Veterana no show business, a cantora cubana Gloria Estefan conta, com exclusividade à CARAS Online, que não conseguiria suportar a pressão dos jurados em atrações como American Idol e The Voice
São mais de 30 anos de carreira que dão toda a credibilidade à cantora Gloria Estefan (54) para falar sobre o mercado de entretenimento internacional. Ela não esqueceu da sua origem humilde, ligada à participação em grupos que cantavam Beatles e Rollings Stones, entre os anos 1970 e 1980, para dizer que adora programas que abrem as portas para a música na televisão norte-america. Nesse grupo, em especial atrações como American Idol, The Voice e Glee, a série sensação entre os adolescentes dos Estados Unidos e ao redor do mundo também.
"Eu realmente admiro as pessoas que se jogam em toda essa pressão. Eu não sei se eu conseguiria fazer isso, suportar as críticas dos jurados e todo esse estresse", diz ela em entrevista exclusiva à CARAS Online. Sobre Glee, a cantora contou que está ansiosa para ver o resultado de sua participação no programa – ela viverá a mãe da personagem Santana, vivida por Naya Rivera. “Espero que seja uma oportunidade de fazer uma música com ela. Ela tem um talento sensacional”, diz. Para quem não sabe, Santana é uma jovem lésbica e, na entrevista, Gloria revelou sua posição sobre um tema polêmico nos Estados Unidos e no restante do mundo, o casamento gay.
A cantora, a primeira mulher a figurar na lista dos latinos mais escutados dos Estados Unidos, com Hotel Nacional, também revelou como aprendeu a tocar violão com a avó, quando ainda era criança, falou sobre a saída de Cuba – de onde sua família teve de se mudar, por conta do regime ditatorial implantado por Fidel Castro na ilha, nos anos 1960.
Ela também falou sobre o momento atual, seu mais recente lançamento, um trabalho voltado à disco music, produzido ao lado de Pharrell Williams e Chad Hugo, do grupo The Neptunes, e relembrou a parceria ao lado do cantor brasileiro Alexandre Pires, de 1999 – quando gravou o single Santo, Santo. “Eu amei gravar com Alexandre. Eu acredito que cada tempo que você passa trabalhando com outro artista gera um novo ‘bebê musical’, com genes de cada um dos lados. Essas parcerias é que fortalecem a existência de cada artista”, diz.
Confira a entrevista abaixo:
- No seu currículo, tem uma lista de várias participações em programas na TV. Entre elas, você será a mãe da personagem Santana, no seriado Glee. Como você vê esse tipo de programa enquanto oportunidade para cantores? Há condições de um Michael Jackson ou uma Gloria Estefan sair do Glee?
- Glee é uma série musical e me deixa muito feliz de ver esse tipo de programa na televisão, porque isso apresenta novas gerações para músicas realmente sensacionais, além de oferecer novas oportunidades para jovens talentos brilhar. Você precisa ter a habilidade de cantar, atuar e dançar, que era o que acontecia na indústria de entretenimento antes do surgimento das estrelas de rock. Fico muito feliz de ver tantos programas que, em meu ver, neste momento, são as melhores formas de expor o talento musical. No Glee, vou participar como a mãe de Santana, que é vivida por Naya Rivera - uma adolescente que acaba de assumir para a família e amigos de escolas que é lésbica. Espero que seja uma oportunidade de fazer uma música com ela. Ela tem um talento sensacional.
- Qual seu posicionamento em relação ao casamento gay?
Eu acredito que todo adulto deveria ter o direito de casar, legalmente, com outro adulto, se ele deseja fazer. Nós não devemos impedir que as pessoas do mesmo sexo entrem em parcerias de negócios jurídicos ou contratos. O casamento é um contrato legal entre duas pessoas. Eu, pessoalmente, não acredito que o sexo da pessoa devesse se constituir em um problema.
- Você assiste a programas que revelam novos talentos musicais, como X-Factor e American Idol?
- Tenho assistido American Idol por muitas temporadas e eu amo The Voice também. É interessante notar que a minha capacidade de me impressionar com os talentos dos participantes desse tipo de programa é insaciável. Nosso mundo está cada vez mais aceitando esses novos talentos e a tendência natural é que esses programas cresçam ainda mais. Eu realmente admiro as pessoas que se jogam em toda essa pressão, nas críticas dos jurados o estresse. Eu não sei se eu conseguiria fazer isso.
- Como você mede o impacto de ter gravado "Reach"/"Puedes Llegar" como tema das Olimpíadas de Atlanta, na sua carreira?
- Quando eles me convidaram a escrever uma canção para os Jogos Olímpicos, eu fiquei bastante nervosa, até porque até então o meu estilo musical não contemplava algo naquela escala global. É óbvio que eu fiquei extremamente honrada de ser levada em consideração, mas convenhamos que aquilo era uma grande pressão. Eu estava escrevendo o álbum "Destiny", a minha amiga Diane Warren, que é uma escritora fabulosa, estava em Miami, na minha casa, ajudando em algumas músicas. Ela estava muito animada com essa possibilidade de fazermos algo para as Olimpíadas. Sentamos no chão de casa, com meu violão e eu disse para ela que gostaria de escrever algo real, que todo mundo pudesse cantar acompanhado do seu violão, sem a necessidade de uma orquestra ou outros instrumentos. Eu comecei a pensar sobre o que faz esses atletas deixar seus corpos na melhor forma possível e competir mundialmente. Não teve como não fazer uma relação imediata com o acidente que eu sofri, a sensação de imobilidade que eu tive e, consequentemente, com a retomada da minha carreira e da minha vida. Depois disso, escrevemos a música em 20 minutos.
- Em "Reach"/"Puedes Llegar", você canta uma história de persistência. Qual o sonho que você ainda não alcançou?
- Com certeza, eu vivi coisas que estão muito distante de qualquer sonho que tive para mim ou para minha família. Eu me sinto abençoada, grata e muito completa por ter conseguido ter uma vida na qual eu faço aquilo que eu mais amo, que é criar músicas que podem tocar os outros, da mesma maneira que a música tocou a mim mesma. Conscientemente, eu não posso pedir mais. No entanto, um sonho que eu ainda espero realizar é que seria muito lindo conseguir conquistar a experiência de cantar na minha terra natal, para um povo cubano livre.
- Você tem uma ligação muito forte com a luta contra o regime castrista em Cuba. Por que você acha que essa deve ser uma luta sua? Você enxerga alguma mudança positiva em médio prazo?
- O que precisa ser dito é que eu tenho essa conexão com Cuba porque eu sou exilada. Eu sinto a responsabilidade de falar contrariamente sobre o que eu considero abuso dos direitos humanos na minha terra natal. As pessoas de Cuba não podem viajar livremente para fora do país, não podem eleger seus líderes. Com certeza, eles escolheriam afastar a família Castro do poder. Eu, realmente, não acho que quando falo sobre as injustiças que são cometidas lá esteja lutando contra o regime, uma vez que as únicas pessoas que realmente têm poder lá são os irmãos Castro (Fidel e Raul). Apenas eles podem fazer coisas para melhorar a vida dos cubanos. No entanto, é importante tentar contrabalancear a desinformação que o governo cubano transmite ao mundo sobre o estado das pessoas. Cuba não admite as injustiças que sua população sofre nas mãos do regime.
- Em 1999, você gravou um single com o cantor brasileiro Alexandre Pires, que ainda era vocalista do grupo Só Pra Contrariar, com quem filmou um videoclipe. Com qual artista brasileiro você espera fazer outra parceria?
- Eu amei gravar “Santo, Santo” com Alexandre Pires. Eu acredito que cada tempo que você passa trabalhando com outro artista gera um novo ‘bebê musical’, com genes de cada um dos lados. Essas parcerias são que fortalecem a existência de cada artista. Eu amo a música brasileira e estou realmente aberta a todas as possibilidades de trabalho em conjunto com diferentes pessoas.