Jô Soares recebe Gilberto Gil em seu programa e conversa sobre morte, Preta Gil e cultura
O cantor Gilberto Gil (70) é o convidado do Jô Soares (74) para uma entrevista de quatro blocos que será exibida no Programa do Jô na noite de sexta-feira, 7. Durante o bate-papo, o artista revelou que teme o momento em que a morte chegar. “Não tenho medo da morte, tenho medo de morrer. Afinal, a morte é depois, o morrer é o que está por vir”, disse ele, que até já escreveu uma música sobre este tema. “Certa vez, fiquei em frente do papel, em Sevilha, e me coloquei a questão do desaparecimento, de morrer. A música ‘Não Tenho Medo da Morte’ veio aí. Foi uma vez que escrevi tudo, mas muita gente não gosta do tema. Mas foi uma questão que eu senti necessidade de abordar”, declarou após cantar a música no palco.
Há mais de 10 anos sem ir à atração da Globo, o artista falou sobre os seus 70 anos de vida. “Fiz aniversário agora. Setenta anos. Outro dia encontrei um senhor com mais de 80 anos. E ele falou a idade e eu disse: ‘Calma, ainda vou te alcançar (risos)’. Vi o show da Bibi Ferreira, que está com noventinha e, nossa, impressionante, cantando, dominando o palco, e comemorando os 90 com turnê. É uma maravilha”, comentou.
Durante a conversa, Gil também relembrou a infância da filha Preta Gil(38), que segue os passos no pai na música. “A Preta, quando era criança, montava um palquinho e ficava cantando, fazendo performance, isso com 5 ou 6 anos. Ia dar no quê? Artista, não teve jeito, ela já tinha essa aptidão desde pequena”, contou ele, falando ainda da escolha do nome da herdeira. “Quando fui registrar a Preta, o escrivão perguntou o nome. Eu falei: ‘Preta Maria’. Ele, indignado: ‘Preta, mas como?’. ‘Preta, assim como os nomes Clara, Branca...(risos)’ O Brasil é um país democrático, eu escolho o nome que quiser”.
O artista contou para Jô a escolha de seu nome artístico. “Meu nome é Gilberto Passos Gil Moreira. No começo, eu era conhecido como Gilberto Moreira. Depois, me disseram que a combinação de letras dizia que o melhor era Gil. Mas já me chamavam anteriormente como Gil, por causa do meu pai. O meu filho, José, também está sendo chamado de Gil. Eu acho que Gil fica melhor”, disse.
O assunto sobre o incentivo à cultura também surgiu na conversa dos dois. “A cultura merecia verba maior, é evidente. Tentamos que fosse cumprir 1%. Nem isso conseguimos. Quando vi que tinha 0,2%, conseguimos 0,6%. Mas até hoje não chegamos a 1%. Sempre questiono a palavra cultura, de ela ser vista como algo europeu, caro, mas temos a cultura nesse Brasil que merece olhar e valorização, precisam de apoio. O 1% é o mínimo orientado pela Unesco. Em outros países, eles conseguem 4 a 6%”, afirmou ele, que já foi Ministro da Cultura por cerca de 5 anos.