Na cidade italiana, berço de seus antepassados, a arquiteta revela seus planos
Na Itália, quando você quer uma obra feita de maneira duradoura, e principalmente, no prazo, é aos moradores de Bergamo que recorre. Ao longo dos séculos, a cidade se tornou notória pelos habilidosos pedreiros e engenheiros, também famosos pelo alto comprometimento com o trabalho. Ao ouvir a história, Jóia Bergamo (52) se surpreende. “Não sabia, ouvir isso me deixa ainda mais feliz”, diz a arquiteta. “Também tenho personalidade de garra e dedicação ao trabalho. E, obviamente, a construção também está no meu sangue de alguma maneira”, acrescenta. Para Jóia, a cidade tem significado especial. Além de estar em seu sobrenome, foi ali que seu avô paterno nasceu e cresceu, até emigrar para o Brasil. “É uma volta às origens. É a segunda vez que venho a Bergamo”, diz. O retorno ocorre em momento especial na vida da elegante arquiteta mineira de São Sebastião do Paraíso radicada em São Paulo. “Vivo nova fase, me reinventando”, diz ela, que, no início do ano terminou um namoro e promete surpreender na Casa Cor 2013. “É um projeto diferente de tudo o que já fiz”, avisa Jóia.
– Como você se sente voltando a Bergamo, terra dos seus antepassados?
– Sou descendente de italianos. Meu avô paterno é daqui de Bergamo. Meu avô materno, de Rovigo. Já minha avó materna é de Veneza. Adoro a Itália e sempre me sinto muito à vontade quando estou aqui. Mas Bergamo é especial, tudo me parece familiar, a comida, as pessoas, os lugares... É uma volta às minhas origens. Tenho um sentimento de grande amor por essa cidade.
– O que você destacaria aqui?
– O romantismo. A Itália e os italianos são românticos, mas Bergamo e sua ‘parte alta’ são especialmente românticas. A arquitetura com construções de mais de 800 anos, as ruas estreitas, os castelos e catedrais históricas... E, de maneira geral, muitas cidades italianas são tomadas por turistas do mundo todo, mas aqui há um clima mais tranquilo, com menos visitantes, você pode aproveitar melhor de tudo.
– Por falar em amor, você saiu recentemente de um relacionamento. Como tem sido a experiência como solteira de novo?
– Estou solteira e tranquila. Acredito que quem procura não acha. Isso acontece naturalmente. E estou superbem resolvida. É um momento novo, estou em uma nova fase. Estou me reinventando, me redescobrindo. Mesmo profissionalmente é uma nova fase. Na Casa Cor, que começa dia 28 de maio, no Jockey Club de São Paulo, vou apresentar um projeto bem diferente do que eu fazia. Será um estilo extremamente minimalista, extremamente novo, algo que nunca fiz.
– Mas os seus projetos são sempre grandiosos, é possível ser minimalista em trabalhos das dimensões dos quais você faz?
– É engraçado como se construiu um mito em torno disso. As pessoas acham que eu só gosto de ‘pegar’ grandes projetos. E não é assim que funciona para mim. Amo fazer projetos de apartamentos pequenininhos, de jovens casais, por exemplo. Adoro o desafio. É preciso ser mais inventivo em projetos com menos espaço. O prazer de fazer um projeto de 40m² ou um de 4000m² é o mesmo. O que me move é a alegria ao ver as pessoas felizes com o resultado. Uma das maiores recompensas que um arquiteto pode ter na carreira é ajudar as pessoas a concretizarem os seus sonhos.
– Mas há arquitetos renomados que nem mesmo recebem os clientes. Não raro, trata-se apenas com os assistentes deles...
– Sim, isso acontece em alguns casos. Mas eu gostaria de desmistificar isso. O fato de o arquiteto estar nas páginas de uma revista ou na TV, por exemplo, não o torna inacessível. Eu não sou inacessível. Tenho uma equipe incrível que colabora comigo e é muito presente. Mas nisso sou bem italiana. É olho no olho, eu converso com o cliente, apresento e mostro. Tudo passa por mim. E, no final, somos uma empresa familiar, minhas duas filhas também trabalham comigo. A Cibelle é mais ‘artística’ e está se saindo muito bem administrando as obras, ela tem um lado artístico muito forte e um olhar apurado. Já a Priscilla cuida da parte financeira, toca a parte mais burocrática da nossa empresa. Já o Giancarlo, que é o meu filho, preferiu trabalhar no mercado financeiro. Mas todos na família temos em comum essa paixão pelo que fazemos. Como os nossos antepassados italianos.