por Deonísio da Silva* Publicado em 31/01/2011, às 19h08 - Atualizado em 01/02/2011, às 13h29
Adolescência: do latim adolescentia, palavra ligada ao étimo do verbo alere, alimentar, crescer. O mesmo étimo está presente na palavra alumnus, aluno. Na Idade Média, a adolescência ia dos 14 aos 28 anos. Na cultura judaica, a adolescência termina aos 12 anos para a menina e aos 13 para o menino. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente fixa a adolescência entre 12 e 18 anos incompletos. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), vai dos 10 aos 20.
Durar: do latim durare, ligado a durus, duro, rijo, mas, com o sentido de permanecer, vindo de dudum, outrora, um advérbio de tempo. Os governos democráticos duram o tempo fixado em lei. No Brasil, a presidência da República durava quatro anos e era proibida a reeleição. Mas, a partir de Ernesto Geisel (1907-1996), o mandato passou a ser de cinco anos. Depois voltou novamente a quatro. O jornalista Wilson Figueiredo (86), no artigo O Axioma do General e os Méritos de Cada Um, informou que o general do Golbery do Couto e Silva (1911- 1987) avisava que, após subir a rampa, o novo presidente corre o risco de achar que chegou até ali pelos próprios méritos, pelos de mais ninguém!
Falastrão: de fala, de falar, do latim fabulare, que por influência de calar virou falar, mais astrão (junção dos sufixos astra e ão). Ao contrário do taciturno, do latim taciturnus, calado, silencioso, que é introvertido, o falastrão é excessivamente extrovertido e fala demais. Por isso, não raro comete indiscrições e mente. Um dos mais famosos falastrões de todos os tempos foi o canadense George DuPre. Baseado em seus depoimentos, o jornalista e correspondente de guerra americano Quentin Reynolds (1902-1965) escreveu o livro O Homem que não Falou. Nele, DuPre dizia ter sido espião canadense entre as forças alemãs na II Guerra Mundial, mas não respondia a perguntas que pediam detalhes de suas ações. Atribuía tais silêncios a supostas torturas pelas quais tinha passado nas mãos dos nazistas. Descoberta a fraude, após o livro ter vendido milhões de exemplares, foi posta a palavra "ficção" na capa, e a obra continuou vendendo muito. Mas o editor confessou que o título deveria ser O Homem que Falou Demais.
Milenarismo: de milenar, calcado em milênio, do latim millennium, mil anos. Designa a crença segundo a qual o fim do mundo dar-se-ia no ano 1000. Leituras equivocadas do Apocalipse, feitas num contexto de guerra, fome, doenças e morte, levaram os cristãos a esperar o fim do mundo em 31 de dezembro de 999. Era papa o monge beneditino francês Gerbert d'Aurillac, como Silvestre II (950-1003), que, embora muito culto, não pôde evitar a histeria geral, apoiada em superstições.
Pacifismo: do latim pacis, caso genitivo de pax, paz, que forneceu o étimo para pacífico, pacato, apaziguador, pelo francês pacifisme, já designando doutrina que prega o fim de todas as guerras e a solução dos conflitos mediante entendimentos e arbitragens internacionais. Seu maior defensor foi o político pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948). Indicado cinco vezes ao Prêmio Nobel da Paz, ele perdeu todas. Defendendo a desobediência civil, usou como lema a expressão Satyagraha, do sânscrito satya, verdade, e agraha, força.
Rampa: do étimo germânico hramp, designando algo inclinado, pelo frâncico hrampôn e daí ao francês rampe, declive, do verbo ramper, rebaixar, tendo também o sentido de humilhar-se. No Brasil, a rampa mais famosa é a do Palácio do Planalto, por onde subiram e desceram os generais que governaram o Brasil de 1964 a 1990, quando Fernando Collor de Mello (61), hoje senador, subiu a mesma rampa como presidente ungido nas primeiras eleições diretas da Nova República. Ele substituía o último eleito em eleições indiretas, José Sarney (80), atual presidente do Senado, que por sua vez substituíra o último presidente do ciclo militar, João Figueiredo (1918-1999). Nenhum dos citados tentou a reeleição. O primeiro a fazer isso foi Fernando Henrique Cardoso (79), que sucedeu a Itamar Franco (80), vice, empossado presidente pelo impedimento do titular, Collor, que descera a rampa cassado pelo Congresso. Luiz Inácio Lula da Silva (65), eleito em 2002, foi reeleito em 2006. Desceu a rampa dia 1o de janeiro deste ano, escalada no mesmo dia pela sucessora, Dilma Rousseff (63).
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