por Deonísio da Silva* Publicado em 22/02/2010, às 15h42 - Atualizado às 15h42
Descendência: de descender, do latim descendere, descer, derivar, em oposição a ascendere, elevar-se, com aproveitamento do étimo descend, mais ência. A mãe explica à filha: "Deus criou Adão e Eva, eles tiveram filhos, seus filhos tiveram filhos e assim se formou a sua descendência, até chegar a nós". A menina retruca: "O papai disse que o homem evoluiu do macaco". A mãe conclui, de forma definitiva: "Eu te falei da minha família e o papai falou da dele, minha filha".
Iluminar: do latim illuminare, iluminar, esclarecer, verbo formado a partir de lumen, claridade produzida por fogo, trazido em candeeiro, archote, tocha. O étimo remoto é lux, luz, já que uma das primeiras funções do fogo foi combater a escuridão, iluminando o dia, como faz o Sol, ou a noite, como faz a Lua. Outros astros que brilhavam no céu noturno pareceram aos primeiros homens, desde quando os contemplaram pela primeira vez, que semelhavam luz nas trevas, isto é, tinham também a função de iluminar o caminho, de orientar. Iluminar é título de CD do padre Fábio de Melo (39), que só deste vendeu 264000 cópias.
Nacionalidade: de nacional, mais "i", acrescido do sufixo (i)dade, tão comum na formação de palavras, com influência do francês nationalité. O poeta alemão August Wilhelm von Schlegel (1767-1845), que escrevia também em francês, foi um dos primeiros a registrá-lo, no ensaio Comparaison entre la Phèdre de Racine et celle d'Euripide (Comparação entre a Fedra de Racine e a de Eurípides), texto muito lido em toda a Europa, representando um duro ataque da escola romântica ao classicismo francês. Nacionalidade designa o conjunto de caracteres que define alguém como pertencente a uma nação: geografia, história, língua, costumes. Sempre se disse que Deus é brasileiro. Baseado no dito, assim escreveu Eduardo Correia de Matos (61) em seu blogue: "Não só no futebol, ou no 'berço esplêndido', mas também na política, ao longo de toda a sua vida o Brasil teve sempre (ou quase) o chefe de governo certo para cada momento histórico, foi assim no tempo do Império como no da República. Tudo como se se tratasse de uma grande peça de teatro em que cada actor surge no tempo exacto para cumprir um determinado papel e depois sai de cena". E acrescentou: "Por isso não estou preocupado com as eleições presidenciais, porque é que iria correr mal desta vez? Salvo se Deus pedir a mudança de nacionalidade".
Pascoal: do latim eclesiástico paschale, pascoal ou pascal, relativo à Páscoa, festa cristã inspirada no hebraico Pessach, passagem, do inverno à primavera, designando celebração de pastores nômades ainda antes de Moisés (século XIII a.C.) utilizar o vocábulo para designar a saída dos hebreus do Egito, acompanhados de outros povos que a eles se juntaram, totalizando cerca de 600000 pessoas. A Igreja aproveitou a efeméride para festejar a ressurreição de Jesus, no Sábado de Aleluia. A Páscoa não cai numa data fixa. De acordo com o ano litúrgico, ocorre no primeiro domingo depois da Lua cheia do equinócio de março, quando começa a primavera no Hemisfério Norte e o outono no Sul. E acontece uma semana após o Domingo de Ramos, que marca o fim da Quaresma, época de recolhimento e certas dietas imposto pela Igreja no período nos 40 dias, contados a partir da Quarta-feira-de-Cinzas. Pero Vaz de Caminha (1450-1500) contamos que o Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500, quarta-feira, à tarde, quando avistaram um monte alto, "ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!".
Quarentena: de origem controversa, pode ter vindo do italiano quarantena, pelo francês quarantaine, designando período de 40 dias. A origem remota é o latim quadraginta, quarenta, que passou a ser dito quarainta e quarranta. Os navios dos mercadores de Veneza traziam riquezas de terras distantes, mas também moléstias. Por isso, no século XVII, o governo local passou a impor aos viajantes um isolamento de 40 dias, com o fim de evitar a disseminação de doenças contagiosas. O número nasceu de comparação com a Quaresma. Como outros números - sete, setenta, mil -, quarenta é um número simbólico e quarentena passou a designar período que vai de 24 horas, 48 horas ou 72 horas a meses ou anos. Foi o médico Achille Adrien Proust (1834-1903) quem consolidou a quarentena na França, depois de pesquisar as rotas do cólera na Rússia, na Turquia e na Pérsia.
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