O carrossel mágico, em black and white
Regina Guerreiro Publicado em 30/05/2008, às 12h53 - Atualizado em 03/04/2019, às 12h07
O que há de novo com o incansável tailleur Chanel?? Ele chega rasgado, despedaçado, como se fosse um jeans desses "bem vividos". Acho esse lance de Karl Lagerfeld bem esperto. Funciona como um "beliscão" contemporâneo (ui!). Lembra até o pauperismo de luxo que dominou as vitrines do mundo nos anos 90. Anyway, quebra legal, a imponência inabalável do tailleur mais desejado do mundo, desde os anos 25/30. Tanto que, mesmo agora, nada chega mais perto da moda "street" classuda do que uma longa "veste" de tweed (DNA Chanel). Para leitura "muderna", chega bem acompanhada por um short bacana. Uma alternativa mais "street" ainda? Um suéter chiquérrimo sob tratamento "navy" andando com - quem diria? - uma míni da família denim. Karl adora curtir os chamados "duplos sentidos" (claro, ambigüidade é moderno...).Vai daí que as meias chegam louquíssimas: frentes transparentes, branquinhas, costas negras, opacas. Existem até outras versões rendadas, menos gráficas, fazendo tipo "oldlegs"... Curto menos. Nada de muito novo nos sapatinhos da temporada: o eterno "scarpin" creme de ponteira negra mudou um pouco de shape e vai andar por aí, shape boneca, com pulseirinha e tudo. Os comprimentos das saias variam de acordo com as clientes (ou melhor, com as pernas das clientes...). As mais novas, tipo as "antiquíssimas" máxis (fim do século XIX), quasequase alcançando os tornozelos, espantam um pouco, mas... têm "pedigree", sabe como? Ainda mais quando chegam "casadíssimas" com uma dessas blusas de mousseline, leves como uma brisa que vem de muito longe (na verdade, da própria Mademoiselle Chanel). Algo bem new: o over cujo contorno arredondado acaba mais longo nas costas. Uma lufada extrafuturista: modelitos de plástico transparente com aplicações de verniz black. Sem falar das bolsinhas durinhas, brilhosas, sob tratamento anatômico. O melhor de tudo? O cenário-deslumbre: um carrossel girando de verdade, que, em vez de cavalinho de madeira, exibia inesquecíveis "preciosidades" históricas da Maison Chanel.
