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Etimologia

Redação Publicado em 27/12/2011, às 11h53 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Bicharia: de bicha, do latim bestia, mais aria, sufixo comum em formações semelhantes, como em velharia. Designa reunião de bichos e tal agrupamento é conhecido também como bicharada. Dá título à primeira faixa de Os Saltimbancos, fábula musical adaptada por Chico Buarque de Hollanda (67) e inspirada no conto Os Músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm, como se tornaram conhecidos os pesquisadores alemães de contos de fada e fábulas Jacob Ludwig Grimm (1785-1863) e Wilhelm Karl Grimm (1786-1859). Alguns dos versos dizem que “o animal é tão bacana/ mas também não é nenhum banana” e que “era uma vez (e é ainda) certo país (e é ainda)/ onde os animais eram tratados como bestas (são ainda, são ainda)” e que lá “tinha um barão (tem ainda) espertalhão (tem ainda)/ nunca trabalhava e então achava a vida linda/ (e acha ainda, e acha ainda)”.

Felino: do latim felinus, ligado a feles, mas também com a variante felineus, aplicado, não apenas ao gato, mas também a outros animais domésticos. Com o tempo, cattus, gato selvagem, prevaleceu para denominar ainda na Roma antiga o gato doméstico. Há uma bonita autodefinição dos gatos em História de uma Gata, cantada por Nara Loffego Leão (1942-1989): “Nós, gatos, já nascemos pobres/ Porém, já nascemos livres/ Senhor, senhora ou senhorio;/ Felino, não reconhecerás.”

Jumento: do latim jumentum, da raiz jeug, designando qualquer animal de tração, submetido ao jugum, peça de madeira, com tiras de couro, atrelada principalmente a bois, cavalos e burros, para arar a terra, puxar carroças ou carros. O jumento está presente em diversas culturas e tem sido utilizado desde tempos imemoriais como animal doméstico para montaria e transporte de carga, sobre o lombo ou em carroças. Está presente no presépio e foi no lombo de um jumento que a Sagrada Família foi para o Egito, fugindo do rei Herodes I, o Grande (73-4 a.C.).

Malfeito: do latim malefactum, designando coisa mal executada, defeituosa, mas também peraltice de crianças, e ainda bruxaria, feitiço, neste último caso vinculados a estranhas superstições e ao poder maléfico das forças ocultas. Assim, o número 13 propicia o malfeito ou o mal a fazer. Se cair numa sexta-feira, o malfeito é duplamente anunciado. Não se baixavam decretos no dia 13 na Roma antiga. Hesíodo (século VIII a.C.) desaconselhava semear nesse dia. Na Última Ceia, 13 estão à mesa e Judas está com o saleiro entornado, outro indicador de malfeito porque o sal é sinal positivo, mas derramado é mau agouro. Os crimes de corrupção, entretanto, não podem ser designados como malfeitos, como faz a presidente Dilma Rousseff (64), pois não se devem a azares, superstições ou traquinagens infantis, mas representam malversação de verbas públicas, e as leis prescrevem rigorosas punições para tais desvios e não apenas a perda do cargo.

Silvestre: do latim silvestre, declinação de silvester, próprio da floresta, da mata, que é silva em latim. É também nome muito popular porque o calendário cristão homenageia São Silvestre (?-335) no último dia do ano. Foi papa de 314 até morrer e durante seu pontificado foi erguida a Basílica de São Pedro, em Roma, sobre o túmulo do apóstolo, e também a de São João de Latrão. O milionário jornalista Cásper Líbero (1889-1943), fundador de A Gazeta Esportiva, instituiu a famosa Corrida de São Silvestre, cuja primeira edição deu-se em 31 de dezembro de 1924.

Vencedor: de vencer, do latim vincere, cujo étimo está presente em invicto, invencível, convencer e convencido, entre outras palavras. Durante 34 anos nenhum brasileiro venceu a Corrida de São Silvestre, depois que ela foi aberta também a estrangeiros, mas em 1980 o pernambucano José João da Silva (56)  saiu-se vencedor, repetindo o feito em 1985. A corrida passou a ter participação feminina em 1975, mas o Brasil venceu nessa modalidade apenas em 1995, com Carmem de Oliveira (46). Até 1988, a corrida começava às 23h30, mas em 1989 o horário passou a vespertino. O maior vencedor de todos os tempos é o queniano Paul Tergat (42), pentacampeão: venceu todas, de 1995 a 2000, menos a de 1997. A portuguesa Rosa Maria Correia dos Santos Mota (53) tornou-se hexacampeã, vencendo a prova de 1981 a 1986.