Gisella e Ricardo Amaral: o amor cúmplice das majestades da noite
Casada há 45 anos com o empresário, ela fala das mudanças na vida para apoiar o marido, que foi dono de um império de casas noturnas
Redação Publicado em 09/01/2011, às 22h17 - Atualizado em 16/01/2011, às 16h51
Dono de um império de casas noturnas que se estendeu pelos anos 70, 80 e 90 em São Paulo e Rio, além de Nova York e Paris, e incluiu a famosa Hippopotamus, Ricardo Amaral (69) foi coroado com o título de Rei da Noite. Mas nunca esteve sozinho no poder. O alicerce para seu empreendedorismo foi a mulher, Gisella Amaral (70), com quem está casado há 45 anos. De personalidades muito diferentes, eles superaram as desavenças dos primeiros encontros para viver uma grande história de amor. "Amaral chocou o Rio quando chegou à cidade vindo de São Paulo. Eu não falava palavrão e ele era o maior boca suja que já se viu. Sempre fui muito certinha. Fazia passeatas religiosas contra o presidente João Goulart, e ele o apoiava. Começamos discutindo loucamente e nos apaixonamos. O namoro não completou dois anos. Casamos em 31 de julho de 1965", conta Gisella, também a principal incentivadora do último projeto dele, o livro Ricardo Amaral Apresenta: Vaudeville - Memórias, em que o empresário relembra sua trajetória na noite. "Ele é divertido, fórmula fantástica para ser bom contador de histórias. Aonde vai, a voz que se ouve é a dele. Realmente é um show", derrete-se ela.
- Como foi conciliar a união com o trabalho do seu marido?
- Quando nos casamos, ele era jornalista, mas pouco depois percebeu que não dava mais. Era a época da ditadura. Então, começou a abrir casas noturnas. Amaral sempre adorou a noite. Para acompanhá-lo nas festas e não dar uma de mulher chata, inventei uma técnica que me fazia ir até as seis da manhã. Em algum momento, dormia uns 40 minutos no banheiro e ficava linda. Mas quando começou esse esquema pesado do trabalho, não o acompanhava, mas também não fechava os olhos enquanto ele não voltasse para casa. Me exercitava, lia, cumpria os meus compromissos naquele horário. Aprendi a não dormir.
Amaral - Gisella não era boêmia, mas logo se transformou. Porém, quando me envolvi mais com a noite, nossos filhos, Rick e Bernardo (pai das netas deles Maria Júlia, Mariana e Maria Fernanda), eram pequenos e ela se dedicou muito aos meninos.
Gisella - Mesmo se dormisse tarde, às oito eu os levava às aulas de judô, equitação e ao colégio. Sempre que precisaram de mim, estava lá. Quando Amaral abriu a Hippo de São Paulo, fiquei sem dormir aos sábados por cinco anos. Ia para lá, ficava com ele até o fim da noite, o deitava na cama, como sempre fiz, pegava a mala e voltava ao Rio para acordar as crianças.
- Nunca teve ciúmes dele?
- Não. Amaral faz gracinhas com todas as meninas, elogia muito, até Brooke Shields dava beijinhos nele... Minhas amigas sabiam que não era ciumenta, mas os outros viviam me consolando.
- Gisella, o que destacaria nesses 45 anos de casamento?
- A dedicação e o amor do meu marido quando tive câncer de mama. Ele, que era grisalho, ficou com a cabeça branca em uma semana. Largou a noite e disse que não era feliz porque a mulher estava doente. É o ar que respiro, meu sol. Como sou nove meses mais velha, brincava com minha sogra dizendo que no dia em que nasci ela o fez para mim.
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