Açoitar: de açoite ou açoute, do Árabe as-sawt, designando ato de castigar animais, familiares, escravos, trabalhadores e prisioneiros, utilizando paus, varas, azorragues, chicotes e outros instrumentos de castigo, como fizeram os soldados romanos, que usaram flagelos para açoitar Jesus (século I), o que foi explorado em imagens dramáticas e estarrecedoras pelo cineasta Mel Gibson (56) no filme A Paixão de Cristo, lançado na Semana Santa de 2004. Foi baseado nos relatos da freira Anna Katharina Emmerick (1774-1824), mística e vidente alemã. Costureira de ofício, ela teve misteriosas visões desde a infância e relatava aos pais passagens bíblicas que jamais lera ou ouvira. Adulta, passou a sofrer de estranhos ataques, provavelmente epilépticos, ainda antes de entrar para a clausura. E aos 28 anos era alimentada como criança, sugando o seio de ama levada ao convento especialmente para isso. Embora controverso, o filme foi muito bem recebido por autoridades religiosas, católicas ou protestantes, e alguns pastores chegaram a comprar cerca de 20000 ingressos de uma vez só, para distribuir aos fiéis.
Brasuca: de brasa, do Latim tardio brasa, étimo presente em pau-brasil, árvore que os índios conheciam por imbirapitá, imbirapitanga e variantes, palavras formadas do Tupi imbira, madeira, e pitanga, vermelho. Recebeu o nome científico de Caesalpinia echinata Lam., homenagem do biólogo francês Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) ao médico, filósofo, naturalista e botânico italiano Andrea Caesalpino (1519-1603). O nome da madeira está na origem de Brasil e de brasileiro. Brazuca e não brasuca é o nome da bola da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Predominou a grafia do Inglês Brazil e brazilian.
Flagelo: do Latim flagellum, diminutivo de flagrum, do verbo flagrare, flagrar, arder, queimar, do qual veio também flagrante, isto é, evidente, sendo seu autor ou autores surpreendidos ao praticá-lo. No Latim designava pequeno açoite de tiras de couro, com botões de osso ou de metal nas pontas, para abrir a carne do supliciado, fazendo-o sangrar. Quando os romanos conquistavam novas terras, o Latim se impunha e influenciava as línguas locais. Com o tempo, passou a designar também calamidades climáticas, econômicas, políticas, sociais, de que são exemplos secas, inundações, tempestades, fome, guerra, peste, epidemia, desordem social, desordem política.
Latinismo: de latino, do Latim latinus, referente ao Latium, Lácio, região onde ficava a sede do império romano. Designa influência do Latim sobre as línguas dos povos conquistados. Em Holandês, flagelo é vlegel; murus, muro, é muur; tegula, telha, é tegel; via strata, estrada, é straat. Em Alemão, estrada é Strasse, manteiga é Butter, do Latim butyrum. Os étimos latinos podem ser rastreados em numerosas palavras das línguas faladas nas regiões conquistadas, de onde depois se espalharam pelo mundo, mas os conceitos variam.
Tatu-bola: de tatu, do Tupi ta’tu, sem dentes, e bola, do Latim bulla, pelo Provençal bola, última escala da palavra antes de chegar ao Português. O tatu-bola, o menor de sua espécie, defende-se dos predadores enrolando-se dentro da carapaça, formando uma bola, daí o nome pelo qual é mais conhecido, pois ninguém vai dizer “olha lá um Tolypeutes tricintus”, seu nome científico. Mas enrolar-se não o defende do maior predador de todos, o homem. Será o mascote da Copa de 2014.
Variante: de variar, do latim variare, ligado a varius, pintado, com mais de uma cor. Variar é mudar e por isso designa o comportamento do louco também. Variante é a estrada que leva ao mesmo destino, as por outros caminhos. Variam os conceitos também nas palavras, como se depreende dos étimos. Route e rue, estrada e rua em Francês, vieram do latim rupta, caminho aberto na mata, picada. O Inglês street, o Alemão Strasse e o Italiano via, como veicolo, mostram claramente as raízes latinas dessas palavras, mas o Espanhol, mesmo sendo língua neolatina, diferencia a carretera, estrada, onde antes trafegavam as carretas, de carro, do Latim carrus, e ali hoje trafegam caminhões e automóveis, da calle, rua urbana. E carrus, carroça de quatro rodas, veio para Roma depois da invasão da Germânia, atual Alemanha, somando-se como meio de transporte à biga, do Latim biga, de bijugus, meio de transporte puxado por dois cavalos.