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Etimologia

Redação Publicado em 07/05/2013, às 11h58 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Apitar: de apito, do castelhano pito, onomatopeia do assovio ou assobio, de assoviar ou assobiar, do Latim sibilare, também adsibilare e assibilare. Designa instrumento que se faz soar por meio de sopro, como o que vemos à boca de juízes de futebol, de basquete, de vôlei. Antes, porém, serviu na navegação para que o contramestre transmitisse ordens. A Marinha Britânica tem quatro toques principais: antes de uma ordem; para chamar a atenção de todos; para encerrar a prontidão; e um apito especial para homenagear Sua Majestade, a Rainha, e membros da família real (mas só se estiverem uniformizados), oficiais visitantes estrangeiros e oficiais com patente acima de capitão. No futebol, o apito é privativo do juiz titular; os auxiliares da arbitragem fazem sinais com a bandeirinha, daí ser chamados bandeirinhas.

Chapéu: do Latim vulgar capellus, pelo Francês chapeau, originalmente chapel, étimo ainda presente em chapelaria, chapeleiro, chapelete, chapeleta e chapelina, como também em capela, do Latim cappela, diminutivo de cappa, manto com que se cobria a cabeça e que mudou de significado (para igreja muito pequena) quando foi erigido um oratório que guarda o manto rasgado de São Martinho de Tours (316-397), que teria dado um pedaço dele a um pobre. O chapéu, outrora item indispensável da indumentária masculina, tem sido tachado com pesados impostos. Entre 1784 e 1811, o governo britânico exigia que os chapéus masculinos trouxessem um selo de tributação, colado no interior. A sonegação era punida com a morte, em casos extremos. Não é de se tirar o chapéu para leis tão desumanas.

Escotilha: de origem controversa, provavelmente do Francês écoutille, talvez vinculado a écouter, escutar. Uma de suas funções era ouvir o que se dizia embaixo. Em Inglês é scutte, do mesmo étimo de scutllebutt, fofoca, mexerico, porque os marinheiros se reuniam ao redor dela para falar da vida alheia. Designa abertura de tamanho médio ou pequeno, feita em qualquer pavimento da embarcação, para trânsito de passageiros e serviçais, e para iluminação e ventilação.

Imposto: do Latim impositus, do verbo imponere, impor, este já derivado de ponere, pôr. Designa contribuição forçada, imposta pelo Estado, havendo sutis variações entre imposto, taxa, tributo, contribuição etc., todas porém saindo do bolso do cidadão, também designado por contribuinte. O imposto já causou revoluções sangrentas, mas também incidentes divertidos. É lendário o episódio em que Lady Godiva (século XI), intercedendo ao esposo, o conde Leofric de Chester (século XI), para que diminuísse os impostos, atravessou Conventry de um extremo a outro, nua sobre um cavalo, pois o marido lhe impusera essa condição. Ela pediu ao povo que não viesse às janelas, mas um velhinho disse que iria: “Faz muito tempo que não vejo um cavalo”. No Reino Unido, já houve impostos da Luva, do Almanaque, do Pó de Cabelo e do Perfume.

Janela: do Latim vulgar januella, diminutivo de janua, porta. A abertura na parede destina-se à ventilação e à visibilidade exterior. Os primeiros automóveis não tiveram janelas e às vezes nem portas, mas hoje elas são comuns até em trens e aviões. As janelas já foram tachadas com pesados impostos no Reino Unido. Veio daí a prática de murá-las, quando, então, foram nomeados inspetores para verificar se nenhuma delas tinha sido furada.

Sambaqui: do tupi sa’mba ou ta’mba, concha, e qui, amontoado. Designa depósito de conchas e cascas de ostras nas costas do mar ou de lagos e rios, onde, por vezes, se encontram ossos humanos e objetos do período pré-histórico. Apesar de se ter consolidado a pronúncia oxítona, Francisco da Silveira Bueno (1898-1989), catedrático de Filologia Portuguesa da USP, defendeu a pronúncia paroxítona “sambáqui” e assim a indexou em seu Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa: “Sambáqui: ignorantes assim pronunciaram (sambaqui), pensando que a palavra fosse francesa.” Sambaqui dá título ao romance da catarinense Urda Alice Klueger (60), em que se lê: “Por dois dias, Jogu trabalhou as delicadas conchas, polindo suas arestas e depois suas costas, até que ali se abrisse um orifício; por ele pretendia passar um fino fio de embira.”