No último dia 11, comemorou-se o Dia Mundial da Doença de Parkinson. O objetivo foi alertar para os sintomas que a caracterizam e a importância de ser identificada e tratada logo no início. Parkinson deve seu nome ao médico inglês James Parkinson (1755-1828), que a descreveu em 1817. As estatísticas mostram a ocorrência de um caso em cada grupo de 500 a 1000 pessoas. Os órgãos de saúde, de outro lado, estimam que haja 5 milhões de portadores no mundo, sendo 200000 no Brasil.
Parkinson é uma doença degenerativa crônica e progressiva do sistema nervoso central. Uma pequena parte dos casos é herdada geneticamente. Mas em geral ela resulta de uma combinação de genética com problemas ambientais, como a exposição a pesticidas e a outros agentes tóxicos. As manifestações neurológicas decorrem da morte de células sobretudo na área cerebral chamada “substância negra”. Ela é importante porque produz o neurotransmissor dopamina, que participa da comunicação entre as células cerebrais (neurônios) em especial em circuitos que controlam os movimentos.
Parkinson pode manifestar-se em homens e mulheres a partir dos 40 anos. Ocorre mais, porém, depois dos 45, 50 anos de idade. Quando surge antes dos 40 anos, aliás, é chamada “doença de Parkinson precoce”. O início é marcado pelo surgimento de tremor, lentidão e rigidez apenas em um lado do corpo. Ao longo do tempo, essas alterações passam a afetar o corpo todo e vão aparecendo dificuldades para andar e falar. Outro sintoma é a perda da expressão facial, em que o olhar se torna fixo e o doente pisca pouco. Em geral é o tremor que o leva ao médico.
Mas nos últimos 20 anos descobriu-se que os portadores têm uma diminuição também na produção de outros neurotransmissores, o que leva a depressão; perda do olfato; diminuição da capacidade intelectual; alterações do sono; desregulação da pressão arterial para baixo; obstipação intestinal; alterações urinárias, como urgência miccional e necessidade de ir à toalete várias vezes seguidas; e disfunções sexuais, entre elas dificuldade de ereção. Hoje se sabe que esses sintomas, em especial a obstipação intestinal e a perda do olfato, podem ser também um prenúncio da doença.
Se o doente não consulta um médico, não é feito o diagnóstico e ele não se trata, as consequências são perda progressiva da qualidade de vida. Em cinco a seis anos, já apresenta uma incapacidade importante, muitas vezes precisando afastar-se de suas atividades, do trabalho e do convívio social. Em fases avançadas, pode ter a mobilidade muito restringida, ficando fisicamente dependente. A evolução, porém, varia muito de caso para caso.
Pessoas com sintomas suspeitos de Parkinson devem ser levadas a um médico, que as encaminhará a um neurologista. Quem não tem seguro-saúde pode consultar um desses profissionais no Posto de Saúde mais próximo de sua casa. O diagnóstico é clínico. É fundamental, claro, descartar outras moléstias, como o chamado “tremor essencial”, que, ao contrário de Parkinson, geralmente acomete os dois lados do corpo.
O tratamento é feito com medicamentos que aumentam os níveis de dopamina no cérebro, mas infelizmente ainda não evitam a progressão da doença. Por isso é muito importante que os doentes que não tiverem contraindicações pratiquem atividades físicas regularmente, que melhoram a capacidade de se movimentar e, como mostram as pesquisas, também influenciam positivamente na evolução da moléstia. Em cerca de 10% dos casos em que, a longo prazo, os doentes apresentam efeitos colaterais graves dos medicamentos, pode-se, por meio de cirurgia, implantar no cérebro um estimulador para corrigir o circuito que se encontra alterado.