da neta pela carreira na telinha e nos palcos. "Assim como a Gabriela, que percebi desde criança, vejo na minha neta, a Manuela, alguns momentos em que ela quer brincar de atuar".
Regina lembra de um momento marcante na época em que atuava em Malu Mulher. “Teve uma vez que um motorista de táxi em Londres me reconheceu como Malu. E ele não era nem brasileiro. (...) Os homens na época de Malu viravam a cara para mim. Eles diziam que suas mulheres não podiam ver porque era subversivo. Eu dizia que era arte”. Além disso, ela lembra com carinho de seu trabalho em Selva de Pedra. "Me dei conta de que tinha me tornado uma grande atriz a partir de Selva de Pedra, e, depois, isso se confirmou em Malu Mulher".
“Depois dos 50 aprendi que não é preciso ter pressa. É preciso viver o agora, que está uma delícia”, disse. "Nos 50 anos de carreira, uma coisa que me arrependo é ter negado o papel de protagonista no filme Dona Flor e Seus Dois Maridos. Na época, como tinha cenas de nudez e eu era caipira de Campinas, não tive coragem de fazer".
A entrevista com a atriz irá ao ar na próxima sexta-feira, 31.