Lado negro, lado bom.
Depois de um verão tomado pelo universo sensual do mar com sereias e surfistas representados pelas curvas das saias peplum e por suaves tons pastel, o designer da Givenchy, o italiano Riccardo Tisci, aposta em dias frios bem mais austeros. Influenciado pelo trabalho do revolucionário fotógrafo de moda francês Guy Bourdin, conhecido por suas imagens fortes, que misturam sensualidade e surrealismo, o designer aposta na alfaiataria masculina para desconstruir o que se espera do clássico visual feminino. Nada por aqui é convencional, mas tudo parece estar no lugar certo. As calças ganham releituras de peças de montaria com volumes controlados nos quadris — graças à fluidez do cetim — usadas tanto com blazers encurtados quanto com camisas de mangas amplas tipo quimono. Materiais pesados se contrastam com tecidos leves, tons neutros ganham toques de vermelho e um conceito de beleza cheio de elementos góticos traz novas possibilidades para a estética dark. Valem também looks totalmente compostos por peças de couro que se mostram fortes referências para resumir o clima da coleção. Recortes precisos valorizam a silhueta nos casacos e as cinturinhas marcadas destacam as modelagens próximas ao corpo. Essa atmosfera delicada também pode surpreender nos detalhes de renda aplicados sobre vestidos prontos para festa ou ainda nos lenços com jeitão de gravataria amarrados no pescoço. Eis aí uma boa alternativa para substituir os maxicolares. Poderosas botas no melhor estilo selaria fetiche estão por toda parte e fecham a ideia nada convencional de como unir temas tão conhecidos fugindo de qualquer clichê.