Fotodinamicoterapia, uma nova alternativa no tratamento da acne
Patrícia Guedes Rittes (CRM 48444) Publicado em 10/05/2006, às 17h01 - Atualizado em 07/07/2010, às 18h13
Portadores de acne no país já contam com uma nova forma de tratamento: a fotodinamicoterapia com ácido aminolevulínico (ALA). A terapia, criada nos Estados Unidos e usada lá e em outros países faz alguns anos, consiste em aplicar o ácido nas áreas da doença e, uma hora depois, tratá-las com uma luz especial. A fotodinamicoterapia com ALA vem se mostrando eficaz no controle da acne. Com quatro seções de cerca de 15 minutos - mais ou menos uma por mês -, a pele da pessoa fica livre da moléstia.
O tratamento destina-se a todos os portadores. É indicado em especial aos que têm doenças hepáticas ou renais e não podem ingerir antibióticos nem outros medicamentos tradicionalmente empregados no combate à doença. Infelizmente, a fotodinamicoterapia não leva à cura definitiva da acne: em geral dois anos depois ela reaparece e é preciso repetir o tratamento. Outro inconveniente é que o ácido, hoje importado, é caro. Mas isso pode ser superado em breve, já que uma empresa deve passar a produzi-lo no Brasil.
A acne é uma doença de pele que se caracteriza pela inflamação da glândula sebácea e do folículo piloso (base do pêlo) existente junto dela. Só para se ter uma idéia da importância da moléstia, é a que mais leva as pessoas ao dermatologista. De 70% a 96% da população pode apresentá-la em algum período. Pesquisas recentes constataram que 40 milhões de adolescentes e 25 milhões de adultos americanos sofrem com a doença. Só um terço procura tratamento, o que envolve gastos de 4 bilhões de dólares anualmente.
Ela atinge igualmente homens e mulheres. Pode manifestar-se já a partir dos 4 anos de idade ou em qualquer outro período. É mais freqüente e mais intensa, porém, dos 14 aos 18 anos - nessa fase, vale destacar, 75% a 98% dos indivíduos costumam ser afetados. Ocorre em especial no rosto, peito e costas.
O mecanismo de formação da acne é este: o sebo da glândula é produzido mediante a ação do hormônio masculino testosterona, que está presente, claro, sobretudo no homem, mas, em menor quantidade, também na mulher. Pessoas que têm glândulas sebáceas normais, sob a ação da testosterona, produzem somente a quantidade necessária de sebo e não desenvolvem acne. Já a ação do hormônio masculino naquelas cujas glândulas sebáceas são maiores do que o normal leva à produção excessiva de sebo. Isso favorece a proliferação da bactéria Propionium bacterium acnes, presente na pele e que se alimenta do sebo. A conseqüência é a inflamação da glândulae/ou do folículo, ou seja, a formação da acne. Ela pode ficar oculta no interior da pele ou mostrar-se externamente, tornando-se visível.
A doença apresenta traços familiares, isto é, se alguém na família a tem, outras pessoas podem vir a desenvolvê-la. Ainda não existe comprovação de que alimentos como chocolate, frituras e amendoim favoreçam o surgimento da acne. Mas estudos americanos recentes constataram que a ingestão de leite bovino está ligada a seu desenvolvimento em meninas no período da puberdade. Outro fator relacionado à formação do fenômeno é o stress, pelo fato de intensificar a
produção de testosterona.
Grande parte das pessoas, felizmente, tem quadros simples de acne, ou seja, poucas e discretas inflamações. Mas uma minoria sofre muito com o problema. A pele de seu rosto, do peito e das costas se enche de feridas. Elas se acham feias, diminuídas. Sua auto-estima despenca. Abandonam o trabalho; se escondem de amigos, colegas, até de familiares. Isolam-se em casa, o que só faz aumentar-lhes o sofrimento. Tornam-se presas fáceis da depressão e, nas situações mais graves, em especial no caso de indivíduos psicologicamente mais frágeis, é frequënte tentarem o suicídio.
O ideal, naturalmente, é consultar um médico dermatologista logo que a moléstia se manifestar. Quanto mais cedo ela for diagnosticada e tratada, claro, maiores
as possibilidades de controle e até de cura.
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