Palavra derivada do latim vulgar raubare, roubalheira é o roubo...
...escandaloso. Quando as denúncias de roubalheira atingem ocupantes de cargos públicos, às vezes é necessário que estes se licenciem, verbo originado no latim licentia, licença, ou seja, se afastem de suas funções.
Deonísio da Silva Publicado em 03/10/2007, às 13h07 - Atualizado em 09/05/2012, às 21h02
Cinematográfico: de cinematografia, do grego kinematos, caso genitivo de kinema,movimento, e grafia, de grapho, escrever. O adjetivo, porém, foi além das qualificações próprias do cinema e virou sinônimo de espetacular, para o bem e para o mal. Serviu para qualificar, por exemplo, o roubo de peças de arte do Museu Chácara do Céu, no bairro carioca de Santa Teresa, ocorrido no carnaval de 2006. O atrevimento dos ladrões colocou aquele delito entre os dez maiores do mundo, segundo o site do FBI, a agência de informações norteamericana. Foram roubadas obras de autoria de Salvador Dalí (1904- 1989), Henri Matisse (1869-1954), Claude Monet (1840-1926) e Pablo Picasso (1881-1973), entre outras. Até hoje, só foi preso o motorista do veículo que levou os ladrões. O circuito elegante da roubalheira de peças artísticas e históricas passa por Bruxelas e Nova York. A revenda costuma ser feita por sites baseados no Leste Europeu, seguindo dali para mãos de antiquários poltrões e colecionadores mentirosos, que depois dizem ter recebido os objetos como herança, dificultando, quando não impedindo,a solução dos crimes.
Licença: do latim licentia, licença, autorização para que algo seja feito ou deixe de ser feito. Aparece em palavras compostas como licença-maternidade e licença-paternidade, designando, no primeiro caso, o período de quatro meses concedido à gestante, a partir do nono mês de gravidez, para que possa dedicar-se à criança, e, no segundo, o intervalo de cinco dias concedidos ao pai por ocasião do nascimento do filho. Está presente ainda em licença-prêmio, período de três meses nos quais o funcionário não trabalha, mas recebe remuneração, depois de cinco anos de serviço público. A mesma raiz aparece em licenciado, aquele que obteve, mediante curso superior, licença para praticar algum ofício: diz-se licenciado em Letras, por exemplo. É também a base do verbo licenciar, como neste trecho do jornalista Ricardo Noblat (58): "O Palácio do Planalto tem pressionado o presidente do Senado,Renan Calheiros(PMDB-AL), a se licenciar do cargo caso seja absolvido em plenário".
Roubalheira: de roubo, derivado de roubar, do latim vulgar raubare, por sua vez radicado no germânico raubon, saquear. Os antigos germânicos saqueavam nos campos de batalha, mas no Brasil, desde os tempos coloniais, os meliantes saqueiam na maciota de palácios, bancos, museus e igrejas. A principal vítima da roubalheira é o patrimônio público. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal(STF) indiciou vários personagens públicos, inclusive alguns exministros, sob acusações diversas, inclusive a de desviar dinheiro do governo para a compra de votos de parlamentares. Mas roubam-se também obras de arte, categoria de crime na qual o Brasil é um dos países líderes, atrás dos Estados Unidos, da França e do Iraque. A roubalheira do patrimônio histórico e dos bens artísticos é o terceiro delito mais rentável do mundo, perdendo só para o tráfico de drogas e o de armas. O setor faturou 4 bilhões de dólares em 2006. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional catalogou 918 bens roubados no Brasil, mas apenas 80 estão descritos no site da instituição.
Tsar: do russo tsar, imperador, do russo antigo tsirari, imperador, mas aparentado com o godo kaisar e o alemão Kaiser, provavelmente adaptações do latim caesar, de Caesar, César, nome próprio, designação concedida aos 11 primeiros imperadores romanos que sucederam a Caio Júlio César (100- 44 a.C.). Tinha sido sobrenome da gens Júlia, antigo grupo familiar ao qual pertencia o grande estadista, general e escritor. Tsar, que se escreve também tzar e czar, foi o título oficial do soberano da Rússia desde o século XVI, tendo começado com a proclamação, em 1547, daquele que alimentava seus ursos com criancinhas, segundo narrativas não de todo lendárias, e que se chamava Ivan IV (1530- 1584), tendo ficado conhecido como Ivan, o Terrível. A partir de 1721, passou a ser a denominação oficial do imperador. Já tinha sido na Idade Média título usado por soberanos búlgaros e sérvios. Na língua portuguesa, mesmo não existindo mais tsar desde a Revolução Russa de 1917, passou a ser usado como indicador de pessoa que tem grande autoridade no âmbito em que atua. O ministro Delfim Netto (79) foi chamado o "tsar da economia", na década de 1970, quando, servindo ao governo do general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), anunciou que o Brasil crescia à média de 10% ao ano. Crescia, mas não tanto. Depois o índice foi revisto e diminuído, porque tinha sido inchado pelo autocrático ministro.
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