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Homens e mulheres não podem esquecer que são capazes de amar

por <b>Alberto Lima</b>* Publicado em 04/08/2009, às 13h56

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Precisamos de uma medida urgente: Roberto Carlos (68) e/ou Tom Jobim (19271994) "na veia", pelo amor de Deus! É indispensável renovarmos, resgatarmos a capacidade amorosa de que somos todos possuidores, mas que, por não ser trazida à consciência ou exercida com assiduidade, está arriscada a se atrofiar, ou a manifestar sua face mais terrível. No campo amoroso, as últimas décadas têm sido marcadas pelo medo e seu expediente defensivo predileto: o controle. Sob essas circunstâncias, o amor fica impedido de cumprir seus desígnios: capacitar as pessoas para os relacionamentos; abrir seus corações para o novo, a diversidade, a experiência; torná-las corajosas, capazes de correr riscos, confiantes; capacitá-las para a preservação do bom, do íntegro, do evolutivo; lembrá-las de que são potentes; preenchê-las de boa vontade e otimismo para lidar bem com conflitos; torná-las respeitosas para com o outro; deixá-las plenas de alegria e brilho no olhar; revelar sua fragilidade e, graças a isso, evidenciar sua imensa força; afrouxar as travas e as defesas habituais, deixando-as disponíveis, afáveis; capacitá-las para o relacionamento em todos os planos; dissolver sua rigidez e promover sua flexibilidade; aquecê-las; conferir-lhes dignidade, ética, urbanidade; sensualizá-las; despertar-lhes os sentidos e os sentimentos; revolucionar seus costumes e valores, transformando-os em atributos mais humanos, justos, inteligentes. Deixei para o final da lista a inteligência, no intento de evidenciar que só o amor é capaz de suscitar nas pessoas um tipo de inteligência rara hoje: a inteligência relacional, modalidade ética de Eros, em que o outro é visto como igual. Com ela, preserva-se a noção de simetria cooperadora e democrática. Essa posição contrasta com a inteligência cognitiva, cortical, mais valorizada numa sociedade competitiva como a nossa, que promove o poder, em especial no universo do trabalho. Embora útil, esse conceito de inteligência perde eficácia quando se quer aplicá-lo ao campo relacional, amoroso. Sejamos inteligentes relacionalmente, pois. Custa algum esforço, porque requer mudança de hábitos e valores, mas é viável e certamente contribuirá para a transformação da cultura. As produções assinadas pelo Rei e por Tom discorrem sobre o exercício amoroso, sobre a comunicação no âmbito do amor e, o que talvez seja mais importante numa época tensa como a nossa, sobre o amor possível. Por que deveria um parceiro dizer ao outro "Ai de você se inventar de chegar depois da quarta-feira", se ele pode dizer "Meu amanhecer é lindo, se você comigo está!" O que quer uma pessoa quando diz ao seu amor que não aguenta mais cobranças, quando pode declarar "Eu sou apenas um pobre amador, apaixonado, um aprendiz do seu amor". Faz enorme diferença grifar o bom, em lugar de enfatizar o ruim, afirmar algo a respeito de si mesmo, em vez de apontar ao outro o dedo em riste, com queixas, acusações e ameaças! Convoco o leitor a assumir a mais revolucionária das posições: a amorosa. Somos todos responsáveis pelo presente que construímos e pelo futuro que se plantará sobre ele. Somos pais e mães, parceiros amorosos, participantes das ações que movem o mundo. Somos multiplicadores. Podemos escolher o que queremos ver amplificado no mundo.